Cadê o latifúndio que estava aqui?: Historiador desafia o paradigma do latifúndio agrário-exportador na formação econômica do Brasil
O livro de Jorge Caldeira reconta a história do Brasil colonial com um foco inovador: a figura do empreendedor. A partir de uma pesquisa histórica profunda, o autor desafia as grandes explicações vigentes sobre a formação economia do Brasil centradas na figura as oligarquias agrárias exportadoras. O paradigma de um Brasil sem mercado interno e sem empreendedores está na origem na visão negativa que o mundo urbano tem do setor rural. O livro de jorge Caldeira é uma cunha nesse paradigma.
Caldeira mostra que a economia do Brasil colonial tinha uma dinâmica muito maior que a prevista pelos grandes modelos; crescia a taxas superiores que a da economia metropolitana. Como resultado, em 1800 a economia brasileira era muito maior que a de Portugal.
O livro trata esse cenário de dois modos.
O Brasil colonial é visto de forma dominante através do modelo do latifúndio agrário-exportador. Por esse modelo, a economia colonial brasileira teria sido organizada em grandes latifúndios, de modo a exportar matérias-primas a baixo preço e transferir riqueza para a Metrópole. Como resultado, o mercado interno seria mínimo e a sociedade, escravista.
Caldeira questiona esse modelo a partir de uma análise profunda de seu núcleo central, a categoria latifúndio, para entender como ela gerou explicações nas quais o desenvolvimento de um mercado interno foi tão subavaliado. Essa imersão traz resultados surpreendentes.
Existe uma imensa proximidade – que o texto mostra em detalhes – entre as versões do marxista Caio Prado Júnior e do conservador Oliveira Vianna para a ideia do latifúndio. Ambas sem instrumentos para analisar trocas contratuais, as trocas entre pessoas livres que constituem o mercado.
A segunda parte do livro faz uma análise da formação do mercado interno no Brasil, tendo como norte o estudo das trocas contratuais. E nela se revela que o mercado interno do Brasil colonial atingia todas as camadas sociais e etnias, desde os índios na floresta até os grandes comerciantes do litoral.
Mesmo em um cenário de falta aguda de capital, desde o século XVI foi possível montar uma rede sofisticada de troca de mercadorias graças ao envolvimento ativo dos índios tupis nessa rede. A mistura de relações pessoais com trocas de mercadorias tornou essencial no Brasil a figura que queria enriquecer, não tinha dinheiro, mas tinha capacidade de organizar a produção e expandir o mercado: o empreendedor.
Figura central numa sociedade em que poucos homens livres tinham escravos (apenas 9% deles eram proprietários, no início do século XIX), e na qual formavam a maioria da população (62% do total, no mesmo momento), o empreendedor organizava trabalho e buscava enriquecer. Migrantes portugueses, índios livres, escravos libertos e filhos miscigenados compunham o grupo que, em todos os setores da economia, corria riscos, ganhava na forma de lucros. Crescia por si mesmo, porque o mercado crescia, e também porque não paravam de chegar novos empreendedores, que se fixavam na sociedade colonial por casamento.
Tendo esse grupo como base, é possível entender a montagem de uma economia dinâmica, mesmo numa realidade na qual o governo agia contra o desenvolvimento e a escravidão estava por todo lado. O empreendedor revela claramente o cenário de desenvolvimento que o modelo vigente é incapaz de descrever.
A partir daí, entende-se também o processo de acumulação de capital, o topo da sociedade formado pelos grandes traficantes de escravos brasileiros. Donos de fortunas gigantescas, capazes de controlar frotas navais significativas e toda a economia de boa parte da África. Ligados a uma rede interna de comerciantes que financiava o crescimento da economia colonial brasileira num ritmo próprio, cada vez mais intenso, superior ao metropolitano.
Todo esse conjunto é apresentado em linguagem clara, que torna essa leitura indispensável a quem pretende reconstruir a imagem do setor rural junto à brasileiro urbano. Clique no link (http://compre.vc/s/2f3a2d70) compre o livro, leia e divulgue.
Título e retranca de matéria da Revista Veja sobre o livro de Jorge Caldeira. Leia aqui. |
Caldeira mostra que a economia do Brasil colonial tinha uma dinâmica muito maior que a prevista pelos grandes modelos; crescia a taxas superiores que a da economia metropolitana. Como resultado, em 1800 a economia brasileira era muito maior que a de Portugal.
O livro trata esse cenário de dois modos.
O Brasil colonial é visto de forma dominante através do modelo do latifúndio agrário-exportador. Por esse modelo, a economia colonial brasileira teria sido organizada em grandes latifúndios, de modo a exportar matérias-primas a baixo preço e transferir riqueza para a Metrópole. Como resultado, o mercado interno seria mínimo e a sociedade, escravista.
Caldeira questiona esse modelo a partir de uma análise profunda de seu núcleo central, a categoria latifúndio, para entender como ela gerou explicações nas quais o desenvolvimento de um mercado interno foi tão subavaliado. Essa imersão traz resultados surpreendentes.
Manchete e retranca de matéria do jornal Valor sobre o livro de Jorge Caldeira. Leia aqui. |
A segunda parte do livro faz uma análise da formação do mercado interno no Brasil, tendo como norte o estudo das trocas contratuais. E nela se revela que o mercado interno do Brasil colonial atingia todas as camadas sociais e etnias, desde os índios na floresta até os grandes comerciantes do litoral.
Mesmo em um cenário de falta aguda de capital, desde o século XVI foi possível montar uma rede sofisticada de troca de mercadorias graças ao envolvimento ativo dos índios tupis nessa rede. A mistura de relações pessoais com trocas de mercadorias tornou essencial no Brasil a figura que queria enriquecer, não tinha dinheiro, mas tinha capacidade de organizar a produção e expandir o mercado: o empreendedor.
Figura central numa sociedade em que poucos homens livres tinham escravos (apenas 9% deles eram proprietários, no início do século XIX), e na qual formavam a maioria da população (62% do total, no mesmo momento), o empreendedor organizava trabalho e buscava enriquecer. Migrantes portugueses, índios livres, escravos libertos e filhos miscigenados compunham o grupo que, em todos os setores da economia, corria riscos, ganhava na forma de lucros. Crescia por si mesmo, porque o mercado crescia, e também porque não paravam de chegar novos empreendedores, que se fixavam na sociedade colonial por casamento.
Tendo esse grupo como base, é possível entender a montagem de uma economia dinâmica, mesmo numa realidade na qual o governo agia contra o desenvolvimento e a escravidão estava por todo lado. O empreendedor revela claramente o cenário de desenvolvimento que o modelo vigente é incapaz de descrever.
A partir daí, entende-se também o processo de acumulação de capital, o topo da sociedade formado pelos grandes traficantes de escravos brasileiros. Donos de fortunas gigantescas, capazes de controlar frotas navais significativas e toda a economia de boa parte da África. Ligados a uma rede interna de comerciantes que financiava o crescimento da economia colonial brasileira num ritmo próprio, cada vez mais intenso, superior ao metropolitano.
Todo esse conjunto é apresentado em linguagem clara, que torna essa leitura indispensável a quem pretende reconstruir a imagem do setor rural junto à brasileiro urbano. Clique no link (http://compre.vc/s/2f3a2d70) compre o livro, leia e divulgue.
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