Em artigo intitulado “A pecuarista que se tornou uma forte influência”, o diário descreve a trajetória pessoal e política da senadora, e define: “Ela está entre as pessoas mais poderosas do Brasil”.
“A senadora diz que seu sucesso ocorreu porque é ‘determinada, bem preparada e articulada’... Esta determinação também denota sua habilidade para dominar as complexidades de qualquer assunto”, afirma o jornal.
A reportagem, assinada pelo editor de América Latina do Financial Times, ressalta ainda os bons resultados do agronegócio brasileiro e a preocupação do setor com a preservação do meio ambiente. “O Brasil produz sete vezes mais grãos em apenas o dobro da terra que utilizava em 1998, muito graças ao desenvolvimento do Cerrado... Ao contrário do que se pensa, essas fazendas ficam a centenas ou até milhares de quilômetros de distância da Amazônia”, diz.
Fundado na Grã-Bretanha em 1888, o Financial Times é impresso em Londres e em 24 cidades e é lido diariamente por mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo.
Veja a matéria traduzida:
A ENTREVISTA DE SEGUNDA-FEIRA: A fazendeira que virou mercadora de energia
Por John Paul Rathbone
Kátia Abreu passou por poucas e boas desde que cortou o cabelo curto para evitar provocar a atenção masculina. "Me deixe bonita, em vez de inteligente na imagem," brinca a senadora e fazendeira brasileira com o cinegrafista, passando uma escova em seus cabelo agora à altura dos ombros. “Eu sou uma mulher, no fim das contas.”
É um comentário típico de uma mulher que sabe que trabalha no mundo proibitivamente masculino da pecuária. Como chefe da bancada de agrícola do Brasil, Sra. Abreu está entre as pessoas mais poderosas do país. E como a única filha crescendo entre sete irmãos, ela praticamente foi criada para o papel. No entanto, foi um golpe do destino que a definiu no caminho para a sua riqueza pecuária e carreira política. "Minha vida tem sido muito improvisada," diz a senadora de 50 anos, brincando com um grande anel de ouro em seu dedo.
Vinte e cinco anos atrás, muito antes de agricultura brasileira tornar-se a força econômica global que é hoje, Sra. Abreu tinha dois filhos pequenos, outro a caminho e estava estudando para se tornar psicóloga, "como minha mãe". Então seu marido fazendeiro morreu de um ataque cardíaco, e ela teve repensar sua vida.
"No Brasil, quando alguém vê uma fazenda decadente, eles dizem que pertence a uma viúva", diz ela. "Eu não sabia nada sobre agricultura naquela época. Eu só sabia que eu não quero que isso aconteça para me. "
Isso foi quando Sra. Abreu cortou seu cabelo. Desde então, seu negócio cresceu para três fazendas, cobrindo 14 mil hectares no estado central de Tocantins no vasto cerrado (ou savana alta) brasileiro.
Sua ascensão política tem sido igualmente vertiginosa. Quem a apoia, olha para ela como a intrépida defensora da sempre crescente agro-indústria brasileira – um setor que representa um quarto da economia nacional, um terço dos seus empregos e mais de US$95 bilhões em exportações. Para alguns, ela também representa a melhor esperança para atender o aumento de 70 por cento nas estimativas de produção de alimentos da ONU que o mundo precisa até 2050.
Entre os adversários, no entanto, ela é conhecida como "a Pequena Miss desmatamento" para defender um novo código florestal que tem colorido as atenções à Cúpula do Rio + 20 dessa semana sobre o desenvolvimento sustentável. Os críticos dizem que o projeto de lei, parcialmente vetado pela Presidente Dilma Rousseff, que quer que o Brasil apresente uma "cara verde" para o mundo, perdoa os agricultores que desmataram ilegalmente a floresta, dando-lhes um sinal verde para ligarem suas motosserras novamente.
Seja como for, a Sra. Abreu não transparece essa pecuarista do corte-e-queima da imaginação popular. Sentado no escritório do Financial Times, logo após falar em uma conferência em Londres sobre a agricultura sustentável e em rota para outra na França, ela veste um terno risca-de-giz, camisa vermelha e sapatos altos pretos – embora seja fácil imaginar ela em jeans e botas de cowboy, animando seus constituintes agricultores com seu jeito despojado rural.
Tendo passado até pelos sonolentos sindicatos rurais, ela se tornou uma congressista no início dos anos 2000 e, em seguida, senadora em 2006 filiada aos Democratas, partido da oposição de centro-direita. "Os brasileiros tendem a confundir a direita com a ditadura militar", comenta.
