Ninguém plantará florestas nativas no Brasil

Lucero, Scaramuzza e Lentini: Não sei como será, mas acho que tem que ser.
O governo Temer seguindo seu Ministro desvairado do ½ Ambiente, Sarneyzinho Filho, publicou um decreto com o objetivo de restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas nativas até 2030. A meta é parte do compromisso assumido no Acordo de Paris, em 2015. O decreto 8.972 criou a Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa, a Proveg. O que os ambientalistas de ½ ambiente não sabem é que ninguém plantará florestas no Brasil.

Reflorestar 12 milhões de hectares equivale a plantar florestas sem valor em metade da área do Estado de São Paulo em 13 anos. Para se ter ideia, nos últimos quinhentos anos o Brasil plantou 8 milhões de hectares de florestas em nonocultivo de pinus, eucalipto e o paricá da Amazônia. Os ambientalistas querem nativas.

Este blogger já fez um cálculo grosseiro do custo envolvido no acordo do Paris. Relembro no post Cortesia com o chapéu alheio

Os ecobocós acreditam que esses 12 milhões de hectares de reflorestamento virão da obrigação do Código Florestal. Na cabeça turva deles, os proprietários com deficit de vegetação nativa nos imóveis precisarão reflorestar suas áreas de proteção permanente (APP) e reservas legais (RL).

O Secretário de Mudanças Climátivas do Ministério do ½ Ambiente, Everton Lucero, acha que dar crédito é parte da solução. "É preciso uma política para dar acesso a crédito e a técnicas de recomposição vegetal, que sejam eficientes e tenham menor custo", diz Lucero.

Este blogger acha que Lucero é um bobalhão. Crédito não cria mercado. Crédito, em certas circunstâncias, alavanca atividades para as quais o mercado já existe. Não existe mercado para florestas nativas no Brasil. Também não existe recursos para crédito nesse cenário de crise fiscal. Os próximos 13 anos serão anos de magros, mas ainda que houvesse recursos para financiar reflorestamento com nativas, não haveria demanda por esse recurso.

O agrônomo Rodrigo Junqueira, coordenador do Programa Xingu no Instituto Socioambiental (ISA), outro bobalhão, acrescenta mais um nível de dificuldade ao processo. "O grande desafio que está colocado é como a gente produz florestas nativas diversas. O que está em discussão é a restauração ecológica, não apenas florestal", diz ele. Junqueira quer que o produtor rural esqueça as culturas econômicas e potencialmente rentáveis como pinus, eucalipto ou paricá e se jogue dinheiro literalmente no mato plantando florestas nativas.

Junqueira alerta que o Brasil não está preparado para chegar perto desta meta. "Não temos estruturas governamentais e de estímulo à produção de mudas e sementes, a base para promover um processo de restauração florestal", disse ele ao Valor Econômico.

Nesse ponto eu meio que concordo com ele. Nós não temos nem ambientalistas capazes de entender o desafio, quanto mais estruturas governamentais preparadas.

Até o fim de julho, a comissão criada na Proveg tem que elaborar oficialmente um plano que diga como se chegará à meta dos 12 milhões de hectares. Esse blogger gostaria de ver o malabarismo retórico das discussões no âmbito dessa comissão. Aliás, o nome da comissão já é um prenúncio: Conaveg.

"Não sabemos ainda se vai decolar. Temos que dar um passo adiante na implementação em larga escala", diz Marco Lentini, do WWF. Eu sei que não vai. Ninguém vai plantar florestas nativas no Brasil de forma lucrativa a não ser em situações muito específicas.

Já expliquei isso aqui no post: Reserva Legal: Recuperar no imóvel, ou compensar em outra área? Qual é a melhor opção?

Com informações do Jornal Valor Econômico (íntegra original) e foto de

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