Código Florestal e a satanização do agronegócio, por Francisco Turra

Retrocesso é satanizar a agricultura
brasileira.
O debate sobre o novo Código Florestal Brasileiro, cuja proposta foi recentemente objeto de vetos determinados pela presidente Dilma Rousseff, já ocorria em temperatura extremamente elevada e está se agravando cada vez mais. Tem sido marcado por uma verdadeira satanização do agronegócio brasileiro e seus representantes, inclusive no Congresso Nacional. Para argumentar como essa radicalização é injusta, começo convidando a todos para uma viagem no tempo.

Há apenas duas décadas, o Brasil, apesar de seu vasto território, de terras férteis e do clima extremamente favorável, alinhava-se entre os grandes importadores mundiais de alimentos. Recorríamos ao mercado internacional para suprir as necessidades de nossa população, comprando produtos lácteos, cereais e até mesmo proteínas.

Em 1995, segundo estatísticas do Ministério da Agricultura, tendo por base os censos agropecuários do IBGE, o agronegócio utilizava uma área de 353,6 milhões de hectares. O Brasil possuía um rebanho bovino de 153 milhões de cabeças, e a produção de leite somava quase 18 bilhões de litros.

Em 2006, apenas 11 anos depois, para uma área semelhante o rebanho brasileiro já era de quase 170 milhões de cabeças, e a produção de leite beirava os 21,5 bilhões de litros. Esse fantástico salto na produtividade superou até mesmo o verificado no agronegócio dos Estados Unidos. Envolveu investimentos em tecnologia, máquinas, equipamentos e até mesmo em genética, e também ocorreu na produção de grãos.

De 1991 para 1996, a safra de grãos aumentou de 57,9 milhões para 73,6 milhões de toneladas. E agora está superando os 154 milhões de toneladas, em novo recorde. Nesse período de duas décadas, a produção cresceu 166%. A área plantada, hoje de 48,4 milhões de hectares, se expandiu em apenas 29%. Além de suprir plenamente o mercado interno, nos últimos 20 anos o Brasil trilhou o caminho que o levaria a maior exportador mundial de produtos como suco de laranja, carne de frango e carne bovina. Está em segundo nesse ranking em soja e em carne de peru. É o terceiro maior exportador de milho e o quinto em vendas internacionais de algodão.

Em 2011, por exemplo, as exportações do agronegócio brasileiro totalizaram
US$ 94,5 bilhões e, além de corresponderem a quase 40% do total das vendas internacionais do país, responderam por um superavit de US$ 77 bilhões na balança comercial. Na verdade, o agronegócio é o responsável pelo saldo positivo da balança comercial brasileira.

Hoje, o agronegócio responde por 22% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Uma participação de US$ 918 bilhões em 2011. Tão importante quanto constatar o crescimento e a importância do agronegócio brasileiro é saber que ele não foi conquistado com o sacrifício de nossas matas e florestas.

Hoje, da área total do Brasil, de 851 milhões de hectares, 38,7%, ou 329,9 milhões de hectares, são de propriedade de produtores rurais. E apenas 219 milhões de hectares, ou menos de 26%, são efetivamente destinados à agropecuária. Os outros 110 milhões de hectares são matas e florestas, aí incluídas reservas legais, áreas de preservação permanente, florestas nativas e plantadas etc.

Esse mesmo compromisso de expandir a produção — e, em consequência, a renda e o emprego — respeitando o meio ambiente foi a premissa dos representantes do agronegócio no Congresso quando se dedicaram às contribuições para o novo Código Florestal.

Fizeram proposições racionais para reformar uma legislação impraticável. Defenderam o direito de produzir, mas sem jamais esquecer a necessidade de preservar, cientes da importância da sustentabilidade. Infelizmente, a polarização do debate levou ao cúmulo de gerar expressões pejorativas como "vanguarda do atraso" para se referir aos representantes do agronegócio no Congresso. Satanizar o setor mais pujante da economia brasileira, sim, é um lamentável exemplo de retrocesso.

Ex-ministro da Agricultura e presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef). A foto é de Antônio Cruz, da Agência Brasil.

Comentários

jerson disse…
ocorre que os outros paises não querem que o brsil cresça, impõem barreiras alfandegarias, criam embaraços nas exportações e na fiscalização
de controle de qualidade, financiam estas ongs para virem aqui fazerem o que bem querem nas vistas do nosso povo
e das nossas autoridades, compram pseudo jornalistas e jornalecos, mas o gigante adormecido acordou e o brasil esta caminhando com suas próprias pernas devemos ficar atento a esse modelo de grobalização imnposto pelas grandes nações.
Flávia e Wagner disse…
Satanizar, proteger a produção local (deles) e outras artimanhas não estão sendo suficientes. De importadores passamos em 2012 ao terceiro lugar mundial na produção de algodão; Produzimos mais milho do que a União Europeia e logo passaremos os EUA na produção de soja e com maior produtividade por hectare.
Espero que o Congresso perceba a importância das mudanças na MP do Código florestal.

Wagner Salles
Milhões de pessoas em todo o mundo começaram a acordar para a ameaça muito real do globalismo repressivo que está sendo planejado, aquilo que a elite financeira e os políticos que trabalham para ela chamam de Nova Ordem Mundial. Entretanto, a vasta maioria ainda ignora alegremente essas maquinações e vive de forma despreocupada, sem saber que está diante de um abismo.
Luiz Prado disse…
Muito mais importante do que o combate às emissões de carbono - até mesmo pelo simples fato de que a produção de combustíveis fósseis continua e continuará crescendo - é a segurança alimentar!

Fora o que, esse tal de "código" poderia mesmo é ser jogado no lixo. Algum país sério no mundo tem algo similar a essa lei otária ou a qualquer dispositivo dela? Não! Não, não e não! Então, é só uma tolice brasileira, agora com muita grana estrangeira.