Alegrinho e bobinho |
Por que a lógica é furada? Basta pensar numa situação bastante realista em que um agricultor da Amazônia calcula que tem sentido ele plantar cana para vender no mercado local, e um produtor da Bahia calcula que tem sentido ele criar gado para vender no mercado baiano. Pois bem, o governo proibiu o amazônida de plantar cana, mas nem por isso a demanda por cana na Amazônia diminuiu. Com isso, o produtor baiano refaz as contas e conclui que agora vai lucrar mais plantando cana na Bahia e vendendo ao consumidor da Amazônia.
O produtor baiano coloca a sua cana-de-açúcar em um caminhão e manda para a Amazônia. O consumidor amazônida passa a pagar bem mais caro pela cana. E o que vai fazer aquele produtor amazônida que queria plantar cana? Ora, ele vai criar gado para suprir a demanda excedente da Bahia. Vai colocar esse gado num caminhão e vender na Bahia.
Resultado líquido: a terra na Amazônia que antes seria usada para cana agora é usada para pecuária. Gasta-se muito mais com transporte e polui-se muito mais a atmosfera com gases-estufa. E todos os consumidores saem perdendo.
Parabéns, ambientalistas!
Para piorar, um estudo da Universidade de Wageningen (Holanda) parece ter concluído que a combinação de cana e leite pode ser uma fórmula de sucesso. Que pena, uma possibilidade tecnológica a menos para o agricultor da Amazônia.
Para piorar ainda mais, um estudo da economista Saraly Andrade de Sá, da Universidade de Zurich (Suíça), mostra que a expansão da cana-de-açúcar em São Paulo desloca a pecuária para a Amazônia e causa desmatamento. Ou seja, proibir a produção de cana na Amazônia gera os resultados negativos acima e ainda causa desmatamento.
Comentários
Quem quiser plantar cana para consumo local pode, sem nenhum problema.
Com respeito,
Miguel Rodrigues
note que o autor aqui já não é o Ciro. Eu fui o autor desta postagem. Eu tive o cuidado de colocar o link para o decreto na postagem, e o que lei é o seguinte:
O objetivo geral do zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar para a produção de etanol e açúcar é fornecer subsídios técnicos para formulação de políticas públicas visando a expansão e produção sustentável de cana-de-açúcar no território brasileiro.
"Por meio de técnicas de processamento digital procedeu-se a uma avaliação do potencial das terras para a produção da cultura da cana-de-açúcar em regime de sequeiro (sem irrigação plena)
(...)
Adicionalmente, foram excluídas: 1. as terras com declividade superior a 12%, observando-se a premissa da colheita mecânica e sem queima para as áreas de expansão; 2. as áreas com cobertura vegetal nativa; 3. os biomas Amazônia e Pantanal e a Bacia do Alto Paraguai; 4. as áreas de proteção ambiental; 5. as terras indígenas; 4. remanescentes florestais; 6. dunas; 7. mangues; 8. escarpas e afloramentos de rocha; 9. reflorestamentos e 10. áreas urbanas e de mineração. Nos Estados da Região Centro-Sul (GO, MG, MT MS, PR e SP), foram também excluídas as áreas atualmente cultivadas com cana-de-açúcar no ano safra 2007/2008, utilizando-se o mapeamento realizado pelo Projeto CanaSat - INPE."
Eu ficarei muito contente se você demonstrar a sua inteligência apontando a parte do texto que diz o que vc disse.
Att,
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