A democracia relativa do marinismo

Nos estertores do regime militar nos anos 80 os artistas saíram às ruas, junto com quase todo mundo, exigir eleições diretas e uma democracia efetiva. Conseguiram. Mas a democracia é um regime chato. Eu não gosto do PT, mas aceito a eleição de petistas por 3 mandatos seguidos. Lutarei com todas as forças para que possamos eleger nossos representantes, mesmo quando esses representantes não são, sob meu julgamento, bons representantes.

Mas ambientalista e um bicho diferente, superior, onisciente, sacro. Ele luta pela salvação do planeta e acha que essa é uma luta nobre o suficiente para que suas posições devam prevalecer sempre. Sempre que a opinião dos verdes perde no voto, os ambientalistas saem dizendo que a democracia não serve.

O dono do Greenpeace na Amazônia, o ativista Paulo Adário, disse em um seminário na semana passada que a presidente Dilma deveria resolver o problema do Código Floresta com um decreto-lei imposto pelo legislativo e sem que o Congresso apreciasse. O Código Florestal vigente, que o Greenpeace adora, é assim: uma medida provisória do executivo que jamais foi apreciada pelo Congresso. É essa a Democracia que o Greenapeace quer para o Brasil.

Outro ambientalista, o Roberto Smeraldi, dono da franquia brasileira da ONG americana Firends of the Earth, encomendou - e pagou - uma pesquisa de opinião completamente viesada e usou o resultado comprado para dizer que a decisão do Congresso Nacional em relação à modernização do Código Florestal foi ilegítima pois, segundo sua pesquisa, o povo pensa diferente.

Também Dona Marina Silva anda questionando a democracia. Marina empresta sua imagem de Madre Tereza da religião ambiental a uma campanha para que o brasileiro urbano bem alimentado e que desconhece os dramas do campo exija que a Presidente Dilma vete o texto de reforma do Código Florestal aprovado no Congresso.

Já seria absurdo suficiente, mas ambientalista é um bicho que surpreende. O Estadão publicou hoje uma entrevista com a atriz e militonta ambiental Christiane Torloni onde ela fala da sua nova personagem na próxima novela das oito. Lá pelas tantas a repórter pergunta: "Naquela época, a classe artística parecia bastante engajada. Acha que os artistas deixaram de se manifestar?" Veja a responta da militonta: "Acho que a classe artística tem feito grandes coisas. Naquele momento, ela foi importantíssima porque abriu espaço para os políticos que estavam sem fala há 20 e tantos anos. Nós, artistas, tínhamos a palavra, e passamos o bastão. O problema é como essa fala está sendo usada hoje. A democracia está sendo vencida pela democracia. O que a gente viu na votação do Código Florestal parece democracia, mas não é."
Carlos Minc, Cristiane Torloni entregando ao ex presidente Lula um
manifesto exigido a preservação de um bom quintal para os paulistas
Entenderam? Para fundamentalista ambiental democracia só é democracia quando a santa posição deles vence, quando perde democracia não é democracia. Se eu fosse o repórter teria emendado na hora: E o que é então? Tenho curiosidade para ver qual seria a resposta da militonta.

Comentários

Fernando disse…
cara como é dificil comentar neste blog !
desisti várias vezes...mas de toda forma só pra te dizer que como sou do engenheiro florestal atuando em Rondônia há 20 anos e agora acadêmico de direito, compartilho com tuas opiniões a respeito da maioria dos temas de teus posts.vc não estaria interessado em proferir uma palestra em Rondônia no dia 21/09 em comemoração ao dia da árvore ? esta é uma promoção da AREF ( Ass. dos Eng. Florestais de RO) na verdade o convidao inicial era o Jorge Viana, mas ele falou que tá muito atarefado com a discussão do código e não vai dar...imagina se é verdade...se tiver interesse me respponde. abraço. Fernando
Luiz Prado disse…
A Torloni deve servir para alguma coisa, além de falar tontices sobre meio ambiente.....