A Frente Parlamentar da Agropecuária, eufemismo para bancada ruralista, entrou na luta pelo Código Ambiental. A intenção da Frente é alterar a seu favor alguns itens do Código Florestal. Para tanto os ruralistas terão necessariamente que convencer a opinião pública.
A opinião pública é o ditador invisível das democracias. Quando está a favor, aprova-se a qualquer custo; quanto está contra, destrói-se a despeito de qualquer benefício. Aprovar qualquer lei, depende portanto da bênção da opinião pública. A opinião pública é um ente temperamental, mas previsível e talvez a mais fascinante nuance do exercício político seja moldá-la.
Quem lida com a opinião pública precisa ter em mente que seu julgamento vem sempre após três estágios pelos quais passa cada um dos indivíduos que a compõem. O primeiro deles é a cena que as pessoas vêem, o segundo é a imagem que as pessoas formam em suas cabeças a partir da cena que elas viram e o terceiro é a resposta que as pessoas dão à imagem que elas formaram. O segundo estágio é determinado pelo efeito do arcabouço de estereótipos que cada indivíduo carrega.
Um dos estereótipos que a sociedade brasileira carrega é o de que a única coisa que um ruralista faz na vida é buscar formas de destruir o meio ambiente. Outro estereótipo arraigado é o de que preservar o meio ambiente a qualquer custo é vital. Quando as pessoas são apresentadas a uma cena na qual há um ruralista atuando, a imagem que elas formam é a de que aquela atuação é prejudicial ao meio ambiente e a ação imediata é a manifestação de repúdio.
Quando a cena que as pessoas vêm é a de um ruralista associado a um ministério, a um cientista ou a uma bandeira verde os estereótipos determinam a formação da imagem de um complô contra o meio ambiente, a imagem dispara a ação de repúdio e a opinião pública se estabelece contra o conluio e contra seus atores.
Um ruralista competente enquanto político não pode dar murro em ponta de faca. Se você é um ruralista, seja um ruralista. Se um ruralista quer a aprovação de uma lei ambiental a primeira coisa que ele deve fazer é ficar contra ela. A segunda é arranjar um ator político para levantar a bandeira por ele. Se esse ator for um quinta-coluna do ambientalismo, tanto melhor; se não for possível conseguir um quinta-coluna verde, um ministro da agricultura, um pequeno agricultor desvalido, um cientista, qualquer um serve, desde que não seja um ruralista.
Dessa forma a cena que as pessoas verão será a de uma lei do bem sendo atacada pelos ruralistas. A imagem que elas formarão será a de um grupo que tenta destruir o meio ambiente atacando uma lei essencial à vida e às gerações futuras e a reação será a de defender a lei. A opinião pública logo se colocará a favor da lei e o ruralista terá o que deseja.
Por essa razão, ao tentar mudar o Código Florestal associando-se à ciência e apresentando alternativa razoável o ruralismo determina o julgamento contrário da opinião pública e destrói sua chance de êxito. Por não reconhecer os estereótipo que a sociedade brasileira carrega, nem saber lidar com a opinião pública, o ruralismo mais uma vez desperdiça um grande momento.
Isso porque o Presidente Lula, não se sabe por quem iluminado, talvez pela dificuldade de encontrar terras para a reforma agrária, pediu aos cientistas da Embrapa que avaliassem a quantidade de terras legalmente disponíveis para a expansão agrícola. O resultado alarmou a todos. Se descontarmos as reservas indígenas, as unidades de conservação de diversos tipos, as reservas legais e as áreas de preservação permanente sobram menos de 30% do território nacional para acomodar as cidades, o MST e a produção agrícola.
O trabalho da Embrapa serviu para evidenciar que criar reserva ambiental é tão popular que os políticos vão criando sem avaliar se há área suficiente para tudo e ainda atender a demandas menos populares por terra como a criação dos bois que alimentam os churrascos Brasil a fora, por exemplo. Ou alguém duvida que a sociedade brasileira deseja continuar comendo churrasco barato?.
O número calculado pela Embrapa fez as pessoas acordarem para a possibilidade de que talvez o território brasileiro não seja grande o suficiente para acomodar ao mesmo tempo o anseio social pela preservação e pela produção sobretudo em razão do desbalanço entre o fascínio social que cada um gera. Preservar é pop; produzir, não. Isso, por conseqüência, expôs a necessidade de modernização, tanto das leis ambientais, quanto da forma como as reservas ambientais, indígenas ou quilombolas, são criadas.
O argumento é razoável, é defensável perante a opinião pública, há cientistas a favor, alguns ambientalistas reconhecem a necessidade de modernização, há um movimento político dentro do governo através do Ministério da Agricultura para encabeçá-lo. Vários fatores tornam o momento propício à modernização benéfica das leis ambientais. A única coisa que falta é os ruralistas ficarem contra.
