O MST e o Código Florestal

Nós quem, cara-verde!?
Deolinda Alves de Souza, mulher do líder do MST José Rainha Júnior, é candidata à deputada estadual em São Paulo pelo PCdoB. Diolinda Sem Terra, como é conhecida, faz fortes ressalvas à legislação ambiental. "Aos assentados, até o capim é proibido pela lei ambiental. Se a lei mudasse, poderíamos assentar um outro tanto de famílias", diz Diolinda, fazendo referência ao atual Código Florestal.

Uma das lutas dos assentados da reforma agrária que deverá ser travada no Congresso Nacional será justamente a aprovação do projeto de lei do Código Florestal. Nos assentamentos, a principal fonte de renda das famílias é a produção de leite. A vaca, portanto, é quase um animal sagrado. Mas ali, a lei proíbe a vaca de pastar. Com a seca que atinge a região, os animais estão passando fome e morrendo.

Entre os assentados que Diolinda Sem Terra quer representar está Dercy Gomes Cordeiro. Ontem (20) Dona Dercy executou uma tarefa difícil em seu lote: teve que sacrificar uma de suas vacas de leite. O seu relato é comovente e mostra a situação absurda à qual estão submetidos os pequenos produtores rurais no Brasil.

"Com essa seca, o gado está morrendo. Essa semana caiu uma vaca minha que dava 12 litros de leite, já chegadinha para criar. Ela foi sacrificada hoje porque já não levantava mais. Ela criou deitada, está lá o bezerrinho para quem quiser ver, e na garupa da moto está o leite que eu fui buscar para dar para esse bezerrinho. Tem a reserva (legal), o pasto alto na reserva, e eu não posso usar porque é proibido", disse a corajosa Dercy.

No lote de 18 hectares que recebeu, Dercy e seu marido têm algumas cabeças de gado e plantam milho e mandioca. Como a área possui água, para diversificar a produção e aumentar um pouco a renda familiar eles procuraram ajuda para implantar a piscicultura: foram informados que a atividade seria ilegal.

O medo das multas ambientais assombra. Em junho deste ano, em Mirante do Paranapanema, 64 vacas foram procurar o capim verde da reserva legal do assentametno por causa da seca. Os proprietários dos animais, todos assentados da reforma agrária, foram multados em mais de R$ 3 milhões. O coordenador do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Presidente Venceslau e Marabá Paulista, Rubens Germano, conhecido nos assentamentos como Rubão, diz que "multas de um milhão de reais fogem da nossa realidade". Rubão defende mudanças no Código Florestal. "Esse é o debate do direito à vida, do direito à terra, do direito à água", afirmou.

Entre os assentados, a compreensão do debate sobre o Código Florestal acontece da maneira mais dura que existe. "Por causa dessa lei, o gado não pode chegar onde tem pasto de maneira nenhuma. É de doer, você ter que matar uma criação sua sabendo que do lado tem mato, tem capim verde e o gado não pode chegar lá, porque você tem medo da multa chegar em você. Você vai pagar como?", questiona Nazira Ribeiro da Costa que, assim como Dercy, também sacrificou uma de suas vacas leiteiras.

A candidata Diolinda acredita que se a lei for alterada, outras duas mil famílias poderiam ser assentadas no Pontal do Paranapanema usando-se as áreas que hoje estão abandonadas como Reserva Legal. Diolinda defende mudanças no Código Florestal e critica a política ambiental praticada no Estado de São Paulo. "Aqui a lei não ajuda os pequenos, só o grande é favorecido; o pequeno, além de ser multado, tem seus animais confiscados", diz.

Este post foi montado com informações do site Vermelho. Leia a notícia na íntegra.

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