Bode preto expiatório |
Segundo o jornal Valor Econômico, Nappo assume a área com um mandato claro: blindar a cadeia de fornecedores da JBS contra produtores que tenham cometido crimes ambientais e trabalhistas.
Se a empresa criou a diretoria pra isso, ela já nasceu errada. O JBS precisa entender que ao Greenpeace e assemelhados não interessa um monitoramento sério. No dia em que a ONG precisar de um bode expiatório para suas patacoadas, tanto fará se a Diretoria do Sr. Nappo estiver funcionando bem ou não.
Uma diretoria séria, voltada para a sustentabilidade da cadeia de pecuária, deveria pautar sua atuação na parceria com o setor e na indução de comportamentos adequados através de incentivos econômicos. Mas como isso custa caro, é mais fácil para a empresa fazer o papel de polícia, comprar pelo preço de mercado dos produtores melhores e largar os demais sem acesso ao mercado.
Nappo diz que a JBS já possui um sistema efetivo para monitorar a situação das 22 mil fazendas cadastradas em seu banco de fornecedores. Contudo o sistema ainda é falho e não há garantias de que os animais adquiridos junto a essas propriedades não tenham passado antes por fazendas em condição irregular. O JBS agora quer monitorar toda a cadeia de produção de carne antes do abate. O avanço, afirma ele, depende do mapeamento georreferenciado das propriedades rurais.
Hoje, parte significativa dos pecuaristas não possui esse mapa. Nesses casos, o monitoramento é feito por aproximação: a JBS delimita um raio de 10 quilômetros em torno do curral de cada fazenda e sobrepõe as imagens de satélite aos mapas de desmatamento, áreas indígenas e de conservação em busca de infrações.
A JBS agora quer formar uma rede de empresas capazes arrancar mais dinheiro do produtor rural em troca da prestação desse serviço de mapeamento. O passo seguinte é tornar o georreferenciamento uma obrigação para todo pecuarista que quiser vender para a JBS.
Nappo reclama que ainda há “barreiras sistêmicas” envolvendo o mapeamento das propriedades. Segundo ele, faltam mapas com limites precisos e na escala adequada das reservas indígenas e das unidades de conservação ou mesmo uma linha clara que delimite o bioma amazônico.
Por essa razão, o novo diretor da JBS quer liderar um processo de coordenação das políticas de sustentabilidade dos grandes frigoríficos. Para o executivo, os grandes frigoríficos podem compartilhar bancos de dados e mapas e desenvolver programas, em parcerias com outros elos da cadeia, para aumentar a produtividade pecuária, sobretudo nas áreas mais sensíveis do ponto de vista ambiental.
Nappo afirma ainda que o setor precisa retomar o diálogo “em bases construtivas” com a ONGs, em particular com o Greenpeace, cuja relação com a JBS azedou após a divulgação de um relatório no qual a organização acusou o frigorífico de comprar gado de fazendas embargadas.
Segundo ele, o setor ainda é vítima de um “desalinhamento de expectativas”. “As ONGs são imediatistas, e esse é o seu papel, mas o setor ainda está no estágio de compreender os problemas e as barreiras operacionais. Quanto maior for a transparência e o diálogo, mais conseguiremos alinhas essas expectativas”, garantiu.
O Sr. Nappo está completamente equivocado. O Greenpeace não quer acordo com o setor rural porque vive do conflito. Cedo ou tarde eles vão arranjar uma desculpa qualquer para desconstruir o trabalho de sustentabilidade do JBS e restabelecer o conflito. O Greenpeace depende dessa guerra para continuar merecendo os recursos que recebe.
Os produtores rurais estão reféns do gigantismo e dos erros de estratégia da JBS. Até quando? Nossos representantes vão ficar calados diante dessa decisão do JBS? Acho que os produtores deveriam se juntar e enquadrar o JBS.
A foto é de Valter Campanato, da Agência Brasil.
Comentários
a jbs não vai encontrar muitos fornecedores , logo logo é capaz de falir.
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