O jornal Falha de São Paulo informa hoje que o Ibama está prestes a entrar em colapso por conta da aposentadoria de integrantes das primeiras levas de fiscais. Os "barrigudinhos", como são chamados pelos colegas mais jovens, são maioria nas equipes que atuam neste momento na Amazônia. Segundo a Falha, a lenta reposição dos quadros da fiscalização de campo será incapaz de compensar a grande debandada prevista para os próximos três anos.
Muitos de queixam das condições de trabalho e do valor das diárias, fixo para qualquer região do país. Também não há adicional de periculosidade, pois o risco é considerado inerente à atividade.
"Hoje não há diferença entre um fiscal que trabalha na Amazônia e um que atua em outro bioma, numa condição menos pior ou num escritório", choramingou à Falha o analista ambiental Evandro Carlos Selva, chefe da unidade técnica de Juína, em Mato Grosso. Metade de sua equipe de Selva (com trocadilho) deve deixar o Ibama.
A diária que os fiscais recebem é de R$ 170,60. O salário de fim de carreira para trabalhadores de nível médio (80% dos fiscais que vão a campo) é de cerca de R$ 5.000 líquidos. O analista ambiental, de nível superior, recebe R$ 8.000 líquidos com dez anos de serviço.
Muitos fiscais reclamaram ao jornalista da Falha de São Paulo do receito de ações violentas em resposta às atividades do Ibama em campo. Neste ano, por exemplo, foram registrados ataques a carros e prédios do Ibama em Mato Grosso, Amazonas e no Pará.
No dia 7 de novembro, uma caminhonete de fiscalização foi incendiada na avenida principal do distrito de Guariba, em Colniza. O veículo estava a serviço de um grupo de agentes de Goiás, que se viu cercado por moradores.
"Foi uma situação tensa. Quando telefonei para casa, minha filha caiu no choro e pediu para que eu voltasse para casa naquele dia mesmo", afirma o agente Odir Adelino Batista, 56, que dirigia o veículo.
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Segundo a reportagem da Falha, o Ibama calcula que deverá perder cerca de 1.300 dos 3.370 servidores dos quais dispões hoje em razão de aposentadorias até 2022. Quase metade dos servidores que estão portariados para atividades de fiscalização tem mais de 50 anos. A estimativa do órgão é que cerca de 15% dos 950 agentes ambientais têm condições para se aposentar.
Robôs
O coordenador-geral de Fiscalização Ambiental do Ibama, Renê Luiz de Oliveira, disse à Falha que o órgão pretende investir na fiscalização via satélite e na pressão sobre frigoríficos e traders. "Será preciso investir em novas formas de atuação, como as ações de fiscalização remota", disse ele.
Para quem não sabe, fiscalização remota é feita com algorítimos de computador que cruzam informações de satélite sem sair do escritório, são dos chamados "bots", ou robôs de internet. O Ibama e o Ministério Público Federal já desenvolveram bots capazes de gerar autuações, multas e processos judiciais com base em laudos inconclusivos.
Outro caminho, segundo Oliveira, é a atuação nos elos da cadeia produtiva da carne e da madeira, por exemplo. "A investigação dos grandes compradores e financiadores, como frigoríficos e bancos, têm se mostrado eficaz para a redução dos delitos ambientais", diz.
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Veja aqui a íntegra da matéria do jornal Falha de São Paulo: Aposentadoria de veteranos pode deixar Ibama órfão de fiscalização
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