Agro depende de ambientalista para se defender de Fábio Porchat


O apresentador Fábio Porchat, titular do programa Papo de Segunda de um canal por assinatura controlado pela Globo, iniciou o programa desta segunda-feira, 12, com um esclarecimento sobre o programa da semana anterior, quando foram ditas várias bobagens preconceituosos sobre o agro, apontado como vilão do meio ambiente.

As declarações dos apresentadores, entre eles Porchat, geraram forte reação do setor produtivo, que alegou falta de conhecimento das celebridades sobre o assunto. “Recebi muitas mensagens e ligações depois daquele dia, muitas pessoas me questionaram (…). No entanto, uma delas parou para conversar comigo, foi quando eu consegui ouvir”, relatou Fábio Porchat, ao se referir ao engenheiro florestal Tasso Azevedo, um ambientalista radical historicamente ligado à ONGs.

A representação do agro é tão incompetente que o setor depende de um ambientalista para se defender de idiotias como as que foram vertidas no programa da Globo.

“Quero começar me corrigindo, pois eu disse que o cocô do boi em excesso lá no pasto, após as chuvas, corria para os rios, poluindo os rios, e depois ia para os mares, prejudicando a vida marinha. Acontece que eu vi dois documentários sobre isso, mas o meu erro foi trazer a realidade norte-americana para o Brasil, onde a maioria do gado é criada solta e não em confinamento, como é feito nos EUA, não gerando essa grande concentração de excrementos”, disse o apresentador Fabio Porchat.

O ambientalista complementou esclarecendo que, no Brasil, mesmo onde há confinamento, ele é muito tecnificado e o excremento é reutilizado no pasto como forma de adubo. O especialista disse também que a poluição dos oceanos tem muito mais a ver com poluição urbana do que qualquer tipo de resíduo gerado no campo.

Outro equívoco cometido por Porchat e esclarecido no programa desta segunda foi sobre o fato das flatulências dos bois prejudicarem a camada de ozônio. O ambientalista Tasso Azevedo, convidado do programa, foi ainda mais detalhista nessa questão que é repassada há muitos anos para atingir a agropecuária. “Na verdade, o metano vem do ‘arroto’ do gado. De fato, o gás tem uma capacidade 25% maior no aquecimento do planeta quando comparado ao CO2. No entanto, um pasto bem manejado acaba acumulando carbono em suas raízes. Esse pasto segura o carbono no solo e isso acaba equilibrando a emissão de metano”, falou.

O ambientalista ainda deixou claro que o gás emitido pelos bois não tem nada a ver com a camada de ozônio do planeta como havia afirmado Fabio Porchat.

O ambientalista também defendeu o agro na questão de desmatamento ilegal. Segundo Tasso, há um interesse dos produtores para que a imagem do Brasil seja de um país que respeite o meio ambiente, pois isso pode ser bom, inclusive, para os negócios. “Há um entendimento de que o crescimento por produtividade é muito mais eficiente do que o crescimento por área e o estado de São Paulo é um bom exemplo para isso, onde a cana dobrou de área, crescendo sobre o pasto e também houve aumento da área de floresta”, contou.

O ambientalista convidado ao programa para defender o agro falou ainda do engajamento do setor produtivo no combate à grilagem de terra. “Esse desmatamento descontrolado prejudica o próprio setor. Quem faz direito acaba sendo prejudicado (…). Há um movimento para diminuir essas ações ilegais (…); o Brasil é exemplo em várias áreas, como café, cacau, papel e celulose, ou a própria cana-de-açúcar. Essas pessoas acabam sendo atingidas injustamente, mas também é preciso conviver, pois se alguém diz algo errado, é preciso esclarecer”, falou Azevedo.

Para finalizar os esclarecimentos sobre o que foi dito de errado na última semana, o programa abordou o tema agrotóxico. Na visão das celebridades, os produtos são usados indiscriminadamente no Brasil, ao contrário do que fariam outros países.

Acontece que boa parte da produção brasileira é exportada e o nível de exigência dos países compradores é altíssimo em relação aos produtos. “O produtor em geral gostaria de se livrar dos agrotóxicos, pois é um insumo que custa caro. Tem uma parte que é cultura e educação, outra é necessidade e outra é inovação”, falou o ambientalista mais uma vez em defesa do agro.

Após um debate que durou quase 30 minutos, os apresentadores reconheceram os erros ao falar do agronegócio e se desculparam por isso. “Quando o Fábio (Porchat) começou a receber críticas, decidimos aqui entre nós que deveríamos esclarecer os erros que cometemos. Essa é uma atitude mais politicamente saudável para proposição do debate público”, concluiu Francisco Bosco, também titular do programa.

Com informações do Canal Rural e imagem da Agência Senado

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