A demanda chinesa por carnes forçará uma elevação brutal na produção agropecuária nos próximos 15 anos. Segundo o estudo "Desafios agrícolas da China - caminhos a serem perseguidos", da consultoria PwC, a demanda chinesa seguirá crescendo. Ao menos 15 milhões de hectares deverão ser convertidos até 2025 em lavouras de soja e milho para alimentar os bois, porcos e as aves que milhões de chineses passaram a consumir.
A maior parte da expansão, porém, não será em território chinês. Apesar de suas dimensões continentais, a China tem graves limitações como falta de água, poluição do solo e escassez de terra agricultável. Os chineses continuarão ditando o ritmo de expansão da produção agrícola em outros países, inclusive no Brasil, como já acontece. Tampouco a desaceleração econômica que o país observa deverá impactar de forma negativa o consumo de proteínas animais no país.
"A mudança na dieta alimentar chinesa continuará. E isso impõe um peso à segurança alimentar, com ramificações importantes no comércio agrícola global", diz o trabalho da PwC.
Com base na curva de crescimento do consumo de calorias da população na última década, o estudo, assinado por Richard Ferguson e Suwei Jiang, projetou a tendência até 2025 e chegou à conclusão de que os chineses estarão comendo, individualmente, 23 quilos de carnes por ano a mais do que hoje. Só a China - sem considerar o consumo de proteínas dos demais países - representaria, portanto, um volume adicional necessário de 94 milhões de toneladas de milho e soja. O cenário desconsidera ganhos tecnológicos suficientes para mudar o patamar de produtividade no campo.
Apesar de não citar nominalmente nenhum "beneficiário", o Brasil é o grande país produtor de grãos e carnes do mundo com maior potencial para futuras expansões expressivas. A área plantada extra serviria tanto para alimentar os rebanhos chineses - no caso, através da exportação de grãos e farelos - como a própria expansão da produção de carnes destinada ao país asiático.
Segundo o estudo da consultoria, para cada quilo de carne bovina produzida são consumidos 7 quilos de grãos. No caso do suíno, são 4 quilos de grãos e no de frango, 2 quilos.
Desde 2011, o consumo médio diário chinês de calorias superou o de vizinhos como Malásia, Tailândia, Vietnã, Filipinas e mesmo o Japão. Mais importante que isso, dizem os pesquisadores, aproximou-se rapidamente do patamar de países desenvolvidos como os EUA e o Reino Unido - nos anos 1970, um chinês consumia apenas 60% da média diária de americanos e britânicos.
A análise da PwC faz um recorte a mais para reforçar a tese de que as carnes ganharão mais espaço no prato dos chineses. Ao discriminar o que é caloria de origem vegetal e animal, nota que enquanto a proteína vegetal cresceu 37,1% entre 2003 e 2011, a animal aumentou 452,8%. Comparado a EUA e Reino Unido, o consumo de calorias vegetais pelos chineses estava apenas marginalmente atrás. No caso das de origem animal, ainda está 30% mais baixa.
O raciocínio está alinhado com o que o economista Bennett Merill já dizia em 1941: as calorias da dieta básica tradicional tendem a recuar à medida em que a renda sobe e, como consequência, as calorias de origem animal, como a carne, ganham espaço. E a sociedade mais urbanizada está levando a uma forte alta na demanda por alimentos na China.
Entre 1990 e 2012, o consumo de carne de frango registrou a maior variação entre as categorias de carnes, pulando de 3,4 quilos per capita/ano para 10,8 (7,3%). O de carne suína, outra estrela do cardápio oriental, passou de 18,5 para 21,2 quilos (2,8%), enquanto o de carne bovina subiu apenas de 3,3 para 3,7 quilos (0,5%). Mas, desde 2013, o país tem elevado suas importações.
Não à toa, nos últimos dois anos a carne bovina exportada pelo Brasil ultrapassou o frango e passou a liderar os embarques brasileiros de proteínas animais à China. O país asiático reabriu seu mercado para a carne bovina brasileira em maio. Em setembro, gastou US$ 81,2 milhões e importou 16,1 mil toneladas.
