Por uma razão ou por outra, alguns episódios da minha infância ficaram guardados na memória. Contarei agora um desses episódios. Vocês entenderão.
Um dia, um trabalhador rural conhecido pelo nome de Zé Pretinho entrou no pátio de uma casa no sertão. Ele já havia entrado ali outras vezes. Era algo normal. Havia uma cadela na varanda da casa. Zé Pretinho conhecia a cadela que, geralmente, era mansa. O que Zé Pretinho não sabia era que a cadela está parida. Tão logo ele adentrou no pátio da casa a cadela avançou.
O homem se viu diante de uma situação difícil, mas de solução simples.
Se ele ficasse parado, a cadela o morderia. Se ele corresse, a cadela o morderia. Se ele gritasse, a cadela o morderia. No fim das contas, restou a Zé Pretinho uma única saída e foi o que ele decidiu fazer.
Num átimo de tempo ele caminhou em direção à cadela, se inclinou um pouco e agarrou com a mão direita no bochecha do animal, fora do alcance da mandíbula, deu um safanão e largou. A cadela se voltou para junto dos seus filhotes e Zé Pretinho se livrou da mordida.
Muita coisa poderia ter acontecido. A maior parte das possibilidade terminava com o uma mordida, pouquíssimas com a morte. Mas a questão aqui é sobre as escolhas que se colocam diante de nós. Algumas vezes, por mais difícil que pareça, a única saída que temos é avançar em direção ao cão.
Este blog estava abandonado. Toquei essa página por mais de dez anos sem ganhar um centavo porque acreditava que tinha um dever social a prestar. Advogar a reforma do Código Florestal a princípio e defender o agro eram ações que acreditava poder fazer e tentei fazer aqui por mais de uma década.
Mas depois da conclusão da reforma legislativa do Código Florestal em 2012, eu dei meu dever por cumprido. Assumi outras responsabilidades em 2017, abandonei o acompanhamento dos assuntos relevantes do agro e as postagens diárias. Fiz ainda uma ou outra postagem quando a ameaça ao agro e, sobretudo, ao Código Florestal e à pecuária era grande demais.
Hoje decidi retomar as postagens porque me vi diante em uma situação onde a única alternativa que tenho é encarar o cão. So be it.
Em tempo, preciso dizer que estou com uma preguiça desgraçada de retomar a trabalheira que dá manter esse espaço. Logo, no início, as coisas (re)começaram lentamente, mas virulentamente como sempre.
Clique aqui e veja tudo o que já publicamos sobre esse assunto.
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