Caros, hoje, domingão de sol em Brasília, este blogger planejando tomar umas cervejas geladas com energia elétrica de Tucuruí e comer uma picanha sem Reserva Legal grelhada com gás natural, acompanhada de um arroz de várzea e salada de tomates de encostas maiores de 45º, quando vejo no Globo Rural uma reportagem sobre Paragominas e o indignômetro estoura todos os limites. É impressionante como o Globo Rural virou um programa de fofocas sobre o campo. Virou mais um veículo de comunicação que olha o campo com um prisma urbano.
O programa conta em meia verdade a história do "esverdeamento" do município de Paragominas. Pois bem, eu morei em Paragominas quando esse programa foi criado e vou contar-lhes agora essa história em verdades inteiras. Vocês entenderão porque o modelo desenvolvido nas particularidades de Paragominas não serve de modelo para a Amazônia em geral e o risco que representa essa generalização espúria. Peço que prestem bem atenção nas fotos que ilustram esse post pois elas serão chave para que os senhores entendam a história.
Você pode ver a reportagem ruim do Globo Rural clicando aqui.
Em 2004 os números do desmatamento de florestas na Amazônia atingiram outro pico histórico quase igual ao de 1995. Sempre que o desmatamento na Amazônia atinge um pico os políticos em Brasília abrem o saco de pirotecnia para acalentar a opinião pública internacional. Em 1995 Fernando Henrique inventou a Medida Provisória 1.511 que alterou o Código Florestal e deu às ONGs a gerência do processo legislativo do Código. Já em 2004 o governo Lula trouxe a Operação Arco de Fogo.
A operação funcionava assim: O Ibama descia na Amazônia de helicóptero acompanhado da polícia federal e do exército e fechava tudo o que era politicamente incorreto: serrarias eram lacradas, agricultura era embargada, boi era pirata, tudo era simplesmente fechado.
O resultado era que municípios cuja economia dependia do modelo predatório de exploração da floresta restavam na completa miséria após a operação da Marina Silva. Pessoas ficaram sem emprego e sem perspectiva de vida. Mas, e daí? Dane-se! Paciência. O importante é salvar a Amazônia. O fato de os amazônidas serem violentados no processo é apenas "dano colateral". O humanismo dos ecólatras biocênctricos não passa daí com a conivência indolente da opinião pública urbana.
Por exemplo. Vejam o vídeo anterior. Há nele um personagem fortíssimo que diz a frase "a gente é cidadão". Você vai precisar ler os lábios do personagem para ouvir, mas vai ver com facilidade. Tente identificar a figura do personagem com os estereótipos comuns da Amazônia: grileiro, posseiro, madeireiro, pistoleiro, etc. Se conseguir, me avise. A população urbana foi doutrina a ver o movimento de outro forma. Veja:
Mas em Paragominas foi um pouco diferente. A, por assim dizer, reportagem do Globo Rural ainda faz alguma referência aos efeitos da Arco de Fogo em Paragominas. Segundo o texto, "a economia do município entrou em colapso, quase dois mil postos de trabalho foram extintos". A prefeitura de Paragominas sabe que foram mais de dois mil, mas porque tirar as fitas vermelhas da reportagem, não é mesmo?
A economia de Paragominas entrou mesmo em colapso, como entraram as economia de todos os outros municípios por onde passou a operação dos ambientalistas do governo. Em alguns deles, como Buriticupú e Açailândia, no Maranhão, Buritis, em Rondônia, Apuí e Lábrea, no Amazonas, Novo Progresso, Altamira e Tailândia, no Pará, aconteceram revoltas populares contra a operação do Governo. Revoltas que opinião pública entendeu, com ajuda dos ambientalistas e dos jonralões, que eram apenas reação de Geni ao apedrejamento, como bem explicou Sarneyzinho do vídeo.
Então por que em Paragominas foi diferente? Paragominas foi diferente por causa da maravilha mostrada no imagem a seguir retirado o Google Earth. A imagem mostra um fantástica mina de Bauxita. Essa mina fez com que os efeitos da operação Arco de Fogo fossem diferentes em Paragominas e nas outras cidades da Amazônia.
Por ocasião da operação de asfixia da economia predatória (desmatamento) do governo a economia de Paragominas já não era mais completamente dependente da mineração florestal. Aqueles empregos perdidos por consequência da operação do governo já vinham sendo substituídos, EM PARAGOMINAS, pelos empregos da mineração e da economia de bens e serviços que gravita em torno da mineração propriamente dita. Por causa da existência da mina de bauxita a economia de mineração florestal, do mal, pode ser substituída pela economia da mineração mineral, do bem, sem que efeitos sociais deletérios aos amazônidas.
