Quem movimenta a economia rural no Brasil, o boi ou a soja?

O Produto Interno Bruto (PIB) da pecuária bovina de corte é o maior entre as cinco cadeias produtivas do agronegócio brasileiro acompanhadas pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq-USP, em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Em 2015, os segmentos de insumos, produção primária, processamento e serviços prestados à cadeia movimentaram cerca de R$ 188 bilhões, ou mais
que o dobro dos R$ 91,4 bilhões estimados para a cadeia da soja.

Pressionada por ONGs e toda a sorte de desinformadores de opinião, no entanto, o crescimento da pecuária foi de 2,48%, bem abaixo dos 9,69% da cadeia da soja e dos 5,01% da cana-de-açúcar no comparativo com 2014.

O resultado positivo da pecuária bovina de corte refletiu o aumento de 10,2% da renda produzida pelo segmento industrial decorrente dos maiores preços pagos à carne processada. O Segmento de insumos caiu 7,87%, o de serviços amargou queda de 3,1% e houve um ligeiro aumento de 1,58% da renda gerada “dentro da porteira”. Em resumo, o povo pagou mais pela carne, os frigoríficos ganharam mais, o pecuarista empatou e o restou perdeu.

No segmento de insumos, diminuiu o volume comercializado de medicamentos, sal mineral e óleo diesel, em comparação a 2014. Por outro lado, tanto no segmento primário quanto na indústria, o balanço positivo decorreu da elevação de 7,68% nos preços, já que o volume produzido e abatido recuou 7,07%, refletindo ainda a estiagem de 2013, 2014 e em parte de 2015.

Do segundo semestre do ano passado para este, o câmbio tem ajudado a elevar a competitividade brasileira no mercado internacional – a média do primeiro trimestre foi de R$ 3,90, valor 36% maior que a do mesmo período de 2015. Apesar do resultado não muito satisfatório nas exportações de carne bovina em 2015, com queda de 11,9% no volume embarcado, o faturamento em reais subiu 13,8%.

O ano foi positivo pela liberação de exportação de carne in natura de 14 estados brasileiros aos Estados Unidos e pelo reinício dos embarques diretos para a China. Também foram suspensos os embargos da Arábia Saudita, Iraque, África do Sul e do Japão. A expectativa é de crescimento no volume exportado próximo de 12% com incremento na participação da China de US$ 1,3 bilhão, além do crescimento nos embarques de carne in natura aos Estados Unidos no segundo semestre.

A oferta de animais continua baixa, o que deve manter elevados os preços pagos ao produtor pela arroba. O Indicador Esalq/BM&FBovespa no primeiro trimestre de 2016 registrou aumentos consecutivos, com média de R$ 155,80 em março. Contratos futuros fechados em junho a R$ 165,92 prenunciam a manutenção desse movimento.

Foto: @valterjuniiior do Portal Pecuária Brasil

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