Novo Código Florestal custará R$ 200 bilhões. Quem pagará?

Rodrigo Lima, do AgroIcone: "Quanto mais baixa for a rentabilidade do produtor, maior será o impacto dessa regularização"
A regularização ambiental dos imóveis rurais do país ao Novo Código Florestal deverá demandar investimento de até R$ 200 bilhões nos próximos 20 anos, o equivalente a R$ 10 bilhões por ano, considerando-se restauração das áreas de proteção prevista na lei. Já o investimento em intensificação da pecuária necessários para o período serão de R$ 503 bilhões ou R$ 25 bilhões anuais.

Para atender ao novo Código, uma das primeiras exigências é a adesão ao Cadastro Ambiental Rural, que deve ser concluída até maio de 2016, e outros 20 anos para colocar em prática os Planos de Recuperação Ambiental (PRA). “Trata-se de uma agenda ambiciosa e complexa, mas que precisa acontecer”, afirma Rodrigo Lima, diretor geral da Agroicone, um dos responsáveis pela pesquisa.

Os dados foram divulgados na manhã da última quinta-feira, 6, em São Paulo, pelo Agroicone. A intensificação das áreas de pecuária extensiva será necessária para compensar as perdas de área que a regularização ambiental deve acarretar e terá efeito direito no bolso do produtor. “Quanto mais baixa for a rentabilidade do produtor, maior será o impacto dessa regularização”, avalia Lima.

Conforme Lima há um déficit de 6,3 milhões de há de áreas de preservação permanente (APP) e de 18,8 milhões de hectares de reserva legal. “O produtor precisa de crédito para restaurar áreas de APP. Tem de ter órgão ambiental em condição de receber, processar e monitorar os pedidos. É algo complexo e que exige ação conjunta”, avalia.

Até 2035, a redução estimada da área de pastagens deve atingir 23,4 milhões de hectares, para 159,4 milhões, redução de 12,8% ante aos 182,8 milhões de hectares de 2010. A projeção da consultoria é de que na mesma base de comparação, a produtividade por hectare passe de 3,7@/ha/ano para 6,4@/ha/ano. “Essa redução de área ocorrerá seja pelo código ou seja pela intensificação e a pecuária é a grande doadora de áreas”, argumenta.

Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Comentários