Até aqui, senhoras e senhores, tudo bem. Até aqui todos os acontecimentos são louváveis. Mas aí vem a pilantragem. Em tempo, essa parte do post foi escrita tomando uma Budweiser, fumando um Camel e ouvindo Come as you are, do Nirvana. Funciona melhor.
Nada na Amazônia acontece sem a bênção da ONGs. Quem vive na Amazônia, quem alimenta a economia na região, sabe claramente disso. Se você quer sobreviver economicamente na Amazônia você precisa de uma espécie de "salvo conduto" das ONGs. Caso contrário elas usaram suas ligações no Ministério Público, nos jornais e na academia para destruí-lo. Elas se tornaram extremamente eficazes nisso.
Quando a Arco de Fogo desceu em Paragominas desceu com a mesma virulência com que se abateu sobre todas as outras cidades da Amazônia. Veja: Minc comanda ação contra madeireiros após saque no Pará. Eles não perguntaram de havia pacto contra desmatamento zero, ou se a pecuária local tentava intensificar a produção, ou se valia a pena substituir pecuária extensiva por agricultura. Chegaram, abençoados pela opinião pública, metendo o cacete em todo mundo.
Mas aí o pessoal de Paragominas achou um jeito fantástico de sair do "corner". Eles trouxeram as ONGs para dentro. A, por assim dizer, "reportagem" do Globo Rural mostra bem a "parceria" entre o município e as ONGs Imazon e TNC. Mas várias outras foram cooptadas no mesmo processo.
A coisa foi construída assim. A Vale S.A., que era dona da Mina de Bauxita, criou um negócio maravilhoso chamado Fundo Vale. Conheça: http://www.fundovale.org/. Através do Fundo a empresa começou a drenar dinheiro da mineração para as ONGs através de convênios e termos de cooperação. Imazon, TNC, Isa, SOS Mata Atlântica, todas têm ou tiveram projetos financiados por esse esquema. O projeto do Professor Ricardo Rodrigues, da Esalq, é tocado em parte com dinheiro do fundo. Além disso, o Ministério do Meio Ambiente, também começou a bombear o dinheiro do Fundo Amazônia para as mesmas ONGs envolvidas no processo. Resultado foi que as ONGs, felizes, fartamente financiadas, finalmente deram o "salvo conduto" para a ação de Paragominas e para outros projetos da empresa na Amazônia. Para se ter uma ideia, A Vale está plantando milhares de hectares de eucalipto na Amazônia com o tal salvo conduto das ONGs.
Veja, não há nada de ilegal nisso. Esse é só mais um entre tantos exemplos daquilo que os americanos chamam de greenwashing. Coisa completamente natural no mundo da sustentabilidade das ONGs.
Qual é o problema disso, então?
O problema é que os ecocanalhas começaram a afirmar que o exemplo particularíssimo de Paragominas deve ser replicada para os demais municípios da região, inclusive aqueles que não dispõem de minas de bauxita ou algo que o valha.
Os ecomoleques estão usando Paragominas para reafirmar que seu modelo canalha, desumano, quasifascista de preservação da Amazônia por asfixia da economia predatória deve ser intensificado. Eles estão usando o exemplo de Paragominas para ludibriar a opinião pública com o sofisma de que não há efeitos sociais deletérios quando se acaba com o desmatamento.
Reparem que ninguém fala da mina quando conta a história de Paragominas. Eles não falam porque precisam esconde-la. O sofisma do Modelo de Paragominas só funciona sem a mina.
Peço que quem chegou até aqui olhe para a primeira imagem desse post. É um imagem da área da mina de bauxita. Estão vendo esse pontinhos coloridos na imagem? São alertas de desmatamento detectados pelo Inpe em Paragominas. É desmatamento legal. Lembra da reportagem do Globo Rural, o Amaralzinho dizendo que todo o desmatamento que acontece em Paragominas é legal? Amaralzinho faz referência a esses pontinhos coloridos aí. A imagem do Google é antiga, então hoje é bem provável que toda essa mata próxima aos pontinhos coloridos tenha virado alumínho ecológico.
Mas... sshhhsss.... ninguém fala da mina... não contem pra ninghém... ssshhhhsss... não tuitem, não curtam, não ponham no facebook... sssshhhhhssss.....
O programa conta em meia verdade a história do "esverdeamento" do município de Paragominas. Pois bem, eu morei em Paragominas quando esse programa foi criado e vou contar-lhes agora essa história em verdades inteiras. Vocês entenderão porque o modelo desenvolvido nas particularidades de Paragominas não serve de modelo para a Amazônia em geral e o risco que representa essa generalização espúria. Peço que prestem bem atenção nas fotos que ilustram esse post pois elas serão chave para que os senhores entendam a história.
Você pode ver a reportagem ruim do Globo Rural clicando aqui.
