Big Brother do agro avança por pressão dos bancos

Ninguém deu atenção quando o Banco Central publicou a Resolução Nº 4.427 em junho do ano passado. O texto determinava o registro das coordenadas dos imóveis rurais e autorizava os bancos a utilizar técnicas de sensoriamento remoto para fiscalização de operações de crédito rural. Começaram com operações de crédito maiores de R$ 300 mil. Mas a partir de 1º de julho de 2016 a resolução alcançou operações acima de R$40 mil. Só nos primeiros 15 dias de agosto, a área monitorada cresceu 151% em relação à média dos dois meses anteriores.

A ONG Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável do Agronegócio (IBDAgro), que tem feito o monitoramento para os grandes bancos, já controla 72.744 hectares correspondentes a 1.186 operações de crédito rural. Além de fiscalizar as propriedades com imagens de satélite, os bancos também são obrigados a informar ao Banco Central as coordenadas das propriedades financiadas.

Dá próxima vez que o senhor sair no pátio da sua propriedade dê um tchauzinho pra cima. Pode haver um agente financeiro, uma ONG, um agente do MST ou outra categoria de bandido te olhando.

Aliás, a exigência dos bancos é a enésima. Os produtores rurais já têm que fazer o CAR, manter atualizado o cadastro no Incra, refazer anualmente o cadastro da Receita Federal por ocasião da declaração do ITR, fazer registro em cartório e os atos declaratórios ambientais junto ao Ibama. Até onde contei são 6 cadastros desintegrados, cada um com seus custos e taxas.

Veja aqui a Resolução BC nº 4.217 de 2015.

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