Rio de Janeiro tombará esgoto como patrimônio cultural

Lavadeiras no Rio Carioca por Debret | Reprodução

Por baixo da Rua das Laranjeiras, umas das principais vias da nobre zona sul do Rio de Janeiro, corre o rio Carioca. Responsável pelo gentílico que batiza os moradores da cidade, o rio foi, até o fim do século 19, a principal fonte de água potável do município. Hoje, no entanto, suas águas, soterradas pela urbanização, correm como um valão de esgoto até desembocar no mar, na praia do Flamengo.

O Rio Carioca nasce aos pés do Cristo, no morro do Corcovado, e corta as favelas Cerro-Corá, Vila Cândido e Guararapes e os bairros do Cosme Velho, Laranjeiras e Flamengo, tem 7,1 quilômetros de extensão. Apenas a cabeceira, dentro da Floresta da Tijuca, permanece preservada. O resto é esgoto.

"Se você joga esgoto, você reduz o rio a uma única função: transportar esgoto", afirma o engenheiro e professor da Fiocruz, Alexandre Pessoa, que fez um estudo sobre o manancial, quase inteiramente poluído pelo esgoto e lixo lançados pelas edificações do bairro chic no seu entorno. Segundo o engenheiro, o rio perdeu sua função ao passar a ser tratado como um esgoto pela ilustre população do Rio de Janeiro.


Pois esse rio de esgoto será tombado como Patrimônio Cultural do Estado do Rio. “Vamos aproveitar que o Brasil vai sediar este ano o ‘Fórum Mundial da Água’ para fazer o tombamento”, diz Marcus Monteiro, do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

Em tempo, nada mais característico do ambientalismo urbanóide do que tombar um rio morto pelo esgoto da zona sul do Rio de Janeiro como patrimônio cultural em homenagem ao Fórum Mundial da Água.

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