Código Florestal: Cientistas vão ao Senado defender a preservação de um paradigma

Samuel Wilberforce: Lutou
ferrenhamente contra a
revolução científica de
Chales Darwin. Estava errado,
mas influenciou parte dos
cientistas do seu tempo.
Cientistas da Sociedade Brasileira para a Conservação dos Paradigmas (SBCP), da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e da Embrapa foram ouvidos hoje (5) pelas Comissões do Senado que apreciam o Código Florestal.

Para o professor Antônio Aleixo, da SBCP, com quem este blogger já teve a oportunidade de debater o assunto, chegou o momento de um acordo que não prejudique a expansão agrícola do país nem, tampouco, a preservação dos biomas brasileiros. “Não adianta para o país uma solução em que uma parte vai ganhar. Chegou a hora de um acordo”.

O representante da Embrapa, Celso Manzato, professou a fé de que não há conflito entre a preservação das APPs e a necessidade de crescimento da produção agrícola no país. Ele defende que a preservação das matas em propriedades privadas assegura o desenvolvimento sustentável da própria agricultura. “A preservação dessas áreas contribui para a polinização das plantas e o controle de pragas”. Manzato só não explicou porque países que não tem reserva legal continuam produzindo.

Já o pesquisador da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Elíbio Rech Filho, propôs aos senadores que seja montada uma “força-tarefa” de cientistas com o objetivo de fornecer, em seis meses, as informações necessárias ao processo de reforma do Código Florestal. Para ele, não faz sentido pensar em uma proposta que exclua dos debates as pessoas que vivem no campo, sejam agricultores de larga escala ou que dependem da terra para sobreviver. Pois foi justamente isso que fundamentalismo ambiental não quer fazer.

A presidente da SBCP, Helena Nader, mentiu ao tentar desvincular o GT do Código Florestal, montado pela SBCP, do fundamentalismo ambiental e das ONGs. Nader disse que o estudo foi elaborado por um grupo independente, sem qualquer vinculação com movimentos ambientalistas. É mentira. Quem acompanha o blogg sabe que na primeira reunião do GT participaram vários ambientalistas de ONGs e do governo, sem nenhuma vinculação com as academias. O objetivo da criação do GT foi político e não técnico.

Segundo Nader, as academias reuniram pesquisadores das diversas áreas envolvidas na elaboração do novo Código. Também é mentira. O grupo de trabalho foi composto por pesquisadores ligados a pesquisas sobre conservação ambiental. Nenhum economista, ou pesquisador ligado à produção rural foi incluído no GT.

Outra mentira lançada pelos cientistas na audiência pública foi dita pelo Prof. Antônio Aleixo. Segundo ele os cientistas não foram convidados a participar dos debates na Câmara. É mentira. A SBCP foi convidada a expor suas opiniões na Comissão Especial, mas não compareceu ao debate. A decisão de não comparecer foi deliberada e teve o objetivo de tentar tirar a legitimidade do texto do Aldo Rebelo.

As mentiras dos cientistas foram contestadas pela Senadora Katia Abreu que questionou a isenção do grupo e afirmou que os resultados do estudo não representam consenso dentro da comunidade científica. Os senadores refutaram também a sugestão feita pelos cientistas de adiar a decisão sobre o Código Florestal. Segundo eles o produtor rural não tem mais como esperar.

Minha opinião é a de que nossas academias de ciência estão fazendo um papel ridículo. Estão cegos pelo paradigma atual sobre o Código Florestal e se esforçando para defender o paradigma e para não enxergar as fissuras que há nele. Os conflitos de aplicação da lei, a falta de informação sobre custos de recuperação das RLs, os produtores rurais perseguidos por não conseguir se adequarem a ela, 90% dos produtores rurais inviabilizados, 410 votos contro 63, são exemplos da forma como as fissuras no paradigma do Código Florestal estão se expondo.

Vários dos cientistas ouvidos hoje no Senado disseram que "é possível preservar o meio ambiente e expandir a produção agrícola". Isso é uma evidência de que eles estão cegos pelo paradigma vigente. O atual processo de reforma do Código Florestal nada tem a ver com necessidade de expansão da fronteira agrícola. É uma questão de preservação de áreas agrícolas, de não permitir que áreas agrícolas sejam destruídas para recuperação de RLs. Já escrevi sobre isso no Estadão (O que há de errado com o Código Florestal).

As academias estão se deixando manipular pelo ambientalismo fundamentalistas e pararam de fazer ciência em nome da defesa do paradigma. É, no fundo, uma vergonha científica.

Comentários

Luiz Prado disse…
Recentemente, dei a esses cientistas o título que realmente merecem em função de seu comportamento: "putas da ciência".