Seu maior triunfo, porém, veio em 2008, quando ela se tornou a primeira mulher a dirigir a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, o lobby rural que é o maior bloco de partidos no Congresso e um poder chave no governo de Dilma.
Sra. Abreu diz que ela tem aumentado seu poder "Porque sou veemente, bem preparada e articulada". Seus instintos políticos religiosos e de corte de impostos são certamente robustos, da maneira de Texana ("eu tenho muita fé, sou muito obstinada e amo meu trabalho").
Ela também se orgulha de ter uma vez derrotado uma proposta de impostos de Luiz Inácio Lula da Silva, o amplamente popular ex-presidente. "Eu não sabia nada sobre economia antes, mas foi o único projeto de lei que Lula já perdeu", diz ela. "Perdi sete quilos por stress."
Apesar de conhecida em Brasília pelo apelido de "Senadora Ivete Sangalo", em homenagem à cantora pop que é a resposta do Brasil à Shakira, tal determinação também é a cara da habilidade da Sra. Abreu de dominar os pormenores de qualquer assunto.
Mas embora ela possa citar estatísticas em um piscar de olhos, é difícil definir completamente o que a Senadora Abreu defende. Além do seu apoio ao polêmico novo código florestal – ela diz que o velho, apesar de iluminado, "era inexequível" – pode ser simplesmente uma bandeira levantada para as melhores partes da agricultura brasileira.
Por exemplo, mesmo sendo mantido em grande parte sem reconhecimento, o país reduziu as taxas de desmatamento a um terço dos que foram 15 anos atrás – embora mais de 6.000 km2 ainda sejam desmatados todos os anos.
"Os agricultores brasileiros não precisam de mais terras, o desafio é fazer as que eles têm mais produtivas," ela diz por meio de distanciamento da indústria à controversa prática. O Brasil produz sete vezes mais grãos em apenas o dobro de terras aráveis em 1998, em grande parte graças ao desenvolvimento do cerrado. Arado com cal, esta terra anteriormente inútil do interior se tornou um ímã para investidores estrangeiros, como Jacob Rothschild, que tem financiado fazendas de alta tecnologia que abrangem vastos horizontes.
Contrariamente à percepção popular, essas fazendas também estão a centenas, senão milhares de quilômetros da Amazônia e a maior parte da soja que vendem está sujeita a uma moratória que proíbe os compradores internacionais de comprar plantas cultivadas em terra desmatada.
De fato, é por causa de tais regimes que os sofridos pequenos agricultores do Brasil, que compõem a maioria dos 5,2 milhões de propriedades rurais, são a maior causa do desmatamento. Fazendas gigantes, que respondem por apenas 10 por cento das propriedades, mas três quartos das áreas desmarcada, enquanto isso tem ligações questionáveis com clientes internacionais.
(Greenpeace este mês acusou a JBS, maior produtor de carne do mundo, de ter como matéria prima carne bovina da Amazônia. JBS nega a acusação e está processando o Greenpeace.) "Não são os grande agricultores que precisam de minha ajuda, mas os pequenos – as classes mais baixas, sofridas e sem dinheiro," diz Sra. Abreu.
É uma luta constante. Os agricultores brasileiros querem replantar áreas desmatadas, ela afirma, "mas quem vai pagar por isso?" Se quer os europeus querem plantações não-geneticamente modificadas, que exigem mais pesticidas, "Estamos felizes em fornecê-los, mas claro, terão que pagar por isso". Reforçando que “alguém sempre tem que pagar” ela compõem uma imagem pouco romântica da conservação da floresta - ou do “sustentabilidade” como a Sra. Abreu a chama. Mas também é um ponto de vista realista em um país que, mesmo com todas as suas riquezas, ainda tem muitos pobres.
"Você sabe qual é o órgão mais sensível do corpo humano?" ela pergunta. “O bolso.”
Sra. Abreu, a viúva que se superou, sabe do que fala.
O Currículo:
● Nascida em: 2 de fevereiro de 1962 em Goiânia
● Educação: Bacharel em artes e psicologia, Universidade Católica de Goiás
● Carreira: Fazendeira, política, psicóloga
● 1987 Assume a fazenda do falecido marido no estado de Tocantins
● 1994 Eleita Presidente do Sindicato Rural de Gurupi, no estado de Tocantins
● 1996 Eleita Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária,
Estado de Tocantins
● 2000-02 Deputada Suplente
● 2002 Eleita como deputada
o ● 2006 Eleita senadora pelo estado de Tocantins, com o partido centro-direitista Democratas
● 2008 Eleita Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA)
● 2011 Reeleita presidente da CNA
● Família: uma filha e dois filhos
A foto que ilustra o post é de José Cruz, da Agência Brasil.
