Bolsonaro é contra a indústria das multas


O pré candidato a presidência da República, Jair Bolsonaro, publicou no Twitter um vídeo com uma tomada aérea onde se lê o seu nome escrito em uma lavoura de soja. Na postagem, Bolsonaro escreveu o seguinte: "Menos Estado e mais liberdade para o produtor rural. Garantia à propriedade privada, segurança, fim da indústria das multas e menos impostos."

Em menos de 140 caracteres, o candidato conseguiu expressar boa parte das maiores angústias do agro. Embora não sejam os temas mais importantes do setor, são aqueles que afetam diretamente os homens e mulheres do campos. Não é a toa que por onde ando nos rincões no Brasil vejo carros adesivados com o nome de Bolsonaro.

Para quem não sabe, o conceito de indústria da multa foi lançado aqui nesta página. Um decreto do Ministro de ½ Ambiente, Sarneyzinho Filho, criou a possibilidade de agentes ambientais do governo emitirem multas com foco na aplicação do valor arrecadado em ONGs ambientalistas.

Veja aqui: Quanto mais dano ambiental, melhor: Sarney Filho cria a indústria da multa no Brasil

Acordo nesses sentido entre ONGs e o Ibama já estão sendo feitos com a chancela do Ministério Público: Acordo entre Ministério Público e Ibama transfere R$ 43 milhões de multas ambientais para ONG ambientalista


Curioso é o fato de que nenhuma entidade nem liderança do setor rural se manifestou contra o decreto. Olha que a primeira postagem deste blog sobre a indústria das multas é de fevereiro de 2017, muito anterior ao ato, que só saiu em novembro. O decreto foi discutido ao longo de quase um ano até ser assinado e ninguém fez absolutamente nada.

Vem o Bolsonaro e enxerga aquilo que afeta diretamente o eleitor rural e nem as lideranças do setor enxergam. Não admira que o candidato esteja ocupando o espaço.

Pessoalmente eu não gosto da ideia de ter Jair Bolsonaro como presidente do Brasil. Não sei quais são as soluções que ele imagina para arranjar 308 votos e guiá-los no sentido de corrigir o nosso problema fiscal. Na minha visão, com um discurso desagregador, ele pode até achar um jeito de conseguir uma maioria simples, mas não conseguirá a maioria qualificada da qual depende o ajuste fiscal.

Cortar impostos é uma bandeira excelente para arranjar votos, mas péssima para quem tem uma bomba fiscal para desarmar. Não sei quais são as ideias de Bolsonaro sobre economia, sobre privatizações. Penso que, se Bolsonaro for eleito, vai decepcionar as pessoas que depositam sua fé no messias (com o perdão do trocadilho).

Mas o fato é que o candidato está tomando os corações e mentes do campo. É uma pena. Merecíamos algo melhor.

A foto é de Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

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