Jogada de Mestre: Katia Abreu aproxima setor rural do ambientalismo moderado

Ambientalismo e agricultura conversando: Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira recebe a Presidente da CNA, Senadora Katia Abreu.
A Senadora Katia Abreu, presidente da Confederação Nacional da Agricultura, se reuniu hoje com a Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. A pauta da reunião foram os temas que a CNA levará à Conferência Rio+20, mas a atitude da Senadora evidencia uma tentativa de aproximar o setor de um certo tipo de ambientalismo com o qual é possível conversar. Izabella Teixeira é uma ambientalistas tenaz e de convicções fortes, mas não é fundamentalista como os ex-ministros pop stars que a antecederam, Marina Silva e Carlos Minc, ou como os ecoxiitas das ONGs.

Katia Abreu mostrou a Izabella a intenção da CNA de mostrar nos inúmeros debates que ocorrerão durante a conferência Rio+20, a importância da conservação das matas ciliares em todo o mundo.

Na Rio+20, a CNA falará sobre o andamento do Projeto Biomas, que desenvolve em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) para oferecer aos produtores rurais modelos sustentáveis de produção. A iniciativa conta com o apoio das empresas John Deere e Monsanto e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Outro tema que será abordado pelo setor agropecuário durante a conferência é a redução do desmatamento no País, que foi de 6.600 km2 em 2010. “O Brasil vai cumprir, muito antes do previsto, a meta assumida durante a COP-15, realizada em 2009”, afirmou a presidente da CNA. Na ocasião, o Brasil comprometeu-se a reduzir a área desmatada para 5.400 km2, em 2020.

A senadora Kátia Abreu também informou a ministra do Meio Ambiente sobre dados da produção agropecuária, de biocombustíveis e silvicultura, atividades que ocupam apenas 27,7% do território nacional, enquanto 61% do território estão preservados com florestas nativas. Outro tema a ser abordado pela entidade na Rio+20 são as medidas que a CNA vem adotando para estimular a adesão dos produtores rurais ao Programa de Agricultura de Baixo Carbono (ABC), do Governo federal. Em parceria com a Embaixada Britância, foram realizados quatro seminários – em Brasília, em Minas Gerais, na Bahia e no Rio Grande do Sul – para difundir as regras do programa. “Vamos mostrar, por meio de um painel eletrônico, informações sobre as técnicas disponíveis para a adoção da agricultura de baixo carbono, como o plantio direto e a fertilização do solo, entre outras”, afirmou.

De acordo com a presidente da CNA, também serão destaque na Rio+20 as iniciativas voltadas à ascensão social dos produtores rurais das classes D e E, que, juntas, reúnem 3,2 milhões de produtores no Brasil. A partir de um amplo programa de assistência técnica, a senadora Kátia Abreu acredita que 15% desses produtores possam ascender socialmente para a classe C, no período de três anos.

Eu acho que a CNA deveria levar também para a Rio+20 um diagnóstico das Unidades de Conservação Públicas do País. Abordar esse tema evidenciaria a distinção entre a preservação em terras públicas, via lei do Snuc, e a conservação em terras privadas, via Código Florestal.

O mundo acha que todas as florestas do Brasil são protegidas apenas pelo Código Florestal. Quando os produtores reclamam do Código as ONGs vão ao exterior dizer que os produtores no Brasil querem desmatar para produzir mais. Os xiitas de meio ambiente se aproveitam do fato de que as UCs estão escondidas do debate sobre preservação florestal no Brasil. Seria bom mostrar ao mundo o que o Brasil vem fazendo e os desafios que o país tem na preservação em terras públicas. Embora isso pudesse enfezar a aproximação com os ambientalistas moderados do governo seria uma pauta importante para o futuro do debate sobre meio ambiente e produção no Brasil.

De qualquer maneira, na minha leitura, foi uma impressionante iniciativa a da Senadora Katia Abreu de procurar o MMA. É notável o que a Senadora vem conseguindo fazer com a estrutura velha e acomodada da CNA depois de 14 anos de gestão do de Salvo. A aproximação dos produtores com o ambientalismo é um grande passo para se isolar os ecoirresponsáveis das ONGs.

Comentários

Anônimo disse…
A iniciativa é ótima, mas acredito que de pouca eficácia, pois os objetivos desta gente não é com a natureza ou coisas do tipo. Como já disse em outros comentários, esse negócio de "ambientalismo" é só mais uma das ferramentas para alcançarem o que realmente querem.

Claro que no meio disso há vários "idiotas úteis" que acreditam na própria propaganda, mas os mentores do processo sabem muito bem o que querem.