Para onde as ONGs querem levar a pecuária brasileira


O ano era 2017. A mesa estava repleta de sanduíches triangulares feitos de pão integral com abacate dentro. Alguns ambientalistas festejavam o orçamento que acabavam de levantar: diversos milhões de dólares cedidos por uma organização bilionária americana para estrangular você, pecuarista brasileiro.

Terminada a festa, era hora de pegar uma sequência de vôos internacionais para apresentar a solução mágica de estrangulamento (também conhecida como boicote) aos “stakeholders”.

Em que consiste essa solução mágica? Ela tem cinco partes.

A primeira parte foi encomendar a obtenção dos dados das Gias de Trânsito Animal (GTAs) brasileiras. Essa tarefa foi incumbida a uma Universidade americana, como explicado aqui pela própria Universidade. Essa Universidade, por algum motivo, já conhecia as GTAs do Brasil, principalmente de Mato Grosso e do Pará. Isso ajudou.

Depois, eles descobriram que o nosso Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que armazena os dados das GTAs na Base de Dados Única da Plataforma de Gestão Agropecuária não permitia o acesso livre aos dados. Mas havia uma fragilidade no sistema. O Mapa tinha trancado a porta da sala, trancado a porta da cozinha, mas deixado aberta a portinha que o gato usa pra voltar pra casa. O MAPA deixava a porta do gato aberta por motivos óbvio: o gato precisa entrar em casa. A Universidade americana aspirou tudo o que tinha dentro de casa através da portinha do gato (claro, sem avisar o dono da casa).

Para os stakeholders, aspirar as coisas pela portinha do gato se traduz por “usar tecnologias de raspagem de dados para acessar informações públicas”. Na prática, a Universidade construiu um programa, um robot de internet, para sugar os dados das GTAs pera página de verificação da autenticidade das guias.

A segunda tarefa foi desenvolver um sistema que permite monitorar os fornecedores indiretos da pecuária brasileira para fins de desmatamento rastreando os animais por meio da GTA e do CAR. Ou, o que dá no mesmo, que permite estrangular você, pecuarista. Esse sistema se chama Visipec, e nós já falamos dele aqui. Atualmente, ele já está disponível online messe link.

Para obter acesso ao sistema Visipec, é preciso fazer o seguinte:

Os interessados em monitorar a pecuária brasileira podem entrar em contato com o norte americanos Simon Hall (halls@nwf.org) e Kemel Kalif (kalifk@nwf.org), ambos ligados à ONG norte americana Nationa Wildlife Federation (NWF), ou a também norte americana Lisa Rausch (lisa@visipec.com) para discutir os procedimentos de acesso para usar o API do Visipec. Todas essas informações e endereços eletrônicos estão disponível na internet.

Quando enviar uma solicitação, você precisa informar seu nome, a organização que você representa, seu endereço de email e as razões pelas quais pretende acessar os dados da pecuária brasileira. Em tese, qualquer pessoa, de qualquer nacionalidade pode ter acesso aos dados. Quem decide isso são as ONGs a partir de critérios que eles mesmos estabeleceram... ou não.

A terceira tarefa foi "vender" o Visipec e os dados da pecuária brasileira como solução ambiental. Os ambientalistas conseguiram emplacar artigos no jornal inglês The Guardian e no americano New York Times dizendo essencialmente que o Visipec é a solução para os problemas da humanidade.

A quarta tarefa está em andamento. Ela consiste em usar o embalo atual para pressionar Estado brasileiro a tornar os dados da GTA oficialmente públicos (e acabar de vez, por consequência, com o programa de erradicação da febre aftosa). Os ambientalistas querem acesso total às GTAs, que são declaradas e pegas pelo produtor rurai e de cuja integridade depende o sistema de vigilância sanitária brasileiro.

Os ambientalistas vão continuar batendo bastante no governo Bolsonaro, canalizando, assim, todo o sentimento preservacionista contra o governo. Daí há duas possibilidades. O primeiro é que o próprio governo, tendo se queimado em outras frentes, se veja obrigado a ganhar créditos na frente ambiental e aceite destruir o sistema brasileiro de proteção da sanidade animal tornando as GTAs públicas. O segundo caminho tem lugar com a eventual derrota deste governo nas próximas eleições, ou mesmo com a sua queda antecipada. Qualquer governo que suceder Bolsonaro se verá obrigado a restabelecer a ordem e seguir o caminho ditado pelas ONGs.

Na quinta etapa é o caos. O pecuarista não sabe mais de quem pode comprar (pois ele mesmo não tem um sistema de monitoramento à disposição), o frigorífico fecha as portas por falta de animais para abater, ninguém mais dá a mínima para as GTAs, e os mercados externos decidem não comprar mais do Brasil porque o nosso sistema de defesa sanitária está comprometido.

É com lembrar que os EUA são o segundo maior exportador de carne bovina do mundo. O maior exportador é o Brasil. Destruir a credibilidade do sistema de vigilância brasileiro pode render bilhões aos americanos.

Agora que conhecemos a estratégia do Visipec, seria legal sabermos quais tipos de informação esse sistema, criado por gringos com os dados das nossas GTAs, vai mostrar. Isso nós não sabemos pois não temos a senha para baixar o tal “API do Visipec”.

Mas podemos escrever a eles pedindo, certo?

Lembre-se, para pedir acesso ao Visipec é só seguir as instruções acima.

“Informação publicada é informação pública. Porém, alguém trabalhou e se esforçou para que essa informação chegasse até você. Seja ético. Copiou? Informe e dê link para a fonte.” asdfgçlkjh

Comentários