O novo fascismo é verde

"Hoje, eu tenho vergonha de ter assinado os documentos de criação deste parque, porque eu não sabia que ia morrer de fome no meio da floresta" diz Mpaka-Mbouiti, líder na aldeia de Loussala, no Conkouati-Douli National Park, no Congo.

Em outra aldeia dentro dos limites do parque, Celestin Mavoungou diz: "Os animais são mais importantes do que nós. Não temos o direito, mesmo quando os elefantes destroem nossos campos, as nossas reclamações às autoridades e ambientalistas não são levados em consideração".

O governo está determinado a reforçar a protecção nas unidades de conservação do país. Além das espécies vegetais e animais, o parque de Conkouati-Douli é também o lar de cerca de 3.000 pessoas que se sustentam da agricultura, da caça e da pesca.

Em novembro de 2008, o Congo promulgou uma lei que regula os parques nacionais e áreas protegidas. A lei retirou das comunidades que habitam há séculos as florestas de todos os direitos de uso dentro das zonas centrais de conservação. A caça só permitida se o caçador tiver uma licença que custa em torno de U$ 100. Muito além da capacidade dos antigos moradores do local. Os moradores dizem que a lei tem causado confusão e sofrimento. "Não sei nem mesmo onde fica os limites do parque. Não sabemos onde podemos cultivar ou não", diz Mpaka-Mobouiti.

A situação é semelhante em outros parques no país. "Os guardas não se contentam em proibir a caça, eles entram direto em nossas casas, reviram nossas panelas procurando carne de caça, diz Clémentine, um residente de Ngombe, perto da Nouabale Ndoki National Park.

O chefe do serviço governamental de conservação e gestão dos animais selvagens, não apenas justifica a ação do governo, como avisa: "É um grupo de pessoas teimosas que desafiam os guardas do parque." Nas discussões que tivemos com as pessoas antes de assinar os acordos que criaram os parques, eles sabiam muito bem que a caça seria proibido lá", disse Pierre Kama. "Se há pessoas com más intenções que tentam ignorar a lei, então vamos puni-los.

A ONG norte-americana Wildlife Conservation Society, que vem apoiando os esforços do Congo para criar parques a mais de 20 anos, também rejeita as acusações por moradores locais. "É uma mentira. Ninguém pode nos mostrar as aldeias onde esses problemas ocorrem", disse Nazaire Massambe, responsável pelas comunicações para da ONG no Congo.

Mas várias organizações de direitos humanos dão suporte às reivindicações locais. "Não somos contra a conservação", disse Roque Euloge N'zobo, do Observatório Congolês de Direitos Humanos "mas o que está acontecendo aqui, os direitos dos moradores são completamente violados".

O governo reconhece que cometeu alguns erros, e anunciou algumas revisões para a implementação da Lei de novembro de 2008 em Vida Selvagem e Áreas Protegidas. "Temos de admitir que, no passado, as comunidades florestais não estavam envolvidos. "É fumaça nos olhos. As comunidades não ganham nada. A criação dos parques não só as afastou de seus direitos, como também as empobreceu", diz N'zobo.

Essa é uma tradução livre de reportagem publicada http://www.complusalliance.org

Em tempo, no futuro, quando houver mais gente e menos bicho e planta no mundo, algum FDP vai arrumar um silogismo que moralize o genocídio. Não sei quanto a você, mas para mim isso é cristalino.

Se você acha que o Congo é longe, veja o mesmo problema aqui no Brasil, mais perto de você fisicamente, mas tão longe quanto o Congo: O Crime Perfeito

Mas se você ainda acha que a Amazônia é longe, veja o documentário abaixo sobre uma unidade de conservação privada aí no Sul maravilha:

Comentários

Luiz Prado disse…
A área em Guaraqueçaba foi comprada com grana da American Electric Power (Aep, uma das maiores poluidora dos EUA por operar usinas térmicas a carvão), General Motors e Chevron Oil, usando a The Nature Consevancy e a SPVS do Paraná como "veículos" (ou mulas desse tráfico desavergonhado).