E se quatro fazendeiros e um rábula se juntassem em um jornal para falar sobre política industrial ou sobre a pitanga da Camila?

Não, caro, ecólatra urbano,
não é uma abobora-moranga.
É uma pitanga.
O debate sobre o Código Florestal tem coisas muitos curiosas. Por exemplo, a imprensa, em particular, e a opinião pública, em geral, costumam dar mais atenção às opiniões de atores de TV, empresários, diretores de cinema, rábulas verdes, o incrível Huck, o capitação américa e toda sorte de gente que não tem qualquer obrigação de cumprir o Código Florestal. Gente fazendo lobby em prol de uma lei pra outro cumprir.

A última foi uma reunião de quatro grandes empresários no jornal Valor Econômico. Os empresários e o Zé Eli da Veiga, um rábula da USP que usa a credencial de PhDeus para dar carteirada em jornalista, concederam uma longa entrevista ao Valor. O jornal decidiu publicar sem ouvir qualquer contraponto ou sequer questionar as afirmações dos doutos iluminados. Imagine se quatro fazendeiros e um PhD de juntassem num jornal para falar sobre política industrial ou a pitanga da Camila. Alguém daria trela?

Pois é. Mas no debate sobre o Código Florestal eles têm mais poder do que a Dona Almerita, ou do que a Dona Francisca Borges. É curioso. Você lembra delas, não lembra?

Pedro Luiz Passos, da Natura; Horácio Lafer Piva, da papeleira Klabin; Paulo Nigro, da Tetra Pak, e Roberto Oliveira de Lima, ex-presidente da Vivo, foram arrebanhados por Eli da Veiga, que é colunista do jornal Valor Econômico e mujahidin da guerra santa dos ecotalibãs contra a agricultura nacional. Imagine se o haveria espaço no mesmo jornal para fazendeiros falarem de política industrial? E se houve, que sentido faria? Mas empresários falando de lei que regulam o uso de imóveis rurais faz todo sentido, não faz?

Um dos empresários, Lafer Piva, citou Lênin, o tirano da revolução russa que assassinou justificadamente milhares de pessoas. Outro mais, Pedro Passos, sentado numa cadeira, disse filosofando: "acreditar que uma árvore cortada e transformada em cadeira vale mais do que uma árvore em pé é um erro fantástico". Outro ainda, Paulo Nigro, disse que o novo código florestal "deixou o Brasil na era medieval." Outro, Roberto Lima, disse que "é uma vergonha a gente ir para uma situação dessas. O texto que foi votado é terrível." Os empresários, cuja opinião o jornal Valor Econômico decidiu dar voz, sugeriram o veto do Executivo ao Código Florestal aprovado no Legislativo.

Mas quando perguntados pelo "jornalista" quais pontos a presidente Dilma deveria vetar. Lafer Piva, que citou Lênin, respondeu: "Quais pontos, não sei. Acho que é uma discussão técnica. Mas esta questão dos rios, por exemplo." O admirador de Lênin deve ter lido vários livros sobre a revolução russa, mas provavelmente nunca leu o Código Florestal.

Vendo seu rebanho de dóceis ovelhas em apuros nesse momento, José Eli da Veiga raspou a garganta e interveio. Tentou iluminar a escuridão teórica dos empresários do bem. "Só queria fazer uma observação", pontuou Veiga, "a presidente não estará vetando o Código Florestal, mas um relatório, muito específico, que olha para o retrovisor". Entenderam? Ele não se ocupou de responder a pergunta. Se ocupou de afirmar, para um platéia que nunca leu o texto, que o mesmo é apocalíptico. Humm!! Exclamaram todos, felizes por estarem certos.

A turma disse mais um outro monte de lugares comum sobre coisas que conhecem apenas de forma genérica. Por exemplo, Roberto de Lima disse que "o Brasil tem uma vocação de turismo fantástica". Não é lindo? Está certo ele. Logo em seguida ele mesmo emendou com a pérola: "Hoje, todo mundo vai para o Atacama, mas não vejo ninguém indo a Belterra". Como ninguém sabe onde diabos fica Belterra, o jornalista botou um legenda explicando que Belterra é a antiga "Fordlândia". Errou. Belterra e Fordlandia são duas localidades relacionas mas diferentes. O encontro do Valor foi uma confraria de gente que não tinha a menor ideia sobre o que falava.

O duro é saber que eles têm mais voz do que quem vive no campo.

Lembre quem é a Dona Francisca que nunca deve a chance de quebrar qualquer protocolo e pedir ajuda da presidente Dilma:


Lembre quem é a Dona Almerita Francisca com quem Camila Pitanga jamais conversou:


Comentários

Braso disse…
Como me recuso a acreditar que a presidente Dilma é pouco inteligente, ela vai decidir o que é melhor para o Brasil.
jerson disse…
o dia que a pitanga caiu do pé, ela já estava passada, se vc. ouvir a voz dela na propaganda
do feirão da caixa, vc, pode
notar por fóra bela viola, por dentro pão bolorento, o que ela proferiu na presença da dilma
foi financiado por ongs, ela
se vendeu, é garota propaganda
militonta. já não gostava dela, achava ela arrogante, agora piorou, mudo de canal quando ela aparece.