Estimulados pela necessidade ou pelo desejo, índios do mundo real alugam terras para a exploração ilegal de madeira.
Além do apito, índio quer tecnologia e o direito à autonomia financeira que a FUNAI e o Estado não oferecem. |
Abro minha caixa de emails para checar as novidades e dou de cara com a manchete, da Folha de hoje: "Índios 'alugam' terras para exploração ilegal de madeira'. (Acesse a íntegra da reportagem no link abaixo)
Para quem como eu, conhece e acompanha há mais de duas décadas a triste realidade de abandono em que vive grande parte das comunidades indígenas deixadas à própria sorte, como se abandono fosse a regra oficial do indigenismo nacional, a notícia não guarda qualquer novidade.
Mas para aqueles engenheiros sociais que querem fazer dos indígenas os novos ícones e heróis civilizadores do ambientalismo internacional, a notícia cairá como mais uma das muitas bombas Hs, que há mais de duas décadas vem solapando a credibilidade do aparato ambientalista/indigenista inter/nacional.
Guiados por uma genuína e positiva curiosidade jornalística três repórteres da Folha de São Paulo revelam aquilo que três batalhões de jornalistas inter/nacionais não querem que seja revelado: a conivência de indivíduos e mesmo de comunidades indígenas com as atividades ilegais de desmatamento na Amazônia.
A reportagem da Folha identificou que, estimulados pela necessidade ou pelo desejo índios de pelo menos 15 Terras Indígenas na Amazônia, vem loteando seus próprios territórios tradicionais para que madeireiros desmatassem conforme seu interesse, compartilhando com eles parte dos lucros destas atividades ilegais. Tal atividade é apenas uma das já conhecidas, mas renovadas práticas de utilização ou exploração compartilhada que indígenas promovem de seus territórios. Exemplos de tais atividades, não faltam e podem ser encontrados por todos os cantos do país e vão desde arrendamento de terra para plantio de soja e criação "ilegal" de gado, até a extração ilegal de ouro gerenciada ou de diamantes azuis.
Os próprios servidores da FUNAI entrevistados revelam qiuea as negociações envolvem preços muito abaixo do preço de mercado, itens eletrônicos, e é claro, muitas bebidas e não tão belas prostitutas.
Mesmo no tão respeitado Parque Indígena do Xingú, celebrado ícone do indigenismo nacional, as investigações da Polícia Federal detectaram o esquema ilegal em 2007. A decisão da Justiça Federal dizia que os índios "não só foram aliciados para facilitar a ação [...] como se tornaram agentes ativos e destacados na extração e comercialização de madeiras".
Coitado do pobre Almir Suruí, que já algum tempo vem se tornando minoria dentro da própria terra indígena Sete de Setembro. Ele mesmo relata ter informado à FUNAI sobre a conivência de moradores de algumas das 25 aldeias da sua área. E com a inocência de quem ainda não percebeu o quanto este fato é incomodo para a propaganda mitológica construída em torno da idealização do indígena revela de forma clara como a ideologia predominante do órgão indigenista tem implicações muito concretas em sua condução prática: "Eles falam que não podem mandar fiscalização porque tem índio envolvido. Se tem, para mim é bandido como quaisquer outros. Além de roubar o próprio povo, rouba um bem da União."
Sem se perceber da gravidade da denúncia que faz, Almir Suruí revela com muita tranqüilidade que, para salvaguardar o mito e a propaganda falaciosa dos indígenas messias-redentores da humanidade, a FUNAI prefere manter o precioso sigilo sobre a dilapidação do patrimônio indígena e nacional do que fazer o que é certo e enviar às áreas denunciadas uma equipe de fiscalização para interromper as atividades ilegais. Resta saber se nossos parlamentares concordam com esta forma... inusitada de se conduzir um órgão governamental responsável pela aplicação das diretrizes constitucionais, que asseguram no Parágrafo 231 a competência da União em demarcá-las, proteger e fazer respeitar este patrimônio da própria União.
Algumas últimas observações importantes: livre das imposições éticas pós-modernas e despreocupado com as possíveis repercussões negativas de sua fala, Almir Suruí sente-se a vontade para reconhecer que sim: também têm índio bandido sim (apesar dele manter uma dúvida estratégica: Se tem...), envolvidos em qualquer esquema ilegal além de roubar do próprio povo, ele estará roubando também da União. Só mesmo um valoroso Suruí para falar à nação aquilo que as amarras do políticamente correto nos impede.
Em todo o resto do país, falar ou reconhecer este fato prosáico, por mais lógico, claro e evidente que seja para a grande parte dos brasileiros, está ficando cada dia mais arriscado hoje. Pode dar processo, esfolamento ou linchamento na fogueira pública pós-moderna da blogosfera e tuitosfera (que parece estar queimando com mais ardor depois de uma certa entrevista na InfoVias) e em alguns casos até prisão no mundo real. Meus sinceros reconhecimentos àqueles dispostos a revelar a face perversa e fracassada da utopia indígeno/ambientalista refratárias à regulamentação das atividades econômicas em Terras Indígenas e a recusa ideológica e paternalista em permitir a inserção do indígena no mercado.
Ainda vamos falar muito, muito destes temas por aqui. Motivos e casos não faltam. EML.
Link da Matéria na Íntregra: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/90580-indios-alugam-terras-para-exploracao-ilegal-de-madeira.shtml
A foto é de Fábio Pozzebom, da Agência Brasil.
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