O que as urnas disseram sobre o ambientalismo:

Caros, há tempos venho cozinhando a vontade de escrever um texto sobre esse tema, mas nunca encontrei a paz de espírito nem o tempo necessários. Recebi o texto abaixo, escrito por Nilder Costa do Portal Alerta em Rede, e resolvi republicar aqui no blogg. A opinião de Costa é muito semelhante à minha. Segue o texto abaixo:

Ambientalismo: as lições eleitorais do Acre e Roraima
Por Nilder Costa

A expressiva votação da candidata do Partido Verde (PV), Marina Silva, no primeiro turno das eleições presidenciais, motivou o movimento ambientalista e seus representantes legislativos e midiáticos a propagandear a falsa ideia de que os votos da candidata “verde” dariam um significativo respaldo à consolidação da agenda ambientalista na formulação das políticas públicas. Um objetivo imediato do movimento é neutralizar a proposta de reforma do Código Florestal apresentada pelo deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que este pretende ser apreciada pelo Congresso ainda este ano.

Não obstante, a conclusão do processo eleitoral possibilitou uma interessante avaliação do impacto real da aplicação de políticas ambientalistas e indigenistas radicais sobre a população, cujo resultado é um tanto diverso da ideia propagandística que atribui um grande peso de tais quesitos no processo de formação de opinião dos eleitores. Um bom indicador da realidade é o desempenho da candidata Marina Silva, do PV, e da presidente eleita Dilma Rousseff, nos estados do Acre e Roraima, dois dos que mais têm sofrido o impacto negativo das políticas ambientalistas e indigenistas em suas perspectivas de desenvolvimento socioeconômico.

No primeiro turno, os votos do Acre deram o tom da insatisfação popular com a agenda ambientalista: Marina, que confiava ganhar com folga no seu estado de origem, amargou o terceiro lugar entre os candidatos à presidência, pouco abaixo de Dilma Rousseff, com 23,58% dos votos, pouco acima da sua média nacional. Mesmo a candidata oficial, talvez, em parte, por representar a continuidade de um governo que permitiu um considerável avanço da agenda ambientalista no estado, também sofreu forte rejeição, obtendo apenas uma escassa margem acima de Marina, com 23,74%.

Em Roraima, estado que tem mais da metade do seu território demarcado como reservas indígenas e áreas de proteção ambiental, os votos de Dilma e Marina somados, no primeiro turno, não chegaram a 48%.

No segundo turno, também houve forte expressão de um sentimento de rejeição ao ambientalismo nas urnas, consolidada na fraca votação de Dilma nos dois estados. Em Roraima, ela teve apenas 33,44% dos votos válidos (contra 66, 56% de José Serra). No Acre, a candidata oficial recebeu ainda menos votos: apenas 30,33%.

Outra evidência da insatisfação popular com os excessos ambientalistas-indigenistas foi a expressiva votação do ex-líder dos arrozeiros de Roraima, Paulo César Quartiero, que foi o segundo deputado federal mais votado no estado.

A lição dos eleitores parece evidente: a proteção do meio ambiente e os cuidados com as comunidades indígenas não podem ser definidos por critérios ideológicos e políticos rasteiros, mas precisam ser inseridos no âmbito de políticas públicas orientadas pelo bem comum de toda a população, com o progresso e o desenvolvimento humanos ocupando a posição central. As lideranças políticas brasileiras devem se conscientizar sobre a impopularidade de tais bandeiras ambientalistas nos estados onde se fazem presentes, justamente porque agridem as oportunidades de progresso econômico e social das populações locais.
------------------------------------------ Em tempo, acho que o autor poderia ter mencionado que Roraima foi um dos únicos Estados onde Lula perder para Alkim na eleição anterior para presidente, exatamente porque apoiou de maneira irrestrita a demarcação contínua da Reserva Raposa-Serra do Sol mesmo contra a vontade da população de Roraima e até mesmo dos índios da reserva.

Esse tema, na minha leitura evidencia uma das causas da arbitrariedade e do autoritarismo do ambientalismo brasileiro. Uma vez que a região amazônica não tem peso político determinante, pode-se jogar sobre a Amazônia as políticas mais perversas e canalhas à titulo da preservação ambiental. Como aconteceu com Lula em 2002, ele phornicou a população de Roraima em nome da vontade do ambientalismo (inter)nacional, perdeu fragorosamente nas urnas e mesmo assim se elegeu presidente. A elevação da RL para 80% pelo Fernando Henrique teve o mesmo espírito político.

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