Dilma terá de criar imposto sobre ambientalismo para reduzir preços da cesta básica

A Presidente reduziu os impostos sobre diversos produtos da cesta básica, e fez o anúncio em cadeia nacional. É claro que está de olho nas eleições. Mas será que ela realmente obterá o efeito esperado?


O Professor de Economia da USP, Heron do Carmo, tem décadas de experiência com índices de inflação. Ele sabe o que diz quando explica - em artigo no jornal Estado de São Paulo - que a promessa de controle da inflação de alimentos por meio de desoneração dos produtos da cesta básica é um tiro no pé. O raciocínio é simples: os
preços de commodities agrícolas são naturalmente instáveis e sensíveis a pequenas variações na relação entre oferta e demanda. A demanda está consistentemente em alta. A redução de impostos estimula o aumento da produção, mas não garante que a oferta vá conseguir crescer mais do que a demanda. Com isso, os preços continuarão aumentando nos supermercados.

Estão implícitos no raciocínio de Heron as fortes restrições ao aumento da oferta agropecuária no Brasil. Trata-se de condições vergonhosas de infraestrutura de transportes, de burocracia letárgica em todas as etapas da cadeia, mas também, é claro, de insegurança jurídica na legislação de uso da terra. O produtor está sujeito a risco não negligenciável de expropriação de suas terras, bem como de inviabilização de seu negócio via estrangulamento do acesso ao crédito, proibição de venda a frigoríficos, etc.

A inflação de alimentos vai continuar subindo. Se as restrições de oferta não forem controladas, logo estaremos substituindo produto nacional por produto importado. Isso no país que tem a maior vantagem comparativa de todo o mundo em produção agropecuária.

Veta, Dilma!

Comentários

Luiz Prado disse…
Ela e o TCU - e os TCEs - poderiam começar a fiscalizar o uso dos rios de dinheiro das "compensações ambientais", que somem...

Hoje em dia tem "compensação ambiental" até nas conversões de multas e nos TACs, além das previstas em lei.

E as unidades de conservação continuam abandonadas.