Greenpeace, Abiove e Sarney Filho confraternizam. |
Relatório apresentado pelo Grupo de Trabalho da Soja (GTS), traders, ambientalistas governamentais e não governamentais, demonstra que, em 11 anos, apenas 1,2% do desmatamento na Amazônia foi decorrente do plantio do grão. De acordo com dados do monitoramento por imagens de satélite dos plantios de soja na Amazônia Legal, na safra 2016/2017, a moratória da soja é uma iniciativa bem-sucedida para proteger o bioma.
Os ambientalistas sempre acusaram a soja de desmatar a Amazônia criando uma imagem ruim do produto brasileiro no exterior. Mas agora, o movimento quer estender a moratória da soja da Amazônia para o Cerrado e volta a sorrir para as traders.
Os bons números da moratória foram divulgadas na quarta-feira (10/01), em coletiva de imprensa no Ministério do ½ Ambiente (MMA), em Brasília com a participação do Greenpeace. "Com a moratória, praticamente acabou o desmatamento por plantio de soja na Amazônia sem acabar o seu plantio, mostrando que é possível desenvolvimento sem desmatar", defendeu o ministro do ½ Ambiente, Sarneyzinho Filho.
O acordo teve início em 2006, quando um grupo de ONGs internacionais chantageou a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), forçando-as a aceitar a não comercialização ou financiar de soja oriunda de áreas desmatadas na Amazônia Legal após junho de 2006. Com a publicação da Lei 12.651/12, o novo Código Florestal, essa data foi alterada para julho de 2008, ano de adesão do governo federal ao compromisso setorial.
Atualmente, está presente em sete estados da Amazônia Legal: Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá, Maranhão e Tocantins. Nos 89 municípios monitorados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 94,4% do desmate não está associado à conversão de terras para o plantio - a produção ocorre em áreas de pastagem degradada ou em áreas desmatadas antes de 2008, ano-base da moratória.
O GTS, instância de coordenação da moratória da soja, é formado por instituições como a Abiove, Anec, Greenpeace, WWF, Conservação Internacional, MMA, Banco do Brasil e Inpe, entre outras. Não há representantes de produtores rurais no acordo, apenas traders, ONGs internacionais e os ambientalistas do M½A.
Sarneyzinho aproveitou a ocasião para firmar que o acordo setorial é exemplo para o mundo e defendeu que seja estendido para o bioma Cerrado. "É inevitável que o Cerrado passe pelo mesmo processo", disse.
Um Grupo de Trabalho do Cerrado (GTC) vem trabalhando, desde 2017, em propostas para conter o avanço da fronteira agrícola no bioma mais desmatado do país. Atualmente, 54% da soja brasileira é produzida no Cerrado, com novas frentes de plantio na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). Este blog já avisou sobre isso: Paulo Adário, do Greenpeace, cumprimenta Sarneyzinho diante de Carlos Lovatelli, da Abiove..
O MMA compôs dois grupos de trabalho, na primeira semana de 2018: um para tratar do controle do desmatamento na cadeia produtiva da soja e outro, no setor pecuarista. Ambos têm o objetivo de pressionar o elo industrial das cadeias produtivas a selecionar os produtores do bem.
Segundo o estrategista sênior de Florestas do Greenpeace, Paulo Adário, um dos coordenadores do GTS e pioneiro nas tratativas da moratória da soja, a iniciativa consegue conciliar a proteção ao meio ambiente com a produção de alimentos, por meio do diálogo entre o setor produtivo, a sociedade civil e o governo. O consultor da Abiove e também pioneiro da moratória, Carlo Lovatelli, o pacto confere credibilidade ao setor e traz bons resultados. "É possível produzir conservando os recursos naturais, conforme exigências do mercado internacional", afirmou.
Com informações do MMA e imagem de José Cruz, da Agência Brasil.
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