Ambientalistas contratam manifestantes contra moradores do Horto no Rio de Janeiro

Rio de Janeiro - Duas manifestações se encontram hoje (15) no Jardim Botânico do Rio. De um lado, cerca de 300 moradores do Horto que são vizinhos de uma unidade de preservação ambiental há décadas e querem permanecer no local. Do outro, cerca de 70 apoiadores da associação de moradores e amigos do bairro que denunciam a favelização da região. As estimativas de participantes são das lideranças dos movimentos.

De acordo com a advogada da associação do Jardim Botânico, Regina Carquejo, moradores do Horto estão em área irregular em encostas ou beira de rio, expostos a riscos quando chove forte. Além disso, ela disse que a construção das casas degrada a floresta - área de Mata Atlântica. Para preservar o meio ambiente, ela quer que as casas sejam removidas.

Na estimativa da associação de moradores do Jardim Botânico, cerca de 620 casas incluindo um condomínio de luxo devem ser reassentados. "Regularizar a permanência de moradores irregulares coloca o à floresta nas mãos da especulação imobiliária", disse Alfredo Piragibe, à frente do movimento SOS Jardim Botânico.

Já os moradores do Horto dizem que não se recusam a discutir a remoção de famílias em áreas de risco para unidades habitacionais próximas, segundo a presidente da Associação de Moradores e Amigos do Horto, Emília Souza. Porém, a líder comunitária, cobra que a União defina os limites para ocupação restante.

"Também temos preocupação com a questão ambiental. Fazemos um controle por meio de um cadastro de moradores. Queremos a regularização que será boa tanto para nos tirar da tensão permanente da remoção, quanto para o parque. Até hoje, os limites do Instituto Jardim Botânico [que compreende local de visitação e áreas de pesquisa] não foram estabelecidos".

O Horto não faz parte legalmente do instituto, que está subordinado ao Ministério do Meio Ambiente. Pertence à União e deve ser regularizado pela Secretaria de Patrimônio da União, vinculada do Ministério do Planejamento. Procurada, a superintendência no Rio de Janeiro não está autorizada a falar e a representante nacional não foi localizada.

Os moradores do Horto levaram para o Jardim Botânico carro de som e cartazes com os dizeres "Nós somos moradores, não invasores". Entre eles, um grupo de senhoras entre 70 e 80 anos, que sentadas em cadeiras, seguravam as faixas. "Nasci aqui, vim defender minha moradia, meu pai trabalhou na construção disso tudo", disse Neuza Martins, de 74 anos.

Já o SOS Jardim Botânico além de ativistas e moradores, contratou pessoas para segurar cartazes e bandeiras. Segundo Piragibe, a função delas era sinalizar o local da manifestação aos motoristas, em frente a entrada principal do Jardim Botânico.

Inicialmente, o protesto pela remoção de casas foi organizado pela internet pela Associação dos Moradores e Amigos do Jardim Botânico e divulgado em jornais. Para se contrapor, o Horto convocou uma mobilização no mesmo lugar.

Texto de Isabela Vieira, repórter da Agência Brasil.

Comentários

e1000 disse…
Na verdade as casas que existem dentro do Instituto JB so poderiam ser usadas por funcionarios do Instituto . Porem com o decorrer dos anos, seus descendentes nao se retiraram, sentindo-se no direito de permanecer como proprietarios de imoveis da Uniao em terreno da Uniao. Essa e' a briga. Constitucionalmente ,nao existe usucapiao em terra da Uniao, e essas familias ( que estao muito bem de vida , ostentando inclusive carroes importados em suas garagens) nao tem o direito de ali permanecerem utilizando imoveis que se destinam aos funcionarios do JB. Esse direito Constitucional ,no entanto, foi negado ao Instituto JB em primeira instancia, com a incrivel anuencia da Uniao.