Código Florestal: Bispos do Brasil são quase um facção religiosa

No segundo volume de seu livro sobre a vida de Jesus, lançado oficialmente nesta quinta-feira, o papa Bento 16 afirma que o Cristo não era um 'revolucionário'. Em Jesus de Nazaré, da Entrada em Jerusalém até a Ressurreição, o sumo pontífice diz que Jesus 'não vem (ao mundo) como um destruidor. Ele não vem empunhando a espada de um revolucionário'. Em vez disso, Jesus vem 'com o dom da cura', para revelar 'o poder do amor'.

Bento 16 afirma que, na época em que Jesus viveu, não havia separação entre política e religião, e que teria sido o próprio Jesus que estabeleceu a distância entre as duas coisas. "Naquela época as dimensões política e a religiosa eram absolutamente inseparáveis", disse Bento 16. "Jesus, com sua mensagem e modo de agir, inaugurou um reino não político do Messias e começou a separar uma coisa da outra."

O papa afirma no livro que a imagem de Jesus como revolucionário teve relevância na década de 1960, quando autores interpretaram a passagem da purificação do Templo como um ato de violência política. O fato de Jesus ter sido preso e justiçado seria outra prova de que foi um revolucionário, na visão de autores naquela década.

"Esta tese provocou uma onda de teologias políticas e de teologias da revolução", escreve o papa, sem citar explicitamente movimentos como a Teologia da Libertação. "Desde então, acalmou-se a onda das teologias da revolução que tentou legitimar a violência como meio para instaurar um mundo melhor."

Dois dias antes, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, impregnada pela Teologia da Libertação que o Papa tenta limpar da Igreja Católica, se manifestou, em uma ato político, contrariamente à reforma do Código Florestal. Ressalte-se que a reforma proposta por Aldo Rebelo beneficia apenas pequenos produtores rurais familiares.

Os Bispos se manifestaram corretamente a favor da preservação ambiental, mas confundiram preservação ambiental com código florestal. Os Bispos do Brasil, vendo equivocadamente o Código Florestal como um ícone de preservação ambiental e o relatório de Aldo Rebelo como um ícone de destruição ambiental, acabaram levando a igreja católica a se posicionar contra uma mudança na lei que beneficia justamente os mais necessitados.

Esse é um dos perigos de se misturar religião com política e é por essas e outras que eu parei de freqüentar as missas de domingo. Nosso bispado ainda vive nos tempos de João Paulo II. Na era de Bento 16 nossos bispos formam quase um facção religiosa a parte.

Comentários

Luiz Prado disse…
E uma facção extremamente confusa, já que a Comissão Pastoral da Terra defende a "cultura ribeirinha" sem notar que os tais ribeirinhos estão sempre nas faixas marginais de proteção dos rios.