Reportagem da CNN sobre o Código Florestal: Brasil busca um equilibro entre agricultura e florestas

Segue abaixo um tradução livre da, por assim dizer, reportagem da CNN:

É tempo de colheita no coração do Brasil. Tratores John Deere de última linha colhem vastos campos de soja deixando um trilha de poeira. Produtores preveem uma colheita recorde aqui no Mato Grosso, a nova fronteira agrícola do país. Brasil é o segundo maior produtor de soja do mundo depois dos Estados Unidos e Mato Grosso é responsável por um terço dessa produção.

Mas essa é só uma parte do quadro. Mato Grosso tem também vastas áreas de florestas virgem, áreas de uma savana semi-árida e o Parque Nacional do Xingu.

A batalha por terra aqui lançou ambientalistas contra produtores rurais. O debate sobre o novo Código Florestal no Congresso está aumentando a tensão da disputa.

A ex ministra Marina Silva diz que se passar a reforma do Código Florestal, ela poderá ser um desastre para a floresta remanescente. É um retrocesso sem precedentes depois de 23 anos de progressos que fizemos, diz Marina Silva à CNN.

Quase um quinto das florestas brasileiras foram perdidas desde 1970, mas nos últimos 6 anos, Brasil combateu duramente o corte de florestas, reduzindo o desmatamento em 80%.

A nova lei reduz os limites ao desmatamento e anistia desmatamentos ilegais feitos no passado. O lobby do setor rural no Congresso Brasileiro considera que ainda fez pouco para proteger os trabalhadores que ajudaram a transformar o Brasil numa economia forte.

Presidente Dilma Rousseff disse que vetaria qualquer lei que anistiasse desmatamentos ilegais, embora a legalização feita no Senado tenha aval do governo. Entretanto, incapaz de forjar consenso no Congresso, o governo tem retardado a votação na Câmara.

O novo Código legalizará produtores que desmataram ilegalmente não porque quisessem, mas por outro fatores. O governo pretende concluir a reforma na lei antes de junho quanto o Rio de Janeiro receberá a Rio +20.

No Mato Grosso, muitos fazendeiros apoia a nova lei. "Eu acho que o Código Florestal resolverá muitos problemas", disse Saulo Cunha, dono de vastos campos de soja e milho em Canarana.

Há quarenta anos, Mato Grosso era o velho oeste do Brasil. Era praticamente inabitado, coberto por florestas nativas. Colonizadores foram encorajados pelo governo a povoar e desmatar. Eles ajudaram a transformar o Brasil em um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo. Mas hoje a lei exige que uma fração que varia de 20% a 80% dessa terra seja preservada, especialmente nas margens dos rios.

Pelo novo Código, fazendeiros que quebraram a lei não terão que pagar multas. Eles poderão se legalizar replantando arvores nativas. Cunha já começou. Mas o novo Código também contem várias saídas que garantem que muitos pastos e campos agrícolas nunca serão reflorestados.


Mal traduzido do texto original da CNN: Brazil tries to balance farming and forests
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Em tempo, são quase 2 da manhã e o tempo só deu para traduzir essa ajuntamento de lugares comuns produzido pela CNN. Amanhã, se der, eu ajeito o texto e comento. O leitor poderá formar sua própria opinião. Reparem que a CNN colocou a legenda erra na imagem da Madre Marina de Xapuri, chamando-a de Malu Ribeiro, outra talibã da clorofila que a repórter deve ter ouvido para compor a reportagem.

Comentários

Luiz Prado disse…
Eu continuo achando o tal código um cheque em branco para a contínua omissão do poder público, já que em países sérios as coisas - inclusive as coisas da gestão ambiental - são feitas no mundo real, e não no mundo dos conceitos abstratos.

No Rio de Janeiro, existe um órgão encarregado de rios e lagoas há uns 30 anos, a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas - SERLA. NUNCA uma faixa marginal de proteção foi demarcada, exceto quando por solicitação de algum proprietário, e ainda assim apenas naquele trecho. Se o proprietário vizinho quiser a demarcação, tudo recomeça como se fosse do zero.

A SERLA foi incorporada ao Instituto do Ambiente - INEA há uns poucos anos e tudo continuou igual.

Imagina se na Alemanha essas coisas não estão resolvidas há pelo menos 50 anos, com a definição EM PLANTA do que deve ser preservado, faixa marginal maior aqui e menor acolá?!