Entrevista do Dr. Armando Soares a uma revista semanal. Conversei algumas vezes com o Dr. Armando. O homem é obcecado com essa teoria da conspiração contra a Amazônia. Eu acho a teoria absurda, embora entenda as razões que fazem homens como o Sr. Armando a acreditarem piamente nela.
Dr. Armando, entorpecido pela teoria conspiratória, perdeu uma boa chance de jogar luz sobre a Reserva Legal na Amazônia.
Seguem as respostas que eu teria dado as perguntas de revista:
Revista - O senhor teme que, em nome da proteção ambiental, o Brasil sacrifique a agricultura? Por que?
Resposta - Sim. Isso já está ocorrendo. A sociedade brasileira não percebe link entre as restrições ambientais e a produção agrícola. Na minha turma de pós graduação haviam muitos ambientalistas. Nos nossos intervalos de almoço íamos, vez por outra, ao Porcão, em Brasília. De propósito eu puxava o assunto do desmatamento na Amazônia só para ouvir a saraivada de clichês: As pessoas só vêem os lucro de curto prazo; desmatam para implantar pecuária extensiva de baixa produtividade; pecuária não dá lucro, manejar floresta é mais rentável.
Essas e outras pré-concepções eram ditas ao mesmo tempo em que o garçom servia picanhas, maminhas, chuletas, costelas, cupins, em um dos restaurantes mais caros de Brasília.
Por outro lado, as leis ambientais no Brasil não funcionam. Então, pode-se estabelecer restrições fortíssimas que o efeito delas na produção e nos preços agrícolas não serão sentidos. Na medida em que se cobra a observância das leis, esse efeito passará a ficar evidente nos preços e na oferta agrícola e nós enfrentaremos um dilema: será que o anseio pela preservação da Amazônia resiste a uma picanha a R$ 90,00 o kg?
Quando o cidadão comum passar a pagar 8, 10 vezes mais caro para comer carne nós veremos quão popular é, de facto, o anseio preservacionista. A Reserva Legal de 80% é um exemplo dessas restrições excessivas cujo lado social "ruim" não é percebido porque a lei é absolutamente ignorada.
Revista - Qual é o problema de manter uma Reserva Legal de 80%, para proteger uma parte da floresta em cada propriedade?
Resposta - O problema é que não há sistema de produção que seja competitivo com tamanho ônus. Deixa eu construir uma metáfora para facilitar o entendimento. Imagine que você queira comprar um apartamento de 2 quartos em São Paulo. Você vai ao mercado consultar preços e descobre que o governo criou um lei que obriga você a usar apenas 20% dos quartos do seu apartamento. Então, para usar 2 quartos você tem economizar para comprar um apartamento de 10 quartos, manter 8 deles fechados e usar apenas 2. Quanto custa um apartamento de 10 quartos em São Paulo? A resposta é zero. Creio não existam apartamentos de 10 quartos em São Paulo. Não existe mercado para isso. Ninguém compraria e o mercado simplesmente não existiria. Você não compraria o seu apartamento.
Revista - Por que é tão difícil plantar com competitividade em 20% da propriedade na Amazônia?
Resposta - Se você conseguir abstrair um pouco as pré-concepções, o que é muito difícil, ficará muito fácil perceber as razões. A coisa funciona assim: Imagine que você é um empreendedor e pretende montar um fábrica que depende de algo que precise de terra para ser produzido. Uma fábrica de celulose, por exemplo. Imagine que essa fábrica precise de 100.000 ha plantados. Você está decidindo onde instalar a fábrica. Imagine que a terra custa R$ 2,00 cada hectare. Em um dos locais possíveis a Reserva Legal é zero, nesse local sua fábrica precisaria investir R$ 200.000,00 na aquisição de terras, correto? Agora imagine um local onde a Reserva Legal é 80%, para plantar 100.000 ha tua fábrica precisaria comprar 500.000 ha de terra, manteria 400.000 ha (80%) como Reserva Legal e plantaria os 100.000 ha que ela precisa nos 20% permitidos por lei. Ou seja, ao mesmo preço de R$ 2,00 por hectare, você teria que gastar R$ 1.000.000,00 na aquisção de terras para produizir a mesma coisa.
