Eustáquio Reis, pesquisador do IPEA. Foto: Reprodução TV/Globo
Ainda há muito espaço para o desenvolvimento da agricultura na Amazônia e, enquanto ela trouxer riqueza e desenvolvimento, não deve ser impedida, ainda que cause algum desmatamento.
A posição, que provavelmente não agradará a muitos ambientalistas, é defendida pelo economista e pesquisador do Instituto de Pesquisas Aplicadas (Ipea), Eustáquio Reis, que há mais 20 anos estuda a região.
Segundo Reis, “as pessoas tendem a apontar os custos do desmatamento, mas poucas vezes apontam que as atividades que geraram desmatamento podem gerar benefícios também”.
Ele acredita que o avanço da agropecuária sobre a floresta será contido naturalmente pela valorização da terra, na medida em que a colonização avançar, e que, mesmo sem restrições impostas pelo governo, a floresta não será totalmente devastada como apregoam alguns ambientalistas.
“Daqui a algum tempo vai ficar muito caro desmatar”, defende, lembrando ainda que nas zonas centrais da Amazônia chove demais para que culturas como a soja possam ser instaladas. “Este tipo de cultura precisa de três meses de seca por ano”, diz.
O país não deve e nem pode abrir mão de seu território amazônico para gerar riqueza e trazer importantes divisas estrangeiras, resultado das exportações de produtos agrícolas. “Vamos viver de vender castanhas?”, pergunta (a castanha é um dos principais produtos extrativistas da região).
Tampouco a criação de um mercado de créditos de carbono, com o qual se pagaria para manter a floresta em pé e em torno do qual há crescentes discussões, parece convencer o pesquisador. “Não há ninguém que vai pagar pelo carbono da floresta o que vale um hectare de soja”, afirma.
Isso não significa que Reis seja favorável ao desmatamento indiscriminado. Segundo ele, é importante haver restrições, zoneamentos e reservas que protejam a floresta em certas regiões.
A pecuária, em sua opinião, é um problema porque pode ser praticada em qualquer parte da Amazônia, inclusive onde há chuva o ano inteiro. “Os pecuaristas usam muita terra para a quantidade de gado que têm”, aponta, defendendo um aumento da produtividade.
De qualquer forma, acredita, uma devastação que cause uma catástrofe climática não deve ocorrer. “Você acredita que a destruição da Mata Atlântica teve impactos tão grande assim para o clima? Que o clima ficou insuportável? Valeu a pena desmatar São Paulo, não valeu?”, indaga. “Você já ouviu falar que os americanos vão deixar voltar com as pradarias e deixar de plantar soja? A Europa era totalmente coberta com floresta. Eles vão recuperar isso?”
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Compreender os benefícios do desmatamento é fundamental para solucionar o problema. Ignorá-los é o primeiro passo para não solucionar o problema.
Há mais sobre esses benefícios nos trabalhos de Sergio Margulis, ex pesquisador do IPEA, hoje economista do Banco Mundial.
Link para o livro de Eustáquio Reis sobre economia do desmatamento na Amazônia na Amazon.com. O Prêmio Nobel de economia, Clive Granger, é co-autor do livro. Tenho um exemplar na minha biblioteca, mas... não empresto.
Se você duvida que o desmatamento de São Paulo trouxe benefícios leia (ou releia) Celso Furtado, Formação Ecnômica do Brasil.
Abs.
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