A ciência do apocalipse

Uma ampla revisão da literatura acadêmica sobre a relação do esquentamento global com a Amazônia foi publicada na revista Nature desta semana. Como de costume os cientistas alarmam a opinião pública mundial sobre a necessidade de se preservar a Amazônia, mas esquecem de dizer que o destino de 25 milhões de brasileiros está ligado aos destinos da região.

O levantamento da Nature mostra pesquisas prevendo secas cada vez mais frequentes e intensas e incêndios proliferando e desmatamento descontrolado. Segundo a revista o resultado dessa catástrofe é um processo de "savanização" das porções sul e leste da Amazônia. A maior floresta tropical do mundo vem ganhando contorno de cerrado e perdendo parte da sua capacidade de armazenar carbono. Segundo a análise da revista uma série de fatores, humanos e naturais, estão sobrecarregando a borda oriental da floresta, nos estados do Pará, do Tocantins e de Mato Grosso, justamente onde vive a maioria dos amazônidas.

A recente redução do desmatamento para os menores níveis da história é vista pela Nature como um "frágil" desvio no percurso catastrófico da sina da Amazônia. "No ano passado houve um aumento no desmatamento. A reversão dessa tendência no segundo semestre fez com que a média do ano ficasse ligeiramente abaixo da de 2010", sofismou a pesquisadora do Instituto de Biologia da UnB Mercedes Bustamante, ao tentar explicar que o desmatamento da Amazônia subiu mas caiu. "Isso revela que, em algumas regiões, o desmatamento ainda é problemático e precisa ser resolvido", arrematou o sofisma a pesquisadora da UnB.

Sofisma estabelecido, os cientistas do apocalipse avisam que, com a persistência da retirada da floresta e as queimadas ainda longe de serem controladas, de certo modo, o mal já está feito. "Há uma alteração importante no clima da própria região", contou Marcos Longo, pesquisador brasileiro da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que, assim como Bustamente, integra o time de autores da revisão bibliográfica. "Nos lugares onde a largura desmatada é de pelo menos 150km², há uma alteração na formação das nuvens e no ciclo de chuvas", profetizou curtamente Longo.

Mas os cientistas confessam que os efeitos do "enfraquecimento" da Amazônia ainda não são totalmente entendidos. Contudo, todavia, entretanto, os pesquisadores sabem com certeza que eles são, em maior ou menor escala, catastróficos. Ainda não sabemos se a floresta é grande consumidora de carbono produzido externamente ou se ela está próxima do equilíbrio. O que os cientiastas sabem é que a floresta é mais ou menos como um depósito de petróleo escondido nos subterrâneos das arábias, ou seja um grande depósito de carbono. "A floresta funciona como um gigantesco reservatório natural de carbono", conta Mercedes Bustamante, da UnB, sem explicar por que é menos feio liberar o carbono fóssil do petróleo.

Os neo pregadores do apocalipse ainda criam um link entre a necessidade de preservar a Amazônia e a atitude da população mundial. "As plantas utilizam o carbono presente na atmosfera para se desenvolver. É como se elas "comessem" esse carbono", explica Marcos Longo. "Quando não há vegetação, não há quem utilize esse carbono. Da mesma forma, quando há derrubada da floresta, o carbono armazenado nas árvores vai para algum lugar, no caso, para a atmosfera." Assim, a balança de carbono mundial ficaria ainda mais desequilibrada, com menos seres consumindo o elemento e uma gigantesca quantidade da substância despejada na natureza.

Embora no editorial a revista faça uma quase imperceptível referência à existência de 25 milhões de pessoas na Amazônia, o catastrofismo dos cientistas preme a opinião mundial a não enxergá-las. As estratégias de preservação da Amazônia posta em prática hoje pelo governo são fundamentalmente desumanas. Fecha-se serrarias ilegais e larga-se as pessoas sem emprego e sem perspectiva. Os índices sociais na região vem piorando nos últimos anos porque o mundo está preocupado apenas com a floresta e não se importa com os amazônidas.

É como escreveu certa fez o filósofo franco-argelino Albert Camus, vivemos na época do crime perfeito, do crime justificado por um sistema filosófico abstrato.

Clique aqui e envie este post ao Corresponding Author da revisão da Nature. Quem sabe a turma acorda para as consequências dos seus atos.

Veja mais sobre as consequências do alarmismo no vídeo abaixo:


Ou no texto: O crime perfeito

Comentários

Braso disse…
Realmente o ser humano pobre não é levado em consideração, quem sabe um dia nossas liderancas poderão exigir dos nossos governantes mais investimentos no ser humano, tanto como investe em ONGs fundamentalistas.