Em 2004 os números do desmatamento de florestas na Amazônia atingiram outro pico histórico quase igual ao de 1995. Sempre que o desmatamento na Amazônia atinge um pico os políticos em Brasília abrem o saco de pirotecnia para acalentar a opinião pública internacional. Em 1995 Fernando Henrique inventou a Medida Provisória 1.511 que alterou o Código Florestal e deu às ONGs a gerência do processo legislativo do Código. Já em 2004 o governo Lula trouxe a Operação Arco de Fogo.
A operação funcionava assim: O Ibama descia na Amazônia de helicóptero acompanhado da polícia federal e do exército e fechava tudo o que era politicamente incorreto: serrarias eram lacradas, agricultura era embargada, boi era pirata, tudo era simplesmente fechado.
O resultado era que municípios cuja economia dependia do modelo predatório de exploração da floresta restavam na completa miséria após a operação da Marina Silva. Pessoas ficaram sem emprego e sem perspectiva de vida. Mas, e daí? Dane-se! Paciência. O importante é salvar a Amazônia. O fato de os amazônidas serem violentados no processo é apenas "dano colateral". O humanismo dos ecólatras biocênctricos não passa daí com a conivência indolente da opinião pública urbana.
Por exemplo. Vejam o vídeo anterior. Há nele um personagem fortíssimo que diz a frase "a gente é cidadão". Você vai precisar ler os lábios do personagem para ouvir, mas vai ver com facilidade. Tente identificar a figura do personagem com os estereótipos comuns da Amazônia: grileiro, posseiro, madeireiro, pistoleiro, etc. Se conseguir, me avise. A população urbana foi doutrina a ver o movimento de outro forma. Veja:
Mas em Paragominas foi um pouco diferente. A, por assim dizer, reportagem do Globo Rural ainda faz alguma referência aos efeitos da Arco de Fogo em Paragominas. Segundo o texto, "a economia do município entrou em colapso, quase dois mil postos de trabalho foram extintos". A prefeitura de Paragominas sabe que foram mais de dois mil, mas porque tirar as fitas vermelhas da reportagem, não é mesmo?
A economia de Paragominas entrou mesmo em colapso, como entraram as economia de todos os outros municípios por onde passou a operação dos ambientalistas do governo. Em alguns deles, como Buriticupú e Açailândia, no Maranhão, Buritis, em Rondônia, Apuí e Lábrea, no Amazonas, Novo Progresso, Altamira e Tailândia, no Pará, aconteceram revoltas populares contra a operação do Governo. Revoltas que opinião pública entendeu, com ajuda dos ambientalistas e dos jonralões, que eram apenas reação de Geni ao apedrejamento, como bem explicou Sarneyzinho do vídeo.
Então por que em Paragominas foi diferente? Paragominas foi diferente por causa da maravilha mostrada no imagem a seguir retirado o Google Earth. A imagem mostra um fantástica mina de Bauxita. Essa mina fez com que os efeitos da operação Arco de Fogo fossem diferentes em Paragominas e nas outras cidades da Amazônia.
Por ocasião da operação de asfixia da economia predatória (desmatamento) do governo a economia de Paragominas já não era mais completamente dependente da mineração florestal. Aqueles empregos perdidos por consequência da operação do governo já vinham sendo substituídos, EM PARAGOMINAS, pelos empregos da mineração e da economia de bens e serviços que gravita em torno da mineração propriamente dita. Por causa da existência da mina de bauxita a economia de mineração florestal, do mal, pode ser substituída pela economia da mineração mineral, do bem, sem que efeitos sociais deletérios aos amazônidas.
Até aqui, senhoras e senhores, tudo bem. Até aqui todos os acontecimentos são louváveis. Mas aí vem a pilantragem. Em tempo, essa parte do post foi escrita tomando uma Budweiser, fumando um Camel e ouvindo Come as you are, do Nirvana. Funciona melhor.
Nada na Amazônia acontece sem a bênção da ONGs. Quem vive na Amazônia, quem alimenta a economia na região, sabe claramente disso. Se você quer sobreviver economicamente na Amazônia você precisa de uma espécie de "salvo conduto" das ONGs. Caso contrário elas usaram suas ligações no Ministério Público, nos jornais e na academia para destruí-lo. Elas se tornaram extremamente eficazes nisso.
Quando a Arco de Fogo desceu em Paragominas desceu com a mesma virulência com que se abateu sobre todas as outras cidades da Amazônia. Veja: Minc comanda ação contra madeireiros após saque no Pará. Eles não perguntaram de havia pacto contra desmatamento zero, ou se a pecuária local tentava intensificar a produção, ou se valia a pena substituir pecuária extensiva por agricultura. Chegaram, abençoados pela opinião pública, metendo o cacete em todo mundo.
