Aritmética do Código Florestal II

Produtores Encontram Dificuldades para se Adequar ao Código Florestal
Mudanças ainda estão em estudo no Congresso Nacional

Cristiano Dalcin | Porto Alegre (RS) Atualizada às 20h31min

As mudanças no código florestal brasileiro ainda estão em estudo no Congresso Nacional. A discussão mobiliza milhares de pessoas pelo Brasil. Pequenos agricultores que trabalham nas áreas próximas à mata atlântica, na região Sul, mostram o exemplo de como pode ser difícil se adequar às exigências da lei ambiental.

O produtor rural Pedro Izoto possui uma propriedade com 70 hectares. Há dois anos, ele queimou parte de uma lavoura e derrubou dois hectares da floresta para aumentar a plantação. O resultado foi uma multa de R$ 22 mil.

— Fiquei completamente apavorado, sem destino, sem nada. Para mim, foi praticamente como tirar minha vida porque, nessas alturas, o que eu vou fazer? Sem experiência, sem estudo, sem dinheiro — desabafou Izoto.

O trabalhador rural teve que vender as vacas para pagar um advogado. Agora, por determinação da justiça, perderá o direito de usar a área.

— Daqui a três anos, eu simplesmente sou obrigado a sair sem direito a nada. Sair de cima da terra, não poder mais trabalhar, sem direito a nada. A minha produção são 100% em cima dessa terra. Quando eu perder a terra, vou ser um joão ninguém. Eu não tenho mais nada — declarou o produtor.

O sindicato dos trabalhadores rurais de Maquiné, a 130 quilômetros de Porto alegre, acompanha outros 10 produtores em situação semelhante a de Izoto.

— Nós temos casos ali que o agricultor tem oito hectares de terra e levou uma multa de R$ 150 mil. Se ele vender esses oito hectares, a terra não vale isso. Quer dizer, como se encaminha isso? Deveria haver uma maneira de ele preservar, mas podendo sobreviver. Uma compensação para ele, é o que a gente está trabalhando. No momento em que tiver uma compensação, ele mesmo vai cuidar da propriedade para que ninguém mexa. Mas, para isso, ele tem que sobreviver — declarou o presidente do sindicato, Vilmar Machado.

Os produtores rurais têm ainda uma outra preocupação. A lei determina que eles registrem até 11 de dezembro a reserva legal da propriedade. É um espaço que vai além das áreas de preservação permanente, como os entornos dos rios.

Segundo os ambientalistas, a reserva legal é necessária para a conservação dos recursos naturais. Ela varia de região para região. Na chamada Amazônia Legal, 80% da propriedade devem estar preservados. Já no centro-sul do país, o índice é de 20%.


Veja Reportagem completa

Veja texto publicado no Blog do Val-André:
Querem destruir o Amazônida

Comentários