Minha sobrinha é melhor do que Helena Nader

Helena Nader é a nova presidente da SBCP, assumiu na última segunda-feira. A SBCP é a Sociedade Brasileira para a Conservação dos Paradigmas. A SBPC e outro ajuntamento de cientistas resolveram produzir um relatório com sobre a ciência do Código Florestal. O relatório ainda não está pronto, embora já haja um resumo. Eu não entendo como se pode resumir um relatório que não está pronto, mas quando se trata de Código Florestal tudo é possível.

O resumo do relatório inconcluso da D. Helena Nader é um adágio louvor à necessidade de preservar o meio ambiente. Os cientistas de SBCP passaram sete meses reunidos para demonstrar por a mais b que preservar zonas ripárias, a biodiversidade, as encostas íngremes é muito importante.

Tenho uma sobrinha de nove anos. Um dia desses, numa reunião familiar, ela me viu jogar no chão um papel de bombom. Ela catou o papel e veio me repreender. Ela me disse que aquilo era feio e que eu não podia fazer aquilo.


Minha sobrinha tem nove anos. Ela não precisa que a comunidade acadêmica reúna seus Ph.Ds para produzir um relatório que diga que preservar o meio ambiente é importante e necessário. Ela sabe disso.

Como futura geração a minha sobrinha precisa é que os cientistas se esmerem para dizer COMO conseguiremos fazer o que é necessário fazer.

Temos uma lei florestal com quase um século de existência e disfunção; uma lei que empurra o custo de recuperação e preservação de florestas ao setor privado descapitalizando o produtor e reduzindo sua capacidade investimento em novas tecnologias; uma lei que cria um antagonismo desnecessário e burro entre produzir e preservar. Mas uma lei em cuja magnanimidade todos, inclusive os cientistas da D. Helena Nader, crêem.

O resumo do relatório inconcluso da D. Helena Nader não diz nada sobre os conflitos de aplicação do Código Florestal. Não há uma palavra sobre o custo da recuperação do passivo ambiental, não há uma palavra sobre o efeito da recuperação desse passivo ambiental na área agrícola, não há uma palavra sobre o que fazer com as pequenas propriedades dentro das APPs cujos donos não poderão produzir nada. Os gênios de Dona Helena Nader produziram uma documento cheio de obviedade e vazio de soluções.

Isso nem é o pior do resumo do relatório inconcluso da D. Helena Nader. Como os cientistas trabalharam duramente para produzir um documento afirmando o que até a minha sobrinha já sabe, que preservar o meio ambiente é importante o zambientalistas viram aí uma oportunidade. O fato de o resumo do relatório inconcluso da D. Helena Nader não apontar solução ambiental alguma não incomodou o zambientalistas. Ambientalista não liga para solução ambiental. O fetiche dele é por problema ambiental. Eles não perderiam a chance.

Armaram um picadeiro em Brasília e convidaram toda a comunidade de crédulos, bem intencionados e gente do bem em geral. A idéia era expor o resumo do relatório inconcluso de D. Helena Nader e mostrar a todos que a ciência está do lado do zambientalistas contra os “ruralistas”. A idéia era lotar o maior auditório da Câmara com o evento. Como não apareceu muito gente, os ambientalistas, que não são bobos nem nada, trocaram o maior auditório por um menorzinho onde a população de crédulos que atendeu ao chamado passasse a impressão de ser uma turba.

Eu fui até lá assistir ao espetáculo. Para mim pareceu um circo. Tinha um picadeiro na frente onde se revezaram apresentadores como André Lima, do Ipam, Paulo Adário, do Greenpeace, Raul do Vale do ISA, todos sorridentes e felizes apresentando e ressaltando ao respeitável público as peculiaridades e a importância individual de grandes bestas exóticas. Circularam por lá, um após outro, para o deleite da platéia crédula, o rugido de cientistas do INPE, a imponência pesquisadores da ESALQ, o exotismo de acadêmicos da USP, a pureza de experts do INPA e a mediocridade de deputados do Maranhão.

Houve um momento em que parte da lona do circo desabou sobre a cabeça do palhaço, mas eu não consegui rir. Ver uma grupo de cientistas expostos num picadeiro feito bestas tirou o clima de riso. Para mim aquele espetáculo era deprimente.

Acho que vou perguntar para minha sobrinha o que ela acha do Código Florestal. Uma vez que os meninos da D. Helena Nader não podem achar soluções, talvez minha sobrinha possa.

