Não se pode pensar numa lei que alcance o passado.

Nós precisamos conciliar a preservação do meio ambiente, que é fundamental, com o progresso e o desenvolvimento. A lei é editada para reger o futuro, não para alcançar o passado. Precisamos distinguir a terra bruta da terra explorada. Quando se fala em terra explorada, temos que nos pautar sobre a legislação da época. Nós não podemos viver, se quisermos o progresso e o desenvolvimento, como sobressaltos e solavancos. A evolução, o aperfeiçoamento, são necessários, mas a primeira condição da segurança jurídica é essa de se respeitas as situações consolidadas. Não se pode pensar numa lei que alcance o passado.

Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, na revista Dinheiro Rural de novembro passado.

Em tempo, apesar da opinião do ministro a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e de outros tribunais inferiores aponta no sentido contrário, o de que não "existe direito adquirido contra o meio ambiente". Essa jurisprudência tem se consolidado no direito ambiental e vem sendo usada por alguns juízes e pelo ministério público para tocar o terror no meio rural. Muitos proprietários que foram instados a desmatar 50% de suas propriedades vêm sendo obrigados a recompor parte de suas fazendas como exige a lei posterior.

Os salvadores do meio ambiente são tão seguros da nobreza de sua luta que não hesitam em subverter cânones da democracia, como a princípio na não retroatividade das leis, ou a prerrogativa do legislativo legislar. O código florestal vigente hoje é uma medida provisória, uma "lei do executivo” que, apesar de provisória, não tem data para ser votada e pode viger ad infinitum.

Comentários

Luiz Prado disse…
Tenho ficado a cada dia mais impressionado quando, na minha atividade profissional, constato que esses "salvadores do meio ambiente" vêm agindo como pequenos gangsters, achacando e fazendo business as usual. Evidentemente, a lei não pode garantir a ninguém o direito de poluir, mas como a definição de "poluição" da lei brasileira é burra, confunde emissões atmosféricas ou lixo tóxico depositado a seu aberto com o uso da terra para a produção de alimentos, esses pequenos gangsters batem abaixo da linha da cintura com absoluta naturalidade.
emanuel disse…
... a culpa é classe, desorganizada, desinformada,...deveríamos, como ja propus à CNA, deflagar uma campanha nacional nos meios de comunicação para mostar (e comparar) a agressões ambientais nas cidades, nos rios, nos lixões, ... conclamar produtores rurais a ficarem UM unico ano plantando e/ou vendendo só o essencial para seu sustento para vermos faltar alimentos ou encarecer, ... a população urbana não sabe de nossos prolblemas, entao devemos informar e dizer a ela que meio ambiente nao é problema só rural e portanto o ônus nao pode ser só dos rurais.