Autorizações da Sema de Mato Grosso esquentam madeira ilegal, diz Ibama


A Secretaria de Estado de Meio Ambiente do estado de Mato Grosso (Sema-MT) contratou uma consultoria para tornar seus processos internos mais eficientes. O resultado óbvio foi um aumento no volume autorizado para exploração legal de madeira em Planos de Manejo Florestal Sustentável.

Os processos são aprovados licitamente depois de uma longa e rigorosa lista de papeis e documentos oficiais. As autorizações são vistoriadas e monitoradas. O Governo de Mato Grosso tem feito um esforço para legalizar o setor madeiro do estado investindo em tecnologia, monitoramento e fiscalização, mas é acusado pelo Ibama de leniência com extração ilegal de madeira.

De acordo com o Ibama em matéria publicada na Folha de São Paulo, a falta de controle do Estado de Mato Grosso sobre os planos de manejo aprovados pela Secretaria de Meio Ambiente impulsiona um milionário esquema clandestino que financia o desmatamento, a grilagem de terras e ameaça áreas indígenas e unidades de conservação da região noroeste, a última grande reserva de florestas nativas do Estado.

Entre agosto de 2016 e julho de 2017, o volume em metros cúbicos autorizado para projetos de exploração madeireira e abertura de novas áreas foi de 7,1 milhões de metros cúbicos, um aumento de 54% em relação à média dos dois períodos anteriores, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente.


Segundo o Ibama, as autorizações da Sema-MT são usadas para "esquentar" madeira de alto valor extraídas de áreas protegidas em especial, de duas áreas cobiçadas pela Funai para futura demarcação como terras indígenas: Cauahiva do Rio Pardo e Piripcura.

"Ao que parece, há um descompasso entre o esforço de autorizar e o de fiscalizar", disse à Folha a superintendente estadual do Ibama, Livia Martins. Segundo ela, a estrutura de fiscalização da Sema-MT é insuficiente para assegurar o uso correto dos créditos de exploração.

"Se há extração ilegal dentro de áreas indígenas é porque há acobertamento da cadeia produtiva da madeira por meio da emissão de créditos virtuais", acusa a fiscal do Ibama.

De acordo com a matéria da Folha de São Paulo, a Sema-MT tem autorizado "volumes superestimados nas áreas legalizadas com plano de manejo (que geram sobras que são vendidas para acobertar madeiras extraídas ilegalmente)".

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A Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso diz que há ações ilegais "isoladas", que são identificadas e "fortemente repreendidas" pela secretaria, pelo Ibama e pela Polícia Ambiental e que "aá total dissenso entre as afirmações feitas pelo Ibama e a realidade".

Os fiscais do Ibama, em ato despretensioso, levaram o jornalista da Folha de São Paulo para a região de Colniza, no norte do estado. A região é a mesma onde uma pickup do Ibama foi queimada no mês passado. Entenda: Fogo contra fogo: Entenda porque carros e prédios do Ibama estão sendo queimados na Amazônia

A presença de jornalistas paulistas nas operações do Ibama na Amazônia garante que que a cobertura seja feita com o viés que interessa ao ambientalismo.

Em tempo, os estados da Amazônia sentem na pele a ação do estado brasileiro de asfixiar a economia da região em nome da proteção da floresta. São eles que perdem os empregos, são eles que perdem a arrecadação, são eles que sofrem as pressões políticas, são eles os responsáveis por lhe dar com o caos social que o Ibama deixa na esteira das suas operações.


Por conta disso, os estados fazem um esforço hercúleo para legalizar e controlar as atividades econômicas na fronteira. Sem compromisso com esse esforço, o Ibama faz o que pode para atrapalhar, inclusive levando jornalistas paulistas para contatar a destruição florestal e esmilhar os clichês sobre o tema.

Está chegando a hora dos estados da Amazônia começarem a discutir a relação federativa quem mantém o resto do Brasil. O Brasil vai na Amazônia pegar a energia de Belo Monte e Turucuruí para tocar as indústria de São Paulo, como a Folha. O Brasil vai na Amazônia pegar o minério de Carajás para gerar superavit exportando o produto primária desonerado de impostos estaduais pela Lei Kandir e não paga a devida compensaçao aos estados onde ficam as jazidas.

Em troca do que rouba da Amazônia o Brasil manda o Ibama asfixiar a parca economia regional. A saúde na Amazônia é pior do que no Brasil, a educação na Amazônia é pior do que no Brasil, a segurança púbica na Amazônia é pior do que no Brasil. O único serviço público que o Brasil aplica mais na Amazônia do que em si próprio é a fiscalização ambiental.

Relatório de auditoria divulgado pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral da União (CGU) em agosto mostra que apenas 7% do esforço de fiscalização do Ibama é dirigido a questões ligadas a atividades industriais e destes, apenas 0,5% com atividades ligadas à poluição. A maior parte do esforço, 91%, é dirigido a ações de fiscalização na Amazônia Legal. Veja aqui.

O Brasil trata a Amazônia como colônia e chegará o momento em que essa colônia começará a acordar.

Leia: Vamos conversar sobre a independência da Amazônia?

Com informações da Folha de São Paulo, da Sema-MT e foto de Felipe Werneck - Ascom/Ibama

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