Grandes frigoríficos que atuam na Amazônia podem abandoar a região nos próximos anos. Os frigoríficos temem que a utilização das Guias de Transito Animal (GTAs) para punir pecuaristas com áreas embargadas possa inviabilizar as escalas de algumas plantas. Um grupo de ambientalistas criou essa ideia fixa e vem trabalhando duro nela. Até os servidores do Ministério da Agricultura e de algumas Agências estaduais de vigilância foram, de certa forma, hackeados pelos ambientalistas para conseguir as GTAs. Você deve estar pensando: Todos na Amazônia são desmatadores, mas é uma conclusão equivocada.
Além de colocar em risco todo o sistema de vigilância sanitária, o uso das GTA para rastrear cadeia de fornecedores indiretos cria grandes distorções. Um único animal oriundo de uma área desmatada pode manchar dodo um rebanho criado em área sem desmatamento. Expliquei isso no post: A triste história de Zé, o boi amaldiçoado
As ONGs tungaram os dados das GTAs do Ministério da Agricultura e desenvolveram um sistema chamado Visipec que permite rastrear a cadeia de fornecimento. Veja um exemplo:
O frigorífico consulta no Visipec o número do Cadastro Ambiental Rural (CAR) do seu fornecedor de gado e o sistema expõe todos os fornecedores indiretos daquele cliente marcando aqueles que eventualmente tenham problemas com o Ibama. Imediatamente o frigorífico barra a compra de animais daquele fornecedor.
As ONGs agora pressionam os frigoríficos a aceitar o Visipec como ferramente de limpeza de sua cadeia de fornecimento.
O problema é que apenas o frigorífico tem acesso ao Visipec. O produtor que compra bezerros ou bois magros não tem como saber se seu fornecedor tem ou não problema com Ibama. Muitos produtores sem qualquer problema de desmatamento ficarão fora da cadeia de fornecimento dos frigoríficos sem saber.
Pelo menos um dos grandes três frigoríficos já disse com todos as letras a um representante da ONG americana National Wildlife Federation (NWF) que a utilização das GTAs para fiscalizar desmatamento levará ao fechamento de plantas. Este blog foi testemunha ocular desta história.
Os frigoríficos sabem que usar as GTAs para controlar desmatamento, por conta das disfunções do Visipec, levará ao fechamento de plantas. As ONGs também sabem. Mas nenhum deles se importa.
Sair da Amazônia é uma solução para os grandes frigoríficos exportadores. Isso acabaria com a pressão dos mercados internacionais sobre eles. As ONGs não acreditam nos frigoríficos por conta de suas próprias limitações cognitivas.
O que você acha que aconteceria se os grandes frigoríficos, aqueles mais vulneráveis à pressão do Ministério Público e dos mercados, deixarem a Amazônia?
Melhoraria ou pioraria?
Não vou responder essa pergunta. Vou deixar as ONGs que desenvolveram essa patacoada do Visipec pensarem um pouco.
Vejam que não estou falando aqui do risco sanitário de usar as GTAs fora do sistema de vigilância. Esse é o problema mais grave do Visipec. Sobre isso falei no post: 11 milhões de GTAs foram acessadas por instituições estrangeiras até fevereiro de 2019
Reparem que também não estou falando neste post sobre a legalidade do acesso aos dados das GTAs. Tenos informações de que o acesso feito pelas ONGs foi ilegal. As ONGs alegam, por outro lado, que o acesso foi feito de forma legal.
Na minha opinião, as ONGs americanas tungaram os dados das GTAs do Mapa e das agências de defesa sanitária dos estados para desenvolver um sistema de monitoramento ineficaz que destruirá o sistema de defesa sanitária brasileiro beneficiando nosso principal concorrente no mercado internacional de proteína animal, os EUA.
Clique aqui e veja tudo o que já publicamos sobre esse assunto.
Imagem de Jai79 por Pixabay
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