Eu te pergunto: para onde tu irias?
O mesmo raciocínio serve, tanto para qualquer percentagem de Reserva Legal, quanto para qualquer cultura, eucalipto, cana, pasto, soja, milho, etc.
A Reserva Legal, se aplicada efetivamente, tira competitivadade da nossa agricultura.
Revista - A quem interessa isso?
Resposta - Pergunte aos nossos concorrentes na produção de todas essas coisas.
Revista - Quais medidas o senhor segere para conciliar atividade econômica na Amazônia com proteção ambiental?
Resposta - Proteção ambiental é um anseio social e, portanto, a sociedade, através do Estado, deve arcar com o ônus dessa proteção. Acontece que a floresta que eu protejo na Amazônia causa benefício ao novaiorquino, ao londrino, etc. e eles nada pagam por esse benefício. Nós deveríamos criar reservas florestais com critérios puramente biológicos, desapropriar essas áreas com dinheiro, parte nacional, parte estrangeiro, e mantê-las como reservas ecológicas.
As áreas de produção devem ser entregues 100% à produção e devem sofrer uma cobrança virulenta para que essa produção seja feita com o menor impacto ambiental possível.
Revista - Pesquisas científicas indicam que, se a floresta amazônica continuar diminuindo, as chuvas na região podem reduzir. Isso ameaçaria a produção no centro-oeste e no norte. Não haveria interesse de os fazendeiros conservarem a floresta, então?
Resposta - Sim, claro que sim. Mas o problema não é tão simples. O papel de bom-bom que você joga pela janela do seu carro entope o bueiro que alaga a parte baixa da cidade. Não haveria interesse seu em não jogar papel pela janela? Claro que há. O que não há é incentivo real para que a decisão seja tomada, de facto.
Revista - Algumas experiências com madeireiras certificadas mostram que manejo de florestas para retirada de madeira sem desmatamento pode gerar mais retorno e empregos por hectare do que a pecuária. Por que insistir no modelo de gado e não de madeira sustentável para a Amazônia?
Resposta - Eu conheço algumas madeireiras certificadas. Trabalhei no IDEFLOR, o Serviço Florestal paraense e fiz cursos de menejo florestal de baixo impacto no FFT. De fato, manejo florestal é uma atividade magnífica, capaz de aliar produção econômica e conservação ambiental (note conservação, e não preservação). Conhecendo o menejo florestal de perto não tenho tanta certeza quanto você de que ele é menos extensivo em terra do que a pecuária, como você afirma. Mas o dilema da Amazônia jaz nas áreas onde não há mais floresta e onde a floresta restante já teve a madeira de valor comercial retirada. Nesses locais o manejo florestal não é mais possível. E aí, o que fazer? Onde não há mais floresta nativa com madeira de valor comercial eu faço o quê? Qual é a alternativa viável?
Revista - Existem 16,5 milhões de hectares de terras desmatadas e abandonadas na Amazônia, segundo a Embrapa. Por que é preciso desmatar mais para plantar? Há 56 milhões de hectares de pasto subaproveitado com pecuária de baixa produtividade na Amazônia. Por que não melhorar a produtividade dessa terra antes de derrubar mais para ampliar o rebanho?
Resposta - Deixa eu te contar uma história que aconteceu comigo. Me formei no dia 29 de dezembro de 1999. Passei o dia 30, 31 e o primeiro dia de 2000 festejando. No dia 2 fui trabalhar numa empresa de elaboração de projetos. Nós fazíamos projetos para intensificação da pecuária. Transformávamos pecuaristas que criavam 0,7 cabeças em cada hectares de terra em pecuaristas capazes de criar 2, até 3 cabeças por hectare de pasto. Ou seja, tornávamos o cara capaz de criar 2, 3 vezes mais gado na mesma área ou, se preferir, criar o mesmo rebanho na metade, ou em um terço da área. Nós entrávamos com o conhecimento técnico, o pecuarista com a fazenda, a disposição e uma parte do dinheiro, e o dinheiro que falta nós captávamos no mercado financeiro.