Mas aí o pessoal de Paragominas achou um jeito fantástico de sair do "corner". Eles trouxeram as ONGs para dentro. A, por assim dizer, "reportagem" do Globo Rural mostra bem a "parceria" entre o município e as ONGs Imazon e TNC. Mas várias outras foram cooptadas no mesmo processo.
A coisa foi construída assim. A Vale S.A., que era dona da Mina de Bauxita, criou um negócio maravilhoso chamado Fundo Vale. Conheça: http://www.fundovale.org/. Através do Fundo a empresa começou a drenar dinheiro da mineração para as ONGs através de convênios e termos de cooperação. Imazon, TNC, Isa, SOS Mata Atlântica, todas têm ou tiveram projetos financiados por esse esquema. O projeto do Professor Ricardo Rodrigues, da Esalq, é tocado em parte com dinheiro do fundo. Além disso, o Ministério do Meio Ambiente, também começou a bombear o dinheiro do Fundo Amazônia para as mesmas ONGs envolvidas no processo. Resultado foi que as ONGs, felizes, fartamente financiadas, finalmente deram o "salvo conduto" para a ação de Paragominas e para outros projetos da empresa na Amazônia. Para se ter uma ideia, A Vale está plantando milhares de hectares de eucalipto na Amazônia com o tal salvo conduto das ONGs.
Veja, não há nada de ilegal nisso. Esse é só mais um entre tantos exemplos daquilo que os americanos chamam de greenwashing. Coisa completamente natural no mundo da sustentabilidade das ONGs.
Qual é o problema disso, então?
O problema é que os ecocanalhas começaram a afirmar que o exemplo particularíssimo de Paragominas deve ser replicada para os demais municípios da região, inclusive aqueles que não dispõem de minas de bauxita ou algo que o valha.
Os ecomoleques estão usando Paragominas para reafirmar que seu modelo canalha, desumano, quasifascista de preservação da Amazônia por asfixia da economia predatória deve ser intensificado. Eles estão usando o exemplo de Paragominas para ludibriar a opinião pública com o sofisma de que não há efeitos sociais deletérios quando se acaba com o desmatamento.
Reparem que ninguém fala da mina quando conta a história de Paragominas. Eles não falam porque precisam esconde-la. O sofisma do Modelo de Paragominas só funciona sem a mina.
Peço que quem chegou até aqui olhe para a primeira imagem desse post. É um imagem da área da mina de bauxita. Estão vendo esse pontinhos coloridos na imagem? São alertas de desmatamento detectados pelo Inpe em Paragominas. É desmatamento legal. Lembra da reportagem do Globo Rural, o Amaralzinho dizendo que todo o desmatamento que acontece em Paragominas é legal? Amaralzinho faz referência a esses pontinhos coloridos aí. A imagem do Google é antiga, então hoje é bem provável que toda essa mata próxima aos pontinhos coloridos tenha virado alumínho ecológico.
Mas... sshhhsss.... ninguém fala da mina... não contem pra ninghém... ssshhhhsss... não tuitem, não curtam, não ponham no facebook... sssshhhhhssss.....
Comentários
A história de Paragominas tem duas partes. Uma parte fascinante uma parte canalha.
Mostrei no post a parte canalha. A parte fascinante é a seguinte.
Muito do que aconteceu em Paragominas se deve à sagacidade de dois homens: Adnan Demachki, prefeito de Paragominas, e Mauro Lúcio, Presidente do Sindicado Rural da cidade.
Adnan e Mauro têm uma coisa em comum que os difere de grande parte dos Amazônidas. Eles são filhos da primeira geração de brasileiros que foi instada a ocupara a região. Eles não são arrivistas, são filhos da terra. Assim como este blogger que vos blogga.
Já tive a oportunidade de conversar pessoalmente com ambos. São pessoas inteligentíssimas e comprometidas com o futuro da região.
Infelizmente o futuro região vem sendo construído por gente que fora, que tende a ver a Amazônia como um santuário, não como um lugar onde vive gente, onde vive história.
Haverá um dia em que os desígnios da região serão ditados por pessoas como Adnan e Mauro Lúcio. Nesse dia a Amazônia e os amazônidas estarão mais seguros.
Ciro.
Claramente, adoram denunciar o agricultor e declarou guerra contra ele, caso este nega a se submenter ao jugo da Ditadura Ambiental.
Observe que em vários de suas reportagens-lixos, eles mencionam, com uma certa frequência, as palavras chaves, tais como:
"sustentabilidade", "aquecimento global", "destruição da Amazônia", etc, no sentido de sutilmente fazer a cabeça dos mais fracos.
Rafaela Patricia, estudante de Engenharia Florestal UEPA, Paragominas.
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