Detalhe, a carne bovina produzida no Brasil não leva soja ou milho na dieta.
A maior parte da expansão, porém, não será em território chinês. Apesar de suas dimensões continentais, a China tem graves limitações como falta de água, poluição do solo e escassez de terra agricultável. Os chineses continuarão ditando o ritmo de expansão da produção agrícola em outros países, inclusive no Brasil, como já acontece. Tampouco a desaceleração econômica que o país observa deverá impactar de forma negativa o consumo de proteínas animais no país.
"A mudança na dieta alimentar chinesa continuará. E isso impõe um peso à segurança alimentar, com ramificações importantes no comércio agrícola global", diz o trabalho da PwC.
Com base na curva de crescimento do consumo de calorias da população na última década, o estudo, assinado por Richard Ferguson e Suwei Jiang, projetou a tendência até 2025 e chegou à conclusão de que os chineses estarão comendo, individualmente, 23 quilos de carnes por ano a mais do que hoje. Só a China - sem considerar o consumo de proteínas dos demais países - representaria, portanto, um volume adicional necessário de 94 milhões de toneladas de milho e soja. O cenário desconsidera ganhos tecnológicos suficientes para mudar o patamar de produtividade no campo.
Apesar de não citar nominalmente nenhum "beneficiário", o Brasil é o grande país produtor de grãos e carnes do mundo com maior potencial para futuras expansões expressivas. A área plantada extra serviria tanto para alimentar os rebanhos chineses - no caso, através da exportação de grãos e farelos - como a própria expansão da produção de carnes destinada ao país asiático.
Segundo o estudo da consultoria, para cada quilo de carne bovina produzida são consumidos 7 quilos de grãos. No caso do suíno, são 4 quilos de grãos e no de frango, 2 quilos.
Desde 2011, o consumo médio diário chinês de calorias superou o de vizinhos como Malásia, Tailândia, Vietnã, Filipinas e mesmo o Japão. Mais importante que isso, dizem os pesquisadores, aproximou-se rapidamente do patamar de países desenvolvidos como os EUA e o Reino Unido - nos anos 1970, um chinês consumia apenas 60% da média diária de americanos e britânicos.
A análise da PwC faz um recorte a mais para reforçar a tese de que as carnes ganharão mais espaço no prato dos chineses. Ao discriminar o que é caloria de origem vegetal e animal, nota que enquanto a proteína vegetal cresceu 37,1% entre 2003 e 2011, a animal aumentou 452,8%. Comparado a EUA e Reino Unido, o consumo de calorias vegetais pelos chineses estava apenas marginalmente atrás. No caso das de origem animal, ainda está 30% mais baixa.
O raciocínio está alinhado com o que o economista Bennett Merill já dizia em 1941: as calorias da dieta básica tradicional tendem a recuar à medida em que a renda sobe e, como consequência, as calorias de origem animal, como a carne, ganham espaço. E a sociedade mais urbanizada está levando a uma forte alta na demanda por alimentos na China.
Entre 1990 e 2012, o consumo de carne de frango registrou a maior variação entre as categorias de carnes, pulando de 3,4 quilos per capita/ano para 10,8 (7,3%). O de carne suína, outra estrela do cardápio oriental, passou de 18,5 para 21,2 quilos (2,8%), enquanto o de carne bovina subiu apenas de 3,3 para 3,7 quilos (0,5%). Mas, desde 2013, o país tem elevado suas importações.
Não à toa, nos últimos dois anos a carne bovina exportada pelo Brasil ultrapassou o frango e passou a liderar os embarques brasileiros de proteínas animais à China. O país asiático reabriu seu mercado para a carne bovina brasileira em maio. Em setembro, gastou US$ 81,2 milhões e importou 16,1 mil toneladas.
Detalhe, a carne bovina produzida no Brasil não leva soja ou milho na dieta.
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