Agronegócio, o Ph.D. do Brasil - por: Marcos Fava Neves


Os 25 anos acompanhando o desenvolvimento do agronegócio outorgam-me o poder de conferir a este setor da economia brasileira o título de Doutor (Ph.D.).

Foi aprovado pela rigorosa banca da competição mundial, pois todos os países tentam produzir e vender alimentos. O Agronegócio brasileiro doutorou se com uma silenciosa revolução na adoção de tecnologia, na modernização das cadeias produtivas, na produtividade e junto aos empreendedores.

Nossa sociedade está sentada sobre recursos (solo, sol, água, tecnologia) com os quais produzimos valorosos alimentos e bioenergia, entre outros, para uma demanda mundial explosiva, trilhando um futuro brilhante ao nosso Doutor.

O agronegócio exportava US$ 20 bilhões em 2000 e terminou 2012 exportando praticamente US$ 100 bilhões para cerca de 200 países, tornando-se um dos mais importantes fornecedores mundiais de alimentos e gerando um incrível saldo na quase deficitária balança comercial brasileira.

Sua crescente produção deve gerar uma renda de R$ 300 bilhões em 2013, que se espalhará pelos pequenos e médios municípios produtores do interior do país; recursos que entram para construir hotéis, restaurantes, concessionários de automóveis, academias, residências, criando uma farra em sua circulação e promovendo um real desenvolvimento interiorizado.

O agronegócio brasileiro recebe o título de doutor porque consegue este desempenho enfrentando provavelmente a mais rigorosa legislação ambiental existente entre os países produtores de alimentos, condições logísticas só superiores a concorrentes africanos, uma rigorosa e anacrônica legislação trabalhista, além de tributos para sustentar o conhecido gigante Estado nacional.

O triste é que o agronegócio é um dos poucos doutores do Brasil, uma das poucas atividades na qual nossa sociedade compete e vence o jogo mundial. Portante, se existiu Natal de qualidade nas mesas das famílias brasileiras, este foi financiado pela produção e pelas exportações do Doutor Agro.

* Marcos Fava Neves é Professor titulas na Faculdade de Economia, Administração e contabilidade da Universidade de São Paulo, campus Ribeirão Preto (SP) e coordenador científico do Markestrat (Centro de Pesquisa e Projetos em Marketing e Estratégia).

Comentários do bloqueiro:

Este artigo foi publicado na Revista América Economia Brasil (aqui) e republicado aqui com autorização do autor. Imagem da postagem original. 

Não posso deixar de comentar a sincronia deste artigo que, publicado em meados de janeiro, antecedeu por poucos dias a vitória da Vila Isabel no carnaval do Rio de Janeiro fazendo uma justa homenagem ao agronegócio brasileiro com o samba enredo "A Vila Canta O Brasil Celeiro Do Mundo" e o segundo lugar para a Beija-Flor de Nilópolis com uma linda homenagem ao cavalo mangalarga marchador.

Viva o Agro! Viva o Brasil! (apesar dos pesares)

Comentários

Régis disse…
Além da rigorosa legislação ambiental, não podemos deixar de comentar as entidades públicas que deveriam proteger o progresso do agronegócio brasileiro que na verdade trabalham contra, com o discurso de defender... defender o que mesmo? Não consigo resposta para isso.
Jonas Thome disse…
"...promovendo um real desenvolvimento interiorizado." Os autores estão confundindo crescimento com desenvolvimento. Isso é coisa de blogueiro que, eventualmente, vai a campo e quando vai, é aquele conforto e hospitalidade para verificar um CRESCIMENTO pontual. Desculpe-me, mas, certamente você não conhece o Brasil. Conta outra, vai !
Luis Pereira disse…
Este "blogueiro" é Produtor Rural, tem calos nas mãos, vive no campo e conhece o interior do Brasil como ninguém - de norte a sul.
Ajuricaba disse…
Acho gozado esse pessoal.
Eu, Luis e Petterson nascemos e vivemos da roça e vem um teórico dizer que os teóricos somos nós.
Tailor disse…
Este e o tipo de visão que deveria ocorrer aqui no Brasil.
Provavelmente os agronegócios internacionais sabem de tudo isso e muito mais.
Tailor disse…
concordo com todos os comentarios aqui postados, inclusive o do JONAS, em parte, mas quero dizer a ele que o texto e mais falando de um Brasil competidor internacionalmente.
Luis Pereira disse…
Vou citar apenas um exemplo que conheço bem: Lucas do Rio Verde em MT. Até o final da década de 90 não havia nem energia elétrica na região. Hoje, graças ao agronegócio, é um dos melhores no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Crescimento pontual onde? Esse é apenas um dos milhares de exemplos Brasil afora. Problemas todos os municípios tem, como aumento da criminalidade, aumento no custo de vida, entre outros, mas o fato é que a população tem hoje acesso a uma infraestrutura impensável a 20 anos atrás. Tenho amigos que moram lá e falam muito bem da cidade e de sua ampla capacidade produtiva e circulação de divisas.
Jonas Thome disse…
Democraticamente :
1.Convite aberto: Faz. Serra Queimada - Rod MG 111 Km 170 Tombos - MG. (calos nas mãos e no cérebro).
2.Nunca confundir crescimento com desenvolvimento.
3. A competitividade é um fato, porém, com um risco iminente de tornarmos escravos de uma tecnologia controlada por empresas com intenções políticas internacionais diversas do que é o desejo de quem defende a liberdade, soberania e independência de uma Nação que quer orgulhar-se de seu povo.
4. Estamos CRESCENDO sem a adequada valorização do homem do campo, que permanece desqualificado profissionalmente e culturalmente, assim como sem o adequado apoio governamental eficaz(crédito,políticas de gestão, acompanhamento técnico isento, logística de escoamento, etc...)
5.A evolução social decorrente deste crescimento econômico ainda revela-se frágil e inconsistente.
Poderia continuar horas enumerando as nossas incompetências, mas,certamente prefiro as soluções cidadãs.
Carlos A. A. disse…
Pessoal, se voces conhecessem o livro do Marcos Fava Neves "Doutor Agro", e visse uma de suas palestras brilhantes onde monstra seu conhecimento imenso sobre o setor e sua paixão pelo agro, veriam que certamente estamos todos falando a mesma língua. Jonas ele é um aliado forte nosso e aborda tudo o que vc falou, com base, conhecimento e através de muitos trabalhos acadêmicos. Seu currículo é extenso(gastaria muitas linhas desse texto) e simplesmente invejável, onde estuda e defende o nosso agro aqui e la fora.