Pois bem, um dia fui procurado por um pecuarista. Ele me disse que tinha uma fazenda de 500 ha com 250 ha de pasto e 250 ha de mata. Ele queria duplicar o rebanho dele e ia desmatar os 250 ha de mata quando ficou sabendo que era possível duplicar o rebanho na mesma área e que nosso escritório era especialista nisso. Desmatar custa dinheiro e para de esquivar desse gasto ele nos procurou. Fui até a fazenda dele e passamos três dias conversando sobre pastejo rotacionado. Na medida em que a conversa evoluía ele foi perdendo o ânimo. Percebeu, no decorrer da conversa, que intensificar a produção custaria mais que desmatar a outra metade da fazenda. Já tinha tomado a decisão quanto eu expliquei a ele que podíamos captar recursos a juros pagáveis para financiar a intensificação. Ele topou. Voltei para o escritório e fiz o projeto. 50% de uso, 50% de Reserva Legal e nos 50% de uso ele criaria 2 vezes mais gado e pagaria o financiamento nas condições que o agente financeiro exigia.
Alguns dias depois recebi uma carta do agente financeiro dizendo que o departamento jurídico passara a exigir 80% de Reserva Legal e que apenas 20% da área poderia ser utilizada como pastagem. Voltamos para o escritório, eu e um economista que trabalhava conosco. Fizemos todas as concessões técnicas e os exercícios financeiros possíveis. Reduzi a adubação à zero para reduzir os custos, elevei o peso dos animais ao absurdo para elevar a receita, mexemos na carência, no prazo de pagamento, no valor do empréstimo. Nada foi capaz de tornar o projeto viável.
Resultado: o banco não financiou. No dia em que liguei para dar a notícia ele disse que derrubaria os 250 ha de mata restantes na fazenda. Eu disse a ele que aquilo era ilegal e que ele estaria sujeito aos rigores da lei. Ele riu.
O peso financeiro da Reserva Legal é tamanho que torna inviável até as alternativas sustentáveis.
Dr. Armando, entorpecido pela teoria conspiratória, perdeu uma boa chance de jogar luz sobre a Reserva Legal na Amazônia.
Seguem as respostas que eu teria dado as perguntas de revista:
Revista - O senhor teme que, em nome da proteção ambiental, o Brasil sacrifique a agricultura? Por que?
Resposta - Sim. Isso já está ocorrendo. A sociedade brasileira não percebe link entre as restrições ambientais e a produção agrícola. Na minha turma de pós graduação haviam muitos ambientalistas. Nos nossos intervalos de almoço íamos, vez por outra, ao Porcão, em Brasília. De propósito eu puxava o assunto do desmatamento na Amazônia só para ouvir a saraivada de clichês: As pessoas só vêem os lucro de curto prazo; desmatam para implantar pecuária extensiva de baixa produtividade; pecuária não dá lucro, manejar floresta é mais rentável.
Essas e outras pré-concepções eram ditas ao mesmo tempo em que o garçom servia picanhas, maminhas, chuletas, costelas, cupins, em um dos restaurantes mais caros de Brasília.
Por outro lado, as leis ambientais no Brasil não funcionam. Então, pode-se estabelecer restrições fortíssimas que o efeito delas na produção e nos preços agrícolas não serão sentidos. Na medida em que se cobra a observância das leis, esse efeito passará a ficar evidente nos preços e na oferta agrícola e nós enfrentaremos um dilema: será que o anseio pela preservação da Amazônia resiste a uma picanha a R$ 90,00 o kg?
Quando o cidadão comum passar a pagar 8, 10 vezes mais caro para comer carne nós veremos quão popular é, de facto, o anseio preservacionista. A Reserva Legal de 80% é um exemplo dessas restrições excessivas cujo lado social "ruim" não é percebido porque a lei é absolutamente ignorada.
Revista - Qual é o problema de manter uma Reserva Legal de 80%, para proteger uma parte da floresta em cada propriedade?
Resposta - O problema é que não há sistema de produção que seja competitivo com tamanho ônus. Deixa eu construir uma metáfora para facilitar o entendimento. Imagine que você queira comprar um apartamento de 2 quartos em São Paulo. Você vai ao mercado consultar preços e descobre que o governo criou um lei que obriga você a usar apenas 20% dos quartos do seu apartamento. Então, para usar 2 quartos você tem economizar para comprar um apartamento de 10 quartos, manter 8 deles fechados e usar apenas 2. Quanto custa um apartamento de 10 quartos em São Paulo? A resposta é zero. Creio não existam apartamentos de 10 quartos em São Paulo. Não existe mercado para isso. Ninguém compraria e o mercado simplesmente não existiria. Você não compraria o seu apartamento.
Revista - Por que é tão difícil plantar com competitividade em 20% da propriedade na Amazônia?
Resposta - Se você conseguir abstrair um pouco as pré-concepções, o que é muito difícil, ficará muito fácil perceber as razões. A coisa funciona assim: Imagine que você é um empreendedor e pretende montar um fábrica que depende de algo que precise de terra para ser produzido. Uma fábrica de celulose, por exemplo. Imagine que essa fábrica precise de 100.000 ha plantados. Você está decidindo onde instalar a fábrica. Imagine que a terra custa R$ 2,00 cada hectare. Em um dos locais possíveis a Reserva Legal é zero, nesse local sua fábrica precisaria investir R$ 200.000,00 na aquisição de terras, correto? Agora imagine um local onde a Reserva Legal é 80%, para plantar 100.000 ha tua fábrica precisaria comprar 500.000 ha de terra, manteria 400.000 ha (80%) como Reserva Legal e plantaria os 100.000 ha que ela precisa nos 20% permitidos por lei. Ou seja, ao mesmo preço de R$ 2,00 por hectare, você teria que gastar R$ 1.000.000,00 na aquisção de terras para produizir a mesma coisa.
Eu te pergunto: para onde tu irias?
O mesmo raciocínio serve, tanto para qualquer percentagem de Reserva Legal, quanto para qualquer cultura, eucalipto, cana, pasto, soja, milho, etc.
A Reserva Legal, se aplicada efetivamente, tira competitivadade da nossa agricultura.
Revista - A quem interessa isso?
Resposta - Pergunte aos nossos concorrentes na produção de todas essas coisas.
Revista - Quais medidas o senhor segere para conciliar atividade econômica na Amazônia com proteção ambiental?
Resposta - Proteção ambiental é um anseio social e, portanto, a sociedade, através do Estado, deve arcar com o ônus dessa proteção. Acontece que a floresta que eu protejo na Amazônia causa benefício ao novaiorquino, ao londrino, etc. e eles nada pagam por esse benefício. Nós deveríamos criar reservas florestais com critérios puramente biológicos, desapropriar essas áreas com dinheiro, parte nacional, parte estrangeiro, e mantê-las como reservas ecológicas.
As áreas de produção devem ser entregues 100% à produção e devem sofrer uma cobrança virulenta para que essa produção seja feita com o menor impacto ambiental possível.
Revista - Pesquisas científicas indicam que, se a floresta amazônica continuar diminuindo, as chuvas na região podem reduzir. Isso ameaçaria a produção no centro-oeste e no norte. Não haveria interesse de os fazendeiros conservarem a floresta, então?
Resposta - Sim, claro que sim. Mas o problema não é tão simples. O papel de bom-bom que você joga pela janela do seu carro entope o bueiro que alaga a parte baixa da cidade. Não haveria interesse seu em não jogar papel pela janela? Claro que há. O que não há é incentivo real para que a decisão seja tomada, de facto.
Revista - Algumas experiências com madeireiras certificadas mostram que manejo de florestas para retirada de madeira sem desmatamento pode gerar mais retorno e empregos por hectare do que a pecuária. Por que insistir no modelo de gado e não de madeira sustentável para a Amazônia?
Resposta - Eu conheço algumas madeireiras certificadas. Trabalhei no IDEFLOR, o Serviço Florestal paraense e fiz cursos de menejo florestal de baixo impacto no FFT. De fato, manejo florestal é uma atividade magnífica, capaz de aliar produção econômica e conservação ambiental (note conservação, e não preservação). Conhecendo o menejo florestal de perto não tenho tanta certeza quanto você de que ele é menos extensivo em terra do que a pecuária, como você afirma. Mas o dilema da Amazônia jaz nas áreas onde não há mais floresta e onde a floresta restante já teve a madeira de valor comercial retirada. Nesses locais o manejo florestal não é mais possível. E aí, o que fazer? Onde não há mais floresta nativa com madeira de valor comercial eu faço o quê? Qual é a alternativa viável?
Revista - Existem 16,5 milhões de hectares de terras desmatadas e abandonadas na Amazônia, segundo a Embrapa. Por que é preciso desmatar mais para plantar? Há 56 milhões de hectares de pasto subaproveitado com pecuária de baixa produtividade na Amazônia. Por que não melhorar a produtividade dessa terra antes de derrubar mais para ampliar o rebanho?
Resposta - Deixa eu te contar uma história que aconteceu comigo. Me formei no dia 29 de dezembro de 1999. Passei o dia 30, 31 e o primeiro dia de 2000 festejando. No dia 2 fui trabalhar numa empresa de elaboração de projetos. Nós fazíamos projetos para intensificação da pecuária. Transformávamos pecuaristas que criavam 0,7 cabeças em cada hectares de terra em pecuaristas capazes de criar 2, até 3 cabeças por hectare de pasto. Ou seja, tornávamos o cara capaz de criar 2, 3 vezes mais gado na mesma área ou, se preferir, criar o mesmo rebanho na metade, ou em um terço da área. Nós entrávamos com o conhecimento técnico, o pecuarista com a fazenda, a disposição e uma parte do dinheiro, e o dinheiro que falta nós captávamos no mercado financeiro.
Pois bem, um dia fui procurado por um pecuarista. Ele me disse que tinha uma fazenda de 500 ha com 250 ha de pasto e 250 ha de mata. Ele queria duplicar o rebanho dele e ia desmatar os 250 ha de mata quando ficou sabendo que era possível duplicar o rebanho na mesma área e que nosso escritório era especialista nisso. Desmatar custa dinheiro e para de esquivar desse gasto ele nos procurou. Fui até a fazenda dele e passamos três dias conversando sobre pastejo rotacionado. Na medida em que a conversa evoluía ele foi perdendo o ânimo. Percebeu, no decorrer da conversa, que intensificar a produção custaria mais que desmatar a outra metade da fazenda. Já tinha tomado a decisão quanto eu expliquei a ele que podíamos captar recursos a juros pagáveis para financiar a intensificação. Ele topou. Voltei para o escritório e fiz o projeto. 50% de uso, 50% de Reserva Legal e nos 50% de uso ele criaria 2 vezes mais gado e pagaria o financiamento nas condições que o agente financeiro exigia.
Alguns dias depois recebi uma carta do agente financeiro dizendo que o departamento jurídico passara a exigir 80% de Reserva Legal e que apenas 20% da área poderia ser utilizada como pastagem. Voltamos para o escritório, eu e um economista que trabalhava conosco. Fizemos todas as concessões técnicas e os exercícios financeiros possíveis. Reduzi a adubação à zero para reduzir os custos, elevei o peso dos animais ao absurdo para elevar a receita, mexemos na carência, no prazo de pagamento, no valor do empréstimo. Nada foi capaz de tornar o projeto viável.
Resultado: o banco não financiou. No dia em que liguei para dar a notícia ele disse que derrubaria os 250 ha de mata restantes na fazenda. Eu disse a ele que aquilo era ilegal e que ele estaria sujeito aos rigores da lei. Ele riu.
O peso financeiro da Reserva Legal é tamanho que torna inviável até as alternativas sustentáveis.
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