A crise do JBS e o futuro do Código Florestal


O desafio de adequar as propriedades rurais brasileiras às regras do Código Florestal subiu de nível. O novo Código Florestal impõe um custo significativo aos produtores rurais brasileiros sem receita que o compense. Recompor Reserva Legal e recuperar Área de Preservação Permanente tem custo e o dinheiro sairá do bolso do produtor rural. Se já seria difícil adequar as propriedades rurais ao Código Florestal no cenário de crise econômica com queda no consumo de carne, agora com a iminente falência do JBS, será praticamente impossível. Não se assustem se tivermos quer rediscutir o Código Florestal muito em breve.

A agricultura vei bem e terá menos problemas em adequar seus imóveis às regras do Código Florestal, apesar da perda de receita decorrente do retorno do Funrural. Mas a área agrícola do país é de 60 milhões de hectares apenas, 8% do território nacional. A maior parte do custo do Código Florestal será assumido pela pecuária, que ocupa cerca de 160 milhões de hectares.

O ciclo pecuária em momento de baixa somado à crise econômica já vinham derrubando o consumo de carnes, achatando as margens da pecuária e minando sua capacidade de investimento. O estardalhaço feito pela Polícia Federal com a operação Carne Fraca dificultou ainda mais as coisas ao apertar o funil dos mercados internacionais. Agora, a iminente falência do frigorífico JBS, que controla 25% do processamento de carne bovina do país torna o cenário ainda mais complicado. Há quem diga que antes de 2019 a pecuária não tira a vaca do brejo.


Diga-se de passagem que o retorno do Funrural, que rouba margem da agricultura, também roubará da pecuária. Tudo junto e misturado, o futuro será de preços da arroba e margens ainda menores nos próximos anos. Margens menores implicam em menor capacidade de investimento, tando investimento produtivo, quanto investimento em recuperação ambiental.

O CEPEA já vem apostando que metade dos pecuaristas sumirão do mercado na próxima década exatamente pelo desbalanço entre custos elevados e receitas minguadas. Esse cenário já seria agravado pelas operações de adequação dos imóveis ao Código Florestal que trazem custos sem receita. Agora, deve ser muito pior com a desorganização das operações do JBS e a queda nos preços da arroba e na receita do pecuarista.

Se o ambientalismo brasileiro fosse sério, estaria lutando junto com os setor produtivo pela saúde financeira da pecuária. É dela que virá (ou não) as ações de compliance relacionadas ao Código Florestal.


A gestão anterior do Ministério do ½ Ambiente compreendia a necessidade de o movimento ambientalistas trabalhar COM o setor produtivo na busca de soluções que viabilizassem a adequação dos imoveis rurais ao Código Florestal. Mas a gestão atual é feita por gente que odeia o setor produtivo. Os nossos ecólatras, quando não estão jogando gasolina na crise que matará o Código Florestal, estão silentes. O ambientalismo brasileiro não é sério.

Na opinião deste blogger, o cenário de crise no horizonte da pecuária nos obrigará a rediscutir o Código Florestal. Preparem-se.

No dia 20 de março deste ano, publiquei aqui no blog o post: Carne Fraca resultará (re)discussão do Código Florestal. Este post é uma adaptação do primeiro ao cenário piorado dos últimos 90 dias.

Fotos: Wenderson Araujo

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