29/07 - 06:02 - BBC Brasil
Desenvolver a economia florestal é uma possível solução apontada por ambientalistas para viabilizar a manutenção de 80% das áreas de vegetação nativa nas fazendas da Amazônia, como determina o Código Florestal. Mas na região mais desmatada da Amazônia - o sudeste e o sul do Pará - produtores e autoridades veem com ceticismo a possibilidade de desenvolver as atividades florestais a ponto de contrabalancear o peso das atividades tradicionais.
"Se hoje um fazendeiro vai ao banco com uma proposta de usar apenas 20% da área de uma fazenda, o projeto é considerado inviável. Para que isso funcione teríamos que desenvolver toda uma cultura de produção florestal, o que é muito difícil", diz o secretário de Meio Ambiente do município de Rondon do Pará, Welinton Porto.
Rondon do Pará está na lista do programa Arco de Fogo, do governo federal, como um dos dez municípios que mais desmataram na Amazônia: 61% da floresta foi derrubada.
"Temos programas de reflorestamento e queremos chegar a 50% de cobertura vegetal, mas mais do que isso vai ser muito dif ícil. Acredito que deveria haver um zoneamento para permitir que áreas como a nossa, onde já há muita pecuária e agricultura, possam ter um índice menor de cobertura florestal", diz.
Opções
Entre as exceções está o fazendeiro John Weaver Davis Junior - um americano estabelecido com a família na região de Dom Eliseu (sudeste do Pará) desde o início dos anos 60. Ele espera que plantações de caruá impulsionem sua grande propriedade, que não vem produzindo muito.
O caruá é uma planta que fornece fibras tradicionalmente usadas na confecção de tecidos grossos na Amazônia, mas que nos últimos anos se revelou um importante material para a indústria, como um substituto da fibra de vidro.
As opções da família Davis, na verdade, são limitadas porque durante muitos anos eles extraíram madeira da propriedade para vender e para fazer carvão. Hoje, ele diz que só tem preservados os 50% que a lei exige e precisa encontrar atividades sustentáveis para tocar a fazenda.
O caruá pareceu ao americano uma boa opção porque é uma planta cultivada no meio da floresta, exatamente por precisar de muita sombra para se desenvolver bem.
"Se conseguir recursos para esse projeto tenho certeza que vai dar certo porque é um material que tem demanda cada vez maior", diz.
O pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), Paulo Barreto, ressalta que as opções de exploração racional das florestas são muitas, a começar pela extração sustentável de madeira.
"Há uma demanda grande por madeira tanto aqui no Brasil como no exterior e com um bom manejo é possível tirar da floresta uma quantidade de árvores que permita que a natureza se recupere", diz o especialista.
"Mas ainda mais importante do que isso é agregar valor à produção. Fazer móveis, por exemplo, ao invés de apenas exportar toras de madeira bruta para o mundo."
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Paulo Barreto, ou não sabe o que diz, ou usa meia verdade propositalmente. As opções de exploração racional em áreas já superexploradas não são muitas. Na maioria dos casos elas nem existem.
Onde há florestas ricas, de fato há algumas, não muitas, alternativas realmente viáveis. Mas onde as floresta foram convertidas em capoeiras, como no caso do leste do Pará, simplesmente não há alternativas.
São nesses locais onde ocorrem os maiores conflitos de adequação do Código Florestal ao mundo real.
A amazonologia não contribui quando sofisma e distorce a discussão.
P.S.:
Conheço o Sr. John Weaver Davis Junior pessoalmente. Ele é um amazônida.
Desenvolver a economia florestal é uma possível solução apontada por ambientalistas para viabilizar a manutenção de 80% das áreas de vegetação nativa nas fazendas da Amazônia, como determina o Código Florestal. Mas na região mais desmatada da Amazônia - o sudeste e o sul do Pará - produtores e autoridades veem com ceticismo a possibilidade de desenvolver as atividades florestais a ponto de contrabalancear o peso das atividades tradicionais.
"Se hoje um fazendeiro vai ao banco com uma proposta de usar apenas 20% da área de uma fazenda, o projeto é considerado inviável. Para que isso funcione teríamos que desenvolver toda uma cultura de produção florestal, o que é muito difícil", diz o secretário de Meio Ambiente do município de Rondon do Pará, Welinton Porto.
Rondon do Pará está na lista do programa Arco de Fogo, do governo federal, como um dos dez municípios que mais desmataram na Amazônia: 61% da floresta foi derrubada.
"Temos programas de reflorestamento e queremos chegar a 50% de cobertura vegetal, mas mais do que isso vai ser muito dif ícil. Acredito que deveria haver um zoneamento para permitir que áreas como a nossa, onde já há muita pecuária e agricultura, possam ter um índice menor de cobertura florestal", diz.
Opções
Entre as exceções está o fazendeiro John Weaver Davis Junior - um americano estabelecido com a família na região de Dom Eliseu (sudeste do Pará) desde o início dos anos 60. Ele espera que plantações de caruá impulsionem sua grande propriedade, que não vem produzindo muito.
O caruá é uma planta que fornece fibras tradicionalmente usadas na confecção de tecidos grossos na Amazônia, mas que nos últimos anos se revelou um importante material para a indústria, como um substituto da fibra de vidro.
As opções da família Davis, na verdade, são limitadas porque durante muitos anos eles extraíram madeira da propriedade para vender e para fazer carvão. Hoje, ele diz que só tem preservados os 50% que a lei exige e precisa encontrar atividades sustentáveis para tocar a fazenda.
O caruá pareceu ao americano uma boa opção porque é uma planta cultivada no meio da floresta, exatamente por precisar de muita sombra para se desenvolver bem.
"Se conseguir recursos para esse projeto tenho certeza que vai dar certo porque é um material que tem demanda cada vez maior", diz.
O pesquisador do Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia), Paulo Barreto, ressalta que as opções de exploração racional das florestas são muitas, a começar pela extração sustentável de madeira.
"Há uma demanda grande por madeira tanto aqui no Brasil como no exterior e com um bom manejo é possível tirar da floresta uma quantidade de árvores que permita que a natureza se recupere", diz o especialista.
"Mas ainda mais importante do que isso é agregar valor à produção. Fazer móveis, por exemplo, ao invés de apenas exportar toras de madeira bruta para o mundo."
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Paulo Barreto, ou não sabe o que diz, ou usa meia verdade propositalmente. As opções de exploração racional em áreas já superexploradas não são muitas. Na maioria dos casos elas nem existem.
Onde há florestas ricas, de fato há algumas, não muitas, alternativas realmente viáveis. Mas onde as floresta foram convertidas em capoeiras, como no caso do leste do Pará, simplesmente não há alternativas.
São nesses locais onde ocorrem os maiores conflitos de adequação do Código Florestal ao mundo real.
A amazonologia não contribui quando sofisma e distorce a discussão.
P.S.:
Conheço o Sr. John Weaver Davis Junior pessoalmente. Ele é um amazônida.
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