Terras no Pará


O anúncio acima foi publicado em 1958 na Folha de São Paulo. Em 1958 nem mesmo a Belém-Brasília havia sido inalgurada. A pessoa cujo contato figura ao pé do anúncio é considerado o fundador de Paragominas. Recebeu terras e recomendação presidencial para isso.

O presidente JK escreveu de punho carta recomendando Célio Mirando ao então governador do Pará, Magalhães Barata. Célio trouxe uma equipe de topógrafos do sul através do rio Tocantins, de barco até Belém, numa jornada de mais de 30 dias, e depois de caminhão até São Miguel onde acabou a estrada, o restante do caminho foi feito à pé.

Muitas outras pessoas além de Célio Miranda atenderam ao chamado do Governo. Muitos vieram ao Pará acreditando naquilo que está escrito no anúncio. Embora as afirmações parecam inverdades frente ao conhecimento acadêmico que temos hoje, à época elas eram verdades científicas.

Muitas pessoas receberam incentivos governamentais para trazerem suas vidas para essa região. Os filhos e netos -- que não morreram -- dessas pessoas vivem hoje aqui numa região desflorestada por que a sociedade brasileiro assim quis à época.

Hoje, as verdades científicas evoluíram e desconfia-se que criar gado não seja o melhor uso para essas terras, por outro lado, os anseios sociais são outros e o povo brasileio parece não querer mais o tipo de desenvolvimento expresso no anúncio acima e isso é perfeitamente legítimo.

Mas, será legítimo simplesmente jogar as pessoas que pra cá vieram à margem da lei?

Será justo tratar as pessoas que vieram construir suas vidas numa região inóspita, atendendo a um chamado do governo, como criminosos em razão da mudança no anseio público?

Saiba mais sobre a sagarana da fundação de Paragominas:
http://www.orm.com.br/oliberal/interna/default.asp?modulo=247&codigo=318214

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