O Artigo Primeiro tem que cair

Caros, o Diário Oficial de hoje trás o texto no Novo Código Florestal brasileiro sancionado com os vetos e a Medida Provisória que tenta tapar as lacunas deixadas por eles. Mas não apenas isso. O Diário trás também as justificativas da Presidência da Republica para cada um dos vetos feitos no texto aprovado pelo Legislativo. Isso significa que o Presidente do Senado, que ocupa também a presidência do Congresso, já pode convocar a sessão do Congresso Nacional para a apreciação dos vetos feitos pelo Executivo.

ALGUNS VETOS TERÃO QUE SER DERRUBADOS. O veto ao Artigo Primeiro terá que ser derrubado. O Governo vetou o texto do artigo primeiro do Relatório Rebelo e substituiu através da Medida Provisória publicada hoje o texto do Senado que foi escrito pelas ONGs. O texto do Senado é inconstitucional uma vez que dá diretrizes de caráter geral à lei, o que é ilegal.

De acordo com o Planalto o Artigo primeiro foi vetado porque "não indicava com precisão os parâmetros que norteiam a interpretação e a aplicação da lei." Ocorre que tudo o que não há no texto enviado via MP para substituir o Artigo Primeiro é precisão. O artigo tem caráter geral e pões a produção agropecuária como função secundária do imóvel rural. Pelo texto da MP a função principal dos imóveis rurais é preservar mato e não produzir alimentos. Da forma como está o texto será interpretados por promotores públicos e juízes dando importância superior a preservação de florestas do que à produção agropecuária.

O veto do $3º do Artigo 4º joga na ilegalidade toda a produção de arroz em várzea feita há séculos no Rio Grande do Sul, por exemplo. Todos os sistemas de cultivos implantados com a sistematização de várzeas, muitos dos quais feitos com o incentivo do próprio Estado brasileiro com o Provárzea, foram simplesmente atirado aos leões.

São apenas dois exemplos que expõem a necessidade da convocação da seção do Congresso para apreciação dos vetos e da mobilização dos produtores rurais e deputados ligados ao setor para a derrubada desses e de outros vetos feitos pelo Executivo.

José Sarney. Esse o nome do homem em quem se deve centrar todas as pressões políticas para a convocação da seção de apreciação dos vetos. Ele não tem prazo para fazê-lo e não sofrerá nenhuma punição se não o fizer. É controlando a atitude do Presidente do Congresso que o Governo tem evitado a apreciação de todos dos vetos que fez até agora em matérias deliberadas pelo Legislativo.

Se Sarneyzão não se mover, os produtores rurais serão mais um vez derrotados.