Comentários

Luiz Prado disse…
Zambientalistas e circo são sinônimos! Eles nunca se perguntaram porque os rios brasileiros continuam se degradando e não dirão NA-DA quando o governo baixar o decreto de acordo com o qual não haverá mais necessidade de licença ambiental para as próprias obras do governo. Até porque vivem dependurados nas tetas do governo.
Renato Pacheco disse…
Em 1888 a Princesa Izabel aboliu a escravatura e meu Avô me contou que meu Bisavô dizia que esta medida iria fazer com que faltassem alimentos, e que os mesmos passariam a custar muito mais, gerando desabastecimento e fome no país e no mundo! Por causa dessa lei burra!


Em 1939 Getúlio Vargas instituiu as Leis trabalhistas e o Salário mínimo, ai minha mãe me contou que meu Avô disse que era o fim, agora o custo sim dos alimentos iriam disparar, e a mão de obra ficaria impraticável com estes absurdos proposto por esse maníaco! Que o desabastecimento e a fome iriam predominar no país e no mundo! “Por causa dessa lei burra!”.... Ele havia esquecido a profecia de meu Bisavô e caiu mesmo antagonismo.....

Hoje, depois das facticidades de meus ancestrais, não me arriscaria a tomar a mesma medida tomada por eles, e por muito menos, pois as medidas pretendidas pelos “Zambialistas” não afetam diretamente a mão de obra e seus custeios, o que poderia realmente afetar a produção e seus preços e isto não ocorreu.... Agora com uma medida que já deveria ter sido implantada a mais de 45 anos atrás, e que só trará benefícios e qualidade para a produção é que não vai afetar em nada mesmo custo e nem a produção.

Ao invés de atacarmos o Código Ambiental como forma de se produzir mais, por que não nos preocupamos em desenvolver novas tecnologias para aumentarmos nossa produtividade!
Bem! Agora vou voltar ao descobrimento do Brasil: Abril de 1500.
A maioria, por vício circunstancial, apega-se em relacionar a área como o principal fator pela condição “sine qua non” de se produzir alimentos. Posição equivocada pela nossa cultura, que acreditava que nela se plantando tudo dava, passou a utilizá-la de forma extensionista, à medida que a fertilidade natural acabava, abriam-se novas áreas, sem o devido cuidado de recuperá-la, ou seja, fomos mal educados para com o trato com a terra! Mas o que Pero Vaz de Caminha dizia era: “Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!”. Vejam bem onde estava à razão de se produzir nela!,...pelo fato de se ter muita água! E não de ter grandes extensões. O fato é que se não tomarmos o devido cuidado em manter no mínimo alguma área de preservação, não teremos água num futuro próximo, ...ai sim o custo dos alimentos terão que ficar mais caros, com o complexo manejo de se conseguir água, teremos muita terra, mas faltará água, sem dizer que com a destruição dos Biomas, as pragas aumentarão e a fertilidade natural extinguirá, ou seja mais despesas com pesticidas e adubação química, aumentando os custos e diminuindo a qualidade.
A proposta de mudança do Código é um desrespeito a quem cumpriu a lei, e um beneficio a quem a desrespeitou, ou seja, levou vantagem ao descumpri-la e agora se beneficiará novamente por não ser penalizado pelo crime que cometeu!
Poderão dizer: “mas não fui eu que cometi a falta já a encontrei assim!” Mas não se esqueçam o que a lei diz: “Art.44 da lei 4771/65, redação dada pela MP 2.166-67/2001”
Colega,

Sao agitadores profissionais como o Sr, com motivacoes nao transparentes, e pouca objetividade na contraposicao de fatos, que garantem que o clima de guerrilha destrutiva de ruralistas vs ambientalistas continue. Essa guerrilha tem somente prejudicado a causa, e enquanto continuar, a Nacao perde. Pode ser que um dos lados vença na queda de braço da opiniao publica. Mas o Pais perde, porque existe uma enorme oportunidade para sinergia entre os dois lados. A sociedade cientifica tem sim solucoes a oferecer, e nao tem medo de expor essas solucoes ao escrutinio e à critica. Como o debate tem carecido de objetividade, tornou-se importante submeter as solucoes a variadas analises, compreendendo todo o espectro de posicoes. Serah mto util contar com criticas ainda mais amplas quando o trabalho for exposto para a sociedade brevemente.
Sera muito bom que o Sr, ao invez de blogar atacando pessoas e ridicularizando o que ainda desconhece, oferecesse seu conhecimento e substancia para um debate nacional que precisa ocorrer.
Luiz Henrique disse…
Ciro, você percebeu como seu blog esta dando ibope, os caras o seguem.
Manda brasa companheiro!!!!!
Você começou a incomodar.
Ajuricaba disse…
Caro Donato Nobre,

Postei uma resposta ao seu comentário na forma de post http://www.codigoflorestal.com/2011/02/o-piti-do-cientista-morto.html