Eleições de 2010 e o Código Florestal

Informação publicada no Painel da Folha de São Paulo de ontem dá conta de que um dos produtos das reuniões ministeriais para tratar do Código Florestal, Lula baixou uma ordem: só Dilma deve falar publicamente sobre o tema. Além de esfriar o duelo Reinhold Stephanes (Agricultura) x Carlos Minc (½ Ambiente), a idéia é deixá-la debater com José Serra (PSDB), que tem martelado o assunto.

Ontem também a Carolina Bahia noticiou no seu blog que a atitude do Deputado Roberto Rocha (PSDB) de retirar da pauta da comissão e asfixiar o PL 6.424 que tenta alterar o Código Florestal teve a influência de Fernando Henrique e José Serra, ambos de olho nas eleições do ano que vem. Outro indício é o fato da relatoria do PL 6.424 ter sido passada para o Deputado Marcos Montes. Marcos Montes é do DEM, enquanto que o pai do PL é do Deuputado Flexa Ribeiro, que é do PSDB.

No próximo ano, com a Marina Silva candidata, todo mundo vai se pintar de verde. Até o Nilder Costa vai se pintar de verde. Sabe quem vai se ferrar com isso? O setor rural no geral, e a Amazônia em particular. Os candidatos, todos eles, tenderão a rifá-los em troca de ficarem bem na foto com a opinião pública. O ambientalismo sabe disso e, sempre que puder, manipulará a opinião pública no sentido de forçar os candidatos a esverdearem-se. E eles o farão, naturalmente.

Só há uma saída para isso. O setor rural precisa dar um jeito de pular para o lado da opinião pública. A sociedade precisa de uma referência de vilão do meio ambiente. O ruralismo mais arcaico presta-se bem a isso. É preciso rifar uma parcela pequena, mais radical e antiquada, do ruralismo como ícone do inimigo do meio ambiente. Se a opinião pública tiver um ícone no mal a quem culpar pelas mazelas ambientais ela ficará confortável para apoiar qualquer um que aponte essa culpa, inclusive o próprio setor rural. Os políticos a seguirão.

Comentários

Anônimo disse…
EXCELENTE! A PERECEPÇÃO DA OPINIÃO PÚBLICA É DISTORCIDA PORQUE A IMPRENSA GOSTA MAIS DOS TAMBORES ISOLADOS DOS "ZAMBIENTALISTAS" - QUE REPRESENTAM MAIS UM MITO DO QUE UMA VERDADE - DO QUE DOS CIENTISTAS (EMBRAPA, INPE E TAIS). A IMPRENSA TAMBÉM PREFERE VERDADES SIMPLES, MENSAGENS IMEDIATMENTE PERCEPTÍVEIS, DO TIPO TWITTER E O CÓDIGO AINDA QUE INSUSTENTÁVEL E AMPLAMENTE IGNORADO EM TODO O BRASIL, VIROU UM SÍMBOLO DA REAÇÃO AO TEMOR GLOBAL DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, OU DE UM COMBATE Á PÉSSIMA QUALIDADE DE VIDA NAS GRANDES CIDADES.

OCORRE QUE OS RURALISTAS TÊM UMA LIDERANÇA SÉRIA, SIMPÁTICA, MAS QUE NÃO BATE TAMBORES E NEM CONTRATA MARQUETEIROS PARA MOSTRAR COMO ESSA LEI É ANTIQUADA.

SEJA COMO FOR, LULA TERÁ QUE ARCAR COM O PREÇO POLÍTICO DE TER ASSINADO UM DECRETO ULTRA CRETINO COM UM PRAZO INCÔMODO ÀS VÉSPERAS DA CONFERÊNCIA DE COPENHAGUEM (SERÁ QUE ELE SABIA DISSO OU FOI UM TRUQUE DE CARLOS MINC?). EM QUALQUER CASO, ELA JÁ TERÁ QUE PAGAR O PREÇO POLÍTICO DE ADIAR O PRAZO, PARA QUE OS FISCAIS DO INSTITUTO CHICO MENDES E DOS ÓRGÃOS AMBIENTAIS NÃO DESABEM COMO GAFANHOTOS PARA TOMAR DINHEIRO DOS PRODUTORES RURAIS.