Governo divulda dados do desmatamento na Amazônia

O governo divulgou o número consolidado do desmatamento 2005/2006, cerca de 14.040 km2, e mais uma projeção do DETER para 2006/2007, 4.820 km2.

Mais uma redução. O governo credita dos méritos dessa redução a sua ações de enforcement. Terá ele razão?

De minha parte creio que a forte recessão econômica setorial na agropecuária da Amazônia tem um papel maior na redução dessas taxas do que o esforço de fiscalização do governo. Entre 2001 e 2004 com a disparada do Dólar houve a expectativa de crescimento das exportações de soja e dos preços da carne no mercado interno e os agentes econômicos tomaram decisões racionais investido no aumento de produção e empurrando a curva de oferta para a direita, expandindo-a, mas essa expansão não veio acompanhada do crescimento equivalente da demanda. Ademais, o aumento esperado nos preços relativos da soja e da carne terminaram sendo frustrados pela desvalorização do Real frente ao Dólar e o resultado é que, digamos, sobrou área desmatada no mercado. Esse excesso de desmatamento criou uma espécie de "efeito tampão" que fará com que as taxas de desmatamento permaneçam baixas ainda por um tempo mesmo depois de um reaquecimento da economia agropecuária na medida em que qualquer aumento de área, tanto de pecuária, quanto de agricultura, tenderá a ocorrer nesse excesso de área desmatada. Logo que esse "tamponamento" desaparecer as taxas de desmatamento voltarão a subir tão veloz quanto a expansão da renda (e da demanda) por soja e carnes.

Que papel o enforcement público desempenhará nesse processo? Provavelmente muito menos do que se supõe.

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