A opinião pública é o ditador invisível das democracias. Quando está a favor, aprova-se a qualquer custo; quanto está contra, destrói-se a despeito de qualquer benefício. Aprovar qualquer lei, depende portanto da bênção da opinião pública. A opinião pública é um ente temperamental, mas previsível e talvez a mais fascinante nuance do exercício político seja moldá-la.
Quem lida com a opinião pública precisa ter em mente que seu julgamento vem sempre após três estágios pelos quais passa cada um dos indivíduos que a compõem. O primeiro deles é a cena que as pessoas vêem, o segundo é a imagem que as pessoas formam em suas cabeças a partir da cena que elas viram e o terceiro é a resposta que as pessoas dão à imagem que elas formaram. O segundo estágio é determinado pelo efeito do arcabouço de estereótipos que cada indivíduo carrega.
Um dos estereótipos que a sociedade brasileira carrega é o de que a única coisa que um ruralista faz na vida é buscar formas de destruir o meio ambiente. Outro estereótipo arraigado é o de que preservar o meio ambiente a qualquer custo é vital. Quando as pessoas são apresentadas a uma cena na qual há um ruralista atuando, a imagem que elas formam é a de que aquela atuação é prejudicial ao meio ambiente e a ação imediata é a manifestação de repúdio.
Quando a cena que as pessoas vêm é a de um ruralista associado a um ministério, a um cientista ou a uma bandeira verde os estereótipos determinam a formação da imagem de um complô contra o meio ambiente, a imagem dispara a ação de repúdio e a opinião pública se estabelece contra o conluio e contra seus atores.
Um ruralista competente enquanto político não pode dar murro em ponta de faca. Se você é um ruralista, seja um ruralista. Se um ruralista quer a aprovação de uma lei ambiental a primeira coisa que ele deve fazer é ficar contra ela. A segunda é arranjar um ator político para levantar a bandeira por ele. Se esse ator for um quinta-coluna do ambientalismo, tanto melhor; se não for possível conseguir um quinta-coluna verde, um ministro da agricultura, um pequeno agricultor desvalido, um cientista, qualquer um serve, desde que não seja um ruralista.
Dessa forma a cena que as pessoas verão será a de uma lei do bem sendo atacada pelos ruralistas. A imagem que elas formarão será a de um grupo que tenta destruir o meio ambiente atacando uma lei essencial à vida e às gerações futuras e a reação será a de defender a lei. A opinião pública logo se colocará a favor da lei e o ruralista terá o que deseja.
Por essa razão, ao tentar mudar o Código Florestal associando-se à ciência e apresentando alternativa razoável o ruralismo determina o julgamento contrário da opinião pública e destrói sua chance de êxito. Por não reconhecer os estereótipo que a sociedade brasileira carrega, nem saber lidar com a opinião pública, o ruralismo mais uma vez desperdiça um grande momento.
Isso porque o Presidente Lula, não se sabe por quem iluminado, talvez pela dificuldade de encontrar terras para a reforma agrária, pediu aos cientistas da Embrapa que avaliassem a quantidade de terras legalmente disponíveis para a expansão agrícola. O resultado alarmou a todos. Se descontarmos as reservas indígenas, as unidades de conservação de diversos tipos, as reservas legais e as áreas de preservação permanente sobram menos de 30% do território nacional para acomodar as cidades, o MST e a produção agrícola.
O trabalho da Embrapa serviu para evidenciar que criar reserva ambiental é tão popular que os políticos vão criando sem avaliar se há área suficiente para tudo e ainda atender a demandas menos populares por terra como a criação dos bois que alimentam os churrascos Brasil a fora, por exemplo. Ou alguém duvida que a sociedade brasileira deseja continuar comendo churrasco barato?.
O número calculado pela Embrapa fez as pessoas acordarem para a possibilidade de que talvez o território brasileiro não seja grande o suficiente para acomodar ao mesmo tempo o anseio social pela preservação e pela produção sobretudo em razão do desbalanço entre o fascínio social que cada um gera. Preservar é pop; produzir, não. Isso, por conseqüência, expôs a necessidade de modernização, tanto das leis ambientais, quanto da forma como as reservas ambientais, indígenas ou quilombolas, são criadas.
O argumento é razoável, é defensável perante a opinião pública, há cientistas a favor, alguns ambientalistas reconhecem a necessidade de modernização, há um movimento político dentro do governo através do Ministério da Agricultura para encabeçá-lo. Vários fatores tornam o momento propício à modernização benéfica das leis ambientais. A única coisa que falta é os ruralistas ficarem contra.
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