Comentários

jerson disse…
trocaram alhos por bugalhos, como estava no codigo falecido e neste
sancionado, não da aconstitucionalidae e nem segurança juridica ao agricultor, sem falar dos que usam as encostas para produzir que estão na ilegalidade, ao meu ver do jeito que esta vai ficar para as cabeças de juizes e promotores decidirem e ferrarem quem produz neste pais porque não esta claro o que pode e não pode, virou outra colcha de retalhos.
Jovino disse…
Caro Ciro,
precisamos ter muito cuidado para não cair nas armadilhas que o governo instalou nesta lei. Derrubar somente o veto ao art. 1º é muito pouco, embora seja fundamental.
As derrotas impostas aos produtores rurais de nossa nação foram muitas! A disciplina das APPs e Reservas Legais ficou muito complexa e aberta, dependendo sempre da interpretação dos gestores públicos, que estarão à frente dos órgãos ambientais. Isto aumenta muito o poder do Executivo de fazer o que quiser com o produtor e com seu direito de propriedade. A ideia de área consolidada - situação que envolve a esmagadora maioria dos produtores rurais hoje - foi praticamente abolida por meio de subterfúgios e pequenos detalhes que fazem toda a diferença: ao mesmo tempo que permite a continuidade das atividades agrossilvipastoris, determina faixas mínimas de recomposição das APPs com o efeito prático de anular o uso das sobreditas áreas. Embora o governo diga que cuidou de proteger o pequeno produtor rural, este é exatamente o mais atingido por tais regras (prova disso é que o governo precisou inserir na MP uma cláusula limitativa no art. 61-B). É bem verdade que algumas regras já saíram do Congresso assim, mas, aliadas aos vetos e às alterações introduzidas pelo governo, passaram a representar uma concentração do poder do Estado, o qual passa a ter o direito de vida ou morte sobre a produção nacional. Do ponto de vista da democracia, por fim, o que a Dilma fez foi passar o rolo compressor sobre o parlamento, reduzindo o Congresso Nacional a um órgão meramente opinativo. Não me recordo de ter visto algo assim, mesmo em momentos cruciais de nossa história recente. Penso que atravessamos um dos piores momentos da história desse país e precisamos a isso reagir.
Uma boa estratégia me parece ser enfatizar esse desequilíbrio entre os poderes, que deveriam ser "independentes e harmônicos entre si" (art. 2º, CF/88), além de pressionar o Presidente do Congresso Nacional, como você tão bem enfatizou. Precisamos lutar para que o Congresso derrube todos os vetos impostos pelo Executivo.
Abraço!
Carlos A. A. disse…
Gostaria de saber se os pequenos e médios produtores estão obrigados a Reserva Legal com o veto. Se for assim é o fim de muitos agricultores. Perder terras e ainda pagar projeto, preparo de terra, plantio, cuidados pós plantio, e mais mudas de 60 a 70 espécies por ha, sendo que essas mudas vão se infracionar muito pela demanda e dificuldade de encontra-las. Uma sujestão é de colocar no blog e na mídia em geral o preço que fica hoje para 1 ha de reflorestamento para que os desinformados tomem conhecimento da dura realidade. Mesmo que isso for parcelado quanto vai ficar essa conta por ano pela perda de terras e inserção de matas.
jerson disse…
seguindo no meu pensamento e o que o amigo jovino escreveu, veja o exemplo, nas faixas dos reservatório, o que ela diz, que as concessões para os reservatórios de água para abastecimento público, autorizados antes da medida provisória 2166 / 67 de agosto de 2001 as faixas para área rural
consolidada fica entre a cota de operação maxima normal e a maxima maximorum e ai, é de 15 a 100 metros acima da média, é dentro da média, ou é a faixa entre as duas cotas, sendo ésta última a mais plausivel, mas o que pensara um técnico, um promotor ou um juiz . ficaria mais facil escrever o feijão com arroz, pão é pão queijo é queijo, e não complicar.
Carlos A. A. disse…
Gostaria que vc Ciro, que tem o dom da escrita, esclarecesse ao internauta, que muitas vezes não entende que a produção certos grãos não são viaveis a produtores com poucas terras. Sabemos que o alimento barato que produzimos hoje é devido as grandes colheitadeiras, tratores, tecnologia, irrigação, genética das sementes, etc e se precisa para isso grandes extenções de terra e em locais com indices pluviometricos mais ideais. Certos produtores médios e pequenos acharam seu espaço econômico produzindo hortaliças, legumes, frutas em geral em pequenos espaços de terra, muitas vezes nas margens + férteis de rios. Esse pessoal vive dizendo por ai que em qualquer terra dá pra produzir alimentos e agora vendo essas reportagem que é possivel colocar + cabeças de gado no mesmo espaço, produzir + alimentos por ha, etc não entendem que nem todos os produtores estão na localização correta e não possuem recursos financeiros e tecnológicos para isso.
Só de você não ter gostado dos vetos isso ja significa que eles foram bons.
Entro aqui apenas para ver os absurdos q vc escreve. Se dependesse de vc não ficava uma árvore de pé.
e1000 disse…
Caminhamos para uma venezuelizacao mesmo.. numa atitude inconstitucional, violando o artigo 62 da CF, a "presidenta" impoe Medida Provisoria, sobre materia votada pelo Congresso Nacional, numa afronta ao cidadaos brasileiros que confiam na democracia para eleger seus representantes,quando a Inquilina do Palacio do Planalto, resolve legislar por canetada subjulgando-se ou escondendo-se atras de um abaixo assinado de 3 milhoes de alienados influenciados por ambientalistas radicais ,que correspondem a pouco mais de 1 % da populacao brasileira. Os vetos sao inconstitucionais e tem q ser derrubados. Mata ciliar de 5, 10 ou 30 m e' uma jaboticaba cientifica que so existe no Brasil, e nao pode have retroacao de lei. O que foi feito no passado, qdo nem existia legislacao ambiental, tem q ser mantido como esta'.
Braso disse…
Minha opinião é que estamos em melhores condições do que no finado código, o jogo agora esta nas mãos dos nossos representantes políticos e espero que por interesses eleitoreiros eles não tentem prorrogar as discussões até as próximas eleições para deputados e senadores, vetos inteligentes e coerentes é o que esperamos como agricultores, então vamos rezar e lutar.