Pecuaristas americanos reagem a pressão do Brasil por abertura de mercado


A Associação dos Criadores de Gado dos Estados Unidos (USCA) manifestou sua oposição à retomada da compra de carne bovina in natura brasileira por parte dos americanos. Em comunicado, a entidade classifica o Brasil como um mau ator no mercado, cuja sanidade animal coloca em risco a saúde do rebanho local.

“A Associação de Criadores de Gado dos Estados Unidos se opõe fortemente ao comprometimento da saúde do rebanho bovino doméstico em prol do aumento das exportações de carne bovina, especialmente de um país marcado por escândalos”, diz a nota.

A reabertura do mercado americano de carne bovina in natura foi tema do encontro entre o presidente Jair Bolsonaro e Donald Trump, nesta semana. Em comunicado conjunto, os dois governos informaram o agendamento de uma visita técnica ao Brasil tendo em vista a reabilitação dos embarques.

Os americanos reabriram o mercado de carne in natura depois de décadas de negociações bilaterais. No entanto, em meados do ano passado, os Estados Unidos suspenderam as compras alegando problemas sanitários. Foram identificados abscessos na carne vendida para o país, consequência da aplicação de vacinas contra a febre aftosa.


Os pecuaristas americanos alegam que seriam “catastróficos” os efeitos de uma epidemia de febre aftosa no país, não apenas sobre a indústria de carne, mas sobre a economia nacional. Citando da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE), a Associação afirma que perdas podem chegar a US$ 14 bilhões, incluindo a renda dos criadores o consumo e as relações comerciais. O Brasil é considerado um país livre da febre aftosa, mas mantém a obrigatoriedade das vacinações.

O comunicado da USCA lembra ainda da Operação Carne Fraca, que investigou suspeitas de irregularidades e de corrupção na indústria de carnes brasileira. Ressalta que a operação revelou que inspetores estariam recebendo propinas para permitir a venda de carne vencida, sob laudos sanitários falsos. A Operação Carne Fraca, porém, não envolveu operações de carne bovina. Todos os problemas identificados na operação eram relacionados a outra carnes.

Menciona também um pedido da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec) ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) para mudar uma diretriz relacionada a defeitos em contêineres. Na visão dos pecuaristas americanos, seria mais uma tentativa dos brasileiros de “contornar” regulamentos de segurança alimentar daquele país.

“A USCA se mantém fortemente contrária a qualquer reabertura do comércio de carne bovina com o Brasil. Apelamos ao presidente Donald Trump e ao secretário Sonny Perdue que considerem as preocupações com a saúde do gado americano para garantir que a proteína preferida no país mantenha sua oferta abundante”, diz a entidade.

Image by Ryan McGuire from Pixabay

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