“A senadora diz que seu sucesso ocorreu porque é ‘determinada, bem preparada e articulada’... Esta determinação também denota sua habilidade para dominar as complexidades de qualquer assunto”, afirma o jornal.
A reportagem, assinada pelo editor de América Latina do Financial Times, ressalta ainda os bons resultados do agronegócio brasileiro e a preocupação do setor com a preservação do meio ambiente. “O Brasil produz sete vezes mais grãos em apenas o dobro da terra que utilizava em 1998, muito graças ao desenvolvimento do Cerrado... Ao contrário do que se pensa, essas fazendas ficam a centenas ou até milhares de quilômetros de distância da Amazônia”, diz.
Fundado na Grã-Bretanha em 1888, o Financial Times é impresso em Londres e em 24 cidades e é lido diariamente por mais de 2 milhões de pessoas em todo o mundo.
Veja a matéria traduzida:
A ENTREVISTA DE SEGUNDA-FEIRA: A fazendeira que virou mercadora de energia
Por John Paul Rathbone
Kátia Abreu passou por poucas e boas desde que cortou o cabelo curto para evitar provocar a atenção masculina. "Me deixe bonita, em vez de inteligente na imagem," brinca a senadora e fazendeira brasileira com o cinegrafista, passando uma escova em seus cabelo agora à altura dos ombros. “Eu sou uma mulher, no fim das contas.”
É um comentário típico de uma mulher que sabe que trabalha no mundo proibitivamente masculino da pecuária. Como chefe da bancada de agrícola do Brasil, Sra. Abreu está entre as pessoas mais poderosas do país. E como a única filha crescendo entre sete irmãos, ela praticamente foi criada para o papel. No entanto, foi um golpe do destino que a definiu no caminho para a sua riqueza pecuária e carreira política. "Minha vida tem sido muito improvisada," diz a senadora de 50 anos, brincando com um grande anel de ouro em seu dedo.
Vinte e cinco anos atrás, muito antes de agricultura brasileira tornar-se a força econômica global que é hoje, Sra. Abreu tinha dois filhos pequenos, outro a caminho e estava estudando para se tornar psicóloga, "como minha mãe". Então seu marido fazendeiro morreu de um ataque cardíaco, e ela teve repensar sua vida.
"No Brasil, quando alguém vê uma fazenda decadente, eles dizem que pertence a uma viúva", diz ela. "Eu não sabia nada sobre agricultura naquela época. Eu só sabia que eu não quero que isso aconteça para me. "
Isso foi quando Sra. Abreu cortou seu cabelo. Desde então, seu negócio cresceu para três fazendas, cobrindo 14 mil hectares no estado central de Tocantins no vasto cerrado (ou savana alta) brasileiro.
Sua ascensão política tem sido igualmente vertiginosa. Quem a apoia, olha para ela como a intrépida defensora da sempre crescente agro-indústria brasileira – um setor que representa um quarto da economia nacional, um terço dos seus empregos e mais de US$95 bilhões em exportações. Para alguns, ela também representa a melhor esperança para atender o aumento de 70 por cento nas estimativas de produção de alimentos da ONU que o mundo precisa até 2050.
Entre os adversários, no entanto, ela é conhecida como "a Pequena Miss desmatamento" para defender um novo código florestal que tem colorido as atenções à Cúpula do Rio + 20 dessa semana sobre o desenvolvimento sustentável. Os críticos dizem que o projeto de lei, parcialmente vetado pela Presidente Dilma Rousseff, que quer que o Brasil apresente uma "cara verde" para o mundo, perdoa os agricultores que desmataram ilegalmente a floresta, dando-lhes um sinal verde para ligarem suas motosserras novamente.
Seja como for, a Sra. Abreu não transparece essa pecuarista do corte-e-queima da imaginação popular. Sentado no escritório do Financial Times, logo após falar em uma conferência em Londres sobre a agricultura sustentável e em rota para outra na França, ela veste um terno risca-de-giz, camisa vermelha e sapatos altos pretos – embora seja fácil imaginar ela em jeans e botas de cowboy, animando seus constituintes agricultores com seu jeito despojado rural.
Tendo passado até pelos sonolentos sindicatos rurais, ela se tornou uma congressista no início dos anos 2000 e, em seguida, senadora em 2006 filiada aos Democratas, partido da oposição de centro-direita. "Os brasileiros tendem a confundir a direita com a ditadura militar", comenta.
Seu maior triunfo, porém, veio em 2008, quando ela se tornou a primeira mulher a dirigir a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, o lobby rural que é o maior bloco de partidos no Congresso e um poder chave no governo de Dilma.
