Repercussão do artigo

Recebi ao longo do dia de hoje vários e-mails com comentários sobre o artigo publicado no Estadão. Abaixo segue um deles publicado com autorização do autor. Creio ser útil para os leitores desse blog.

Sou também Agrônomo e Agricultor em Andirá, norte do Paraná. Li muitos comentários a respeito do código florestal, muitos feitos por leigos ou profissionais ligados a áreas diferentes da agricultura. Os leigos ou profissionais metidos a besta, que não entendem do assunto, sempre condenam o agricultor sem levar em conta o passado da propriedade e também a produção presente. Isso sem falar do futuro, dos comprometimentos com prorrogações, custeios e investimentos.

Sou profissional exclusivo agrícola, onde tenho que tirar o sustento de minha família e algum progresso. Minha propriedade está numa região onde o desmatamento ocorreu há uns 60 ou 70 anos, para instalar a lavoura de café. Então, hoje na atividade não há mais agricultor que desmatou. Os governos incentivaram a abertura das áreas, incentivaram destoca e pro-várzea com financiamentos e os agricultores embarcaram na onda do momento. Em todo esse tempo os governos receberam impostos sobre toda produção agrícola oriundos inclusives de áreas onde deveriam existir os 20% da reserva legal. Também receberam impostos de transmissão de propriedade (as cizas) e nunca reclamaram dizendo que isso talvez estivesse errado.

Temos comprometida toda nossa área para que produza e possamos pagar nossos compromissos. Como o Sr.argumentou, as contas estão caindo somente nos ombros dos agricultores, de forma injusta. É bom perguntar aos profissionais de outras atividades se eles concordam em abrir mão de 20% de seus salários em prol do meio ambiente. Qual seria a resposta???

Comentários

Anônimo disse…
Ciro, é por essas e outras que fica a grande pergunta: quem vai pagar a conta?

Este é o clássico exemplo do sufoco imposto aos nossos produtores. Se ninguém está disposto a pagar 20% do que ganha para "salvar o planeta", imagine se estariam disposto em reduzir 80% do seu consumo para "salvar a Amazônia".

Os cretinos de plantão, travestidos de "salvadores do planeta", pegam sol nas prais do litoral enquanto quem trabalha e produz o açaí das academias não tem direito sobre a sua propriedade. Não teria direito nem menos de manejar o seu açaizal porque está em área de preservação permanente, cujo conceito remete à intocabilidade do ambiente.

Parabéns pelo artigo, mas parabéns mesmo será no dia em que "os do bem" e "os do mal" entenderem que precisamos de leis que sirvam ao nosso país e não aos grupos que se degladiam.

Espero ainda poder viver para ver produtor rural produzindo e o Estado cumprindo o seu dever. Em última análise, espero acordar um dia sabendo que tenho a Lei do meu lado e não como um instrumento medíocre utilizado pelo Estado para descarregar o seu ônus no meu bolso, como sempre tem feito, colocando a minha cidade no segundo lugar das cidades mais violentas do Brasil.

A burrice causa desmatamento. A violência causa desmatamento. Votar no menos pior causa desmatamento. Ser a maria que vai com as outras causa desmatamento.
João de Deus causa desmatamento.
Minc e seus gênios causam desmatamento.
Os do bem e os do mau causam desmatamento.
Anônimo disse…
Repito o que disse ao Ciro. Fui ao supermercado ontem ambientalista e voltei agricultor. Vou ter mais respeito de quem produz agora e menos ideologia na cabeça.
Eduardo Velasco
Advogado
Natal/RN
Luiz Henrique disse…
Se imaginarmos que a carga tributaria no Brasil esta por volta de 35%, para o produtor agropecuário, levando em conta a porcentagem de Reserva Legal obrigatória, para um produtor do Sul, ela esta em 55% (35% + 20%), para um produtor do cerrado, esta em
70% (35% + 35%) e para um produtor do Norte, em 115% (35% + 80%), portanto levando em conta o capital aplicado, seu prejuízo certo e liquido, sem contar os contratempos, atualmente é de 15% ao ano.
Anônimo disse…
A minha imagem de ambientalista é um cara sentado na frente do computador com um ar condicionado ligado escrevendo besteiras com a intenção de salvar o mundo...já o pobre do agricultor ta no sol com um CBT velho pagando caro o diesel e se perguntando por quê que não posso plantar naquele canto da minha terra..ah é lembrei é a tal de reserva legal.Tinha que tirar 20% do salário dos ambientalistinhas de plantão, dae o assunto seria diferente, falar com o coração é muito bonito mas com o agricultor estão falando com o bolso dele!

Carlos Henrique
Santa Maria - RS
graduando em Agronomia