Ibama, Exército e Polícia Militar de Rondônia fiscalizam cadeia de custódia da madeira em Espigão do Oeste (RO). Foto: Fernando Augusto/Ibama |
O interesse internacional sobre a Amazônia não é de esquerda nem de direita. Todos os presidentes do Brasil desde a redemocratização adotaram a mesma política para a região norte, a asfixia econômica como meio para a proteção da floresta. De Fernando Collor a Dilma Rousseff o interesse estrangeiro sobre a Amazônia prevaleceu sobre o interesse nacional por pressão de ONGs e histeria de países ricos, principalmente da Europa.
Ao assumir a presidência em 2019, Bolsonaro parecia romper com esse hábito dos presidentes do Brasil. A escolha de Ricardo Salles para o Ministério do Meio Ambiente foi um passo firme nessa direção. Salles Voltou o foco do Ministério para problemas do meio ambiente urbano como saneamento básico e resíduos sólidos, muito mais urgentes ao povo brasileiro, mas negligenciados pela agenda globalista.
Mas o rebote não tardou. Salles foi fritado pelo movimento ambientalista e perdeu completamente a capacidade de interlocução. Paralelamente, uma turma de bolsonaristas aloprados tomou a eleição como carta branca para desmatar e atear fogo na Amazônia ofertando munição farta ao movimento globalista.
Em janeiro passado, o Ministro da Economia, Paulo Guedes, passou a receber pressão da agenda ambientalista internacional. Durante sua participação no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, Gudes foi obrigado a se manifestar sobre as posições brasileiras na questão ambiental.
Paulo Guedes passou a semana ouvindo demandas de gestores e investidores sobre a necessidade de o governo brasileiro tomar ações efetivas pela defesa do meio ambiente. Caso contrário, disseram esses possuidores e administradores de grandes recursos a Guedes, a torneira dos investimentos em 2020 e além vai secar.
A ameça dos fundos de investimento calou mais fundo no governo brasileiro do que as críticas de chefes de Estado da França, Alemanha e Noruega e de ONGs internacionais, do que os boicotes de grandes marcas, do que as manifestações de rua no Brasil e até protestos de celebridades, como o ator americano Leonardo DiCaprio.
Ao voltar de Davos no final de janeiro, Paulo Guedes teria pedido a Bolsonaro que demitisse Ricardo Salles em razão da pressão que recebeu. Informação foi publicada no jornal Folha de São Paulo e logo depois desmentida pela equipe de Paulo Guedes. De acordo com a Folha, o Ministro da Economia teria até passado por cima de Salles ao dar ordens ao Ibama para enviar equipes de fiscalização à Amazônia.
Bolsonaro não demitiu Ricardo Salles, mas o retirou da questão amazônica. Antes do encerramento do Fórum, o presidente anunciou a criação de um Conselho da Amazônia a ser gerido pelo vice-presidente Hamilton Mourão relegando a segundo plano a ação do Ministério do Meio Ambiente. Mas outra medida surtiu efeito mais imediato. Guedes reabriu os cofres do estado brasileiro para as operações do Ibama na Amazônia.
Desde o agravamento da crise fiscal no final do Governo Dilma e durante todo o período Michel Temer, os cortes orçamentários no Ministério do Meio Ambiente vinham afetando drasticamente a atuação do Ibama na Amazônia. Operações faraônicas envolvendo aviões, helicópteros, dezenas de veículos e centenas de agentes armados da Força Nacional e do próprio Ibama passaram a ser financiadas por dinheiro norueguês e alemão transferidos via Fundo Amazônia.
Como forma de fritar Salles e pressionar Bolsonaro, os governo de Alemanha e Noruega cortaram as doações ao fundo e as ações do Ibama na Amazônia ficaram novamente sem recursos. Pressionado em Davos, Guedes reabriu os cofres antes de retornar ao Brasil e o Ibama retomou sua ação na Amazônia.
No dia 31 de janeiro, Francisco Viana da Conceição, de 52 anos, conhecido como "Neguinho", foi assassinado com um tiro na nuca durante uma fiscalização do Ibama em Rondônia. No inicio de fevereiro, outro operação do Ibama no Pará lacrou um posto de combustíveis que atendia mais de mil pessoas e queimou dezenas de casas de colonos no município de Senador José Porfírio. Nos dois casos, a população local se revoltou com os agentes do Ibama que foram expulsos da região a pedradas e sob protestos.
O Ibama de Bolsonaro está agindo na Amazônia da mesma forma que agia nos governos de esquerda. Em verdade, com Ricardo Salles isolado, quem está ditando a política brasileira para a região amazônica são novamente as ONGs e o interesse internacional via Paulo Guedes.
Resta saber se Bolsonaro sabe. Resta saber se Mourão, a frente do Conselho da Amazônia se curvará a agenda globalista para a Amazônia.
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