Sra. Abreu diz que ela tem aumentado seu poder "Porque sou veemente, bem preparada e articulada". Seus instintos políticos religiosos e de corte de impostos são certamente robustos, da maneira de Texana ("eu tenho muita fé, sou muito obstinada e amo meu trabalho").
Ela também se orgulha de ter uma vez derrotado uma proposta de impostos de Luiz Inácio Lula da Silva, o amplamente popular ex-presidente. "Eu não sabia nada sobre economia antes, mas foi o único projeto de lei que Lula já perdeu", diz ela. "Perdi sete quilos por stress."
Apesar de conhecida em Brasília pelo apelido de "Senadora Ivete Sangalo", em homenagem à cantora pop que é a resposta do Brasil à Shakira, tal determinação também é a cara da habilidade da Sra. Abreu de dominar os pormenores de qualquer assunto.
Mas embora ela possa citar estatísticas em um piscar de olhos, é difícil definir completamente o que a Senadora Abreu defende. Além do seu apoio ao polêmico novo código florestal – ela diz que o velho, apesar de iluminado, "era inexequível" – pode ser simplesmente uma bandeira levantada para as melhores partes da agricultura brasileira.
Por exemplo, mesmo sendo mantido em grande parte sem reconhecimento, o país reduziu as taxas de desmatamento a um terço dos que foram 15 anos atrás – embora mais de 6.000 km2 ainda sejam desmatados todos os anos.
"Os agricultores brasileiros não precisam de mais terras, o desafio é fazer as que eles têm mais produtivas," ela diz por meio de distanciamento da indústria à controversa prática. O Brasil produz sete vezes mais grãos em apenas o dobro de terras aráveis em 1998, em grande parte graças ao desenvolvimento do cerrado. Arado com cal, esta terra anteriormente inútil do interior se tornou um ímã para investidores estrangeiros, como Jacob Rothschild, que tem financiado fazendas de alta tecnologia que abrangem vastos horizontes.
Contrariamente à percepção popular, essas fazendas também estão a centenas, senão milhares de quilômetros da Amazônia e a maior parte da soja que vendem está sujeita a uma moratória que proíbe os compradores internacionais de comprar plantas cultivadas em terra desmatada.
De fato, é por causa de tais regimes que os sofridos pequenos agricultores do Brasil, que compõem a maioria dos 5,2 milhões de propriedades rurais, são a maior causa do desmatamento. Fazendas gigantes, que respondem por apenas 10 por cento das propriedades, mas três quartos das áreas desmarcada, enquanto isso tem ligações questionáveis com clientes internacionais.
(Greenpeace este mês acusou a JBS, maior produtor de carne do mundo, de ter como matéria prima carne bovina da Amazônia. JBS nega a acusação e está processando o Greenpeace.) "Não são os grande agricultores que precisam de minha ajuda, mas os pequenos – as classes mais baixas, sofridas e sem dinheiro," diz Sra. Abreu.
É uma luta constante. Os agricultores brasileiros querem replantar áreas desmatadas, ela afirma, "mas quem vai pagar por isso?" Se quer os europeus querem plantações não-geneticamente modificadas, que exigem mais pesticidas, "Estamos felizes em fornecê-los, mas claro, terão que pagar por isso". Reforçando que “alguém sempre tem que pagar” ela compõem uma imagem pouco romântica da conservação da floresta - ou do “sustentabilidade” como a Sra. Abreu a chama. Mas também é um ponto de vista realista em um país que, mesmo com todas as suas riquezas, ainda tem muitos pobres.
"Você sabe qual é o órgão mais sensível do corpo humano?" ela pergunta. “O bolso.”
Sra. Abreu, a viúva que se superou, sabe do que fala.
O Currículo:
● Nascida em: 2 de fevereiro de 1962 em Goiânia
● Educação: Bacharel em artes e psicologia, Universidade Católica de Goiás
● Carreira: Fazendeira, política, psicóloga
● 1987 Assume a fazenda do falecido marido no estado de Tocantins
● 1994 Eleita Presidente do Sindicato Rural de Gurupi, no estado de Tocantins
● 1996 Eleita Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária,
Estado de Tocantins
● 2000-02 Deputada Suplente
● 2002 Eleita como deputada
o ● 2006 Eleita senadora pelo estado de Tocantins, com o partido centro-direitista Democratas
● 2008 Eleita Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA)
● 2011 Reeleita presidente da CNA
● Família: uma filha e dois filhos
A foto que ilustra o post é de José Cruz, da Agência Brasil.
Comentários
De agora em diante, quem não entrar neste jogo, ficará de fora, por isso muitos estão entrando, alguns até obrigado.
Vamos aguardar as consequências que com certeza, virão.
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