Jornalismo e Código Florestal: Transando com a irresponsabilidade

"O Código Florestal precisa ser votado logo pg NÃO AGUENTO MAIS ouvir o dep. Aldo Rebelo falando do Peru, da Bolívia e dos capiaus de Alagoas"

A frase acima foi publicada no twitter do jornalista Cláudio Ângelo, editor de CIÊNCIA do Jornal Folha de São Paulo.
Percebe porque a população urbana não compreende o Código Florestal? É através desse tipo de gente que ele recebe (des)informação. Você concebe um editor de jornal que trata pequeno produtor rural como "capiaus"?

Comentários

Ana disse…
Resposta ao jornalista preconceituoso.Ouça Almir Sater " Rapaz caipira", o resto, qui m'importa.
Na verdade, o dialeto do capial, resíduo de uma proibição do rei de Portugal, se refugiou no interior do Brasil, onde era menor o alcance da repressão lingüística determinada pelo monarca no século XVIII.” (José de Souza Martins)
Daí nasceu o caipirês, que é portanto um idioma mais próximo do verdadeiramente brasileiro.
E apesar de ser até uma forma de resistência cultural (que a língua imposta tenha pelo menos alguma coisa dos ancestrais) há quem considere este jeito de falar coisa de... caipira. É, porque caipira também ganhou uma conotação pejorativa, de alguém subdesenvolvido, alguém afastado da cultura, da civilização e da modernidade - seja lá o que for isso. Da mesma forma, “jeca”, presente do Monteiro Lobato antes de se arrepender de sua eugenia fascista, passou de nome próprio a adjetivo depreciativo.
Na verdade, ser jeca é não valorizar seu próprio conhecimento, sua história, sua terra, sua língua. Ser jeca é usar o inglês quanto temos palavras melhores. Só podemos nos referir ao “morador do mato” de maneira negativa se ele não for capaz de dar valor à sua própria cultura.
Um caso extremo: no Rio de Janeiro há um shopping (eita palavrinha jeca) chamado New York City Center (jequice total), que tem até uma estátua da liberdade na frente (!!!). É muito provável que seus freqüentadores achem que falar “muié